Oyá, Senhora do Entardecer 
Arte em Silêncio - Maçonaria e seus Obreiros
Arte em Silêncio - Maçonaria e seus Obreiros

 

Símbolo que representa a Maçonaria

 

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O Compasso é um instrumento de desenho que faz arcos de circunferência e também serve para tomar e transferir medidas. É o símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. O símbolo mais básico alcançado pelo compasso é o círculo com um ponto no centro, símbolo do Sol.

Esquadro, compasso e letra G da simbologia Maçónica. Sendo o compasso móvel e o esquadro estático, dá-se aí mais uma dualidade passiva e ativa entre dos símbolos, bastante presente na simbologia maçônica. Juntos formam o símbolo mais característico da maçonaria. Representam que a ordem é pautada pela filosofia sobre os itens dos pedreiros e antigos construtores. É o símbolo de mais fácil reconhecimento usado em joias, construções e nos mais diversos modos. Nenhuma loja funciona sem o Esquadro e Compasso amostra sobre o Livro da Lei aberto. Por isso é um símbolo tão emblemático da maçonaria. Individualmente têm também seus significados.

O Esquadro e o Compasso simbolizam também a materialidade do homem e sua espiritualidade. Quando juntos e na sua apresentação básica e a depender de como se arrumam indica em qual grau a Loja está trabalhando. Na Loja de Aprendiz o esquadro fica sobre o compasso, na de Companheiro se entrecruzam e na Mestre o compasso fica sobre o esquadro. Isto expressa a sobreposição do espírito sobre a matéria. Ideia platônica presente na maçonaria.

 

A Maçonaria (trabalho do pedreiro) é uma sociedade masculina com lojas espalhadas por todos mundo. Suas atividades giram em torno da crença em uma Deidade da solidariedade entre seus membros de probidade na vida profissional e privada e obras de caridade. Ela se originou das guildas medievais de pedreiros que criaram os edifícios mais importante da época, as catedrais. Os Maçons profissionais se viam como trabalhadores de Deus e descendentes de Hiram, Rei de Tiro, considerado Mestre e Construtor do Templo de Salomão em Jerusalém.

As raízes mais recentes da Maçonaria estão na Grã-Bretanha do século XVII. Na Maçonaria, assim como na Alquimia, o verdadeiro trabalho não é físico e sim espiritual: transformar a pedra bruta da Alma em blocos de pedra polida para construir em si mesmo o templo perfeito do espírito, assim como os Maçons da antiguidade construíram o Templo do Senhor. Construir esse Templo é a metáfora central da Maçonaria.

Suas ferramentas para o trabalho de pedra, como esquadro e compasso são símbolos importantes da sociedade, os quais indicam à vida vivida de forma correta, com discernimento e juízo, ou seja, agir corretamente. Outras ferramentas importantes são o martelo e espátula com a finalidade de transformar a pedra bruta da alma no bloco polido que pode fazer parte do Novo Templo. A espada representa a verdade e a régua, a medida precisa. Entre as outras ferramentas estão o triângulo e o gabarito

Os Maçons percorrem três estágios de ingresso como aprendiz até o estatuto de mestre. As iniciações de cada etapa são realizadas em rituais simbólicos, mantidos em segredo tanto do mundo externo quanto dos membros dos estágios inferiores. A primeira loja Maçônica das Américas foi fundada em 1733, nos Estados Unidos. George Washington era maçom, a Benjamim Franklin o que gerou especulações sobre a extensão da maçonaria e sua influência na fundação dos Estados Unidos. Alguns símbolos adotados por novos republicanos eram muito familiares nos Maçons.

No Brasil, associações criadas no final do século XIX e início do XX, em contextos e locais diferentes, baseadas num conjunto de símbolos e ritos e num ideário geral de caráter universalista e humanista, em defesa da ideia de progresso e de aperfeiçoamento gradual da humanidade. Eram instituições reservadas ou secretas, que praticavam ajuda mútua e filantropia, com tendências políticas variadas e antagônicas. Organizaram-se a partir de hierarquias próprias, estabeleceram vínculos, enfrentaram conflitos ou isolaram-se entre si. Subsistiram até o fim da Primeira República.

Entre os 12 presidentes da Primeira República, oito foram maçons: Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Venceslau Brás e Washington Luís. A filiação do marechal Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, é polêmica entre os próprios maçons. Deodoro e Nilo Peçanha chegaram ao posto de grão-mestre do GOB.

O primeiro ministério do Governo Provisório era todo composto de maçons: Rui Barbosa (Fazenda), Quintino Bocaiúva (Transportes), Demétrio Ribeiro (Agricultura), Aristides Lobo (Interior), Benjamin Constant (Guerra), Campos Sales (Justiça) e Eduardo Wandenkolk (Marinha). A implantação de um Estado laico, separado da Igreja Católica, efetivada pela Constituição de 1891, era uma antiga reivindicação maçônica.  A presença de maçons foi expressiva nos cargos executivos estaduais. O exemplo mais nítido é o de São Paulo onde, dos 17 governantes na Primeira República, 13 foram maçons. O número de membros da maçonaria nos poderes Executivo e Legislativo mostrou-se significativo no país durante todo o período, das esferas municipais à federal. Outro Maçom que dirigiu nosso país foi o Presidente Michel Temer.

Esta introdução tem a finalidade de relatar, a autenticidade dos obreiros da Maçonaria no Túmulo dos que Morreram Ignorados, erigido no Quadro Antigo do Cemitério da Santa Casa de Pelotas como: estilo da arquitetura e  ornamentos decorativos, no século XX, na década de 1922. Este foi o tema por mim escolhido como Trabalho de Conclusão de Curso em 2017, no Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis/UFPel. 

A escolha do tema se reporta ao século passado, a aristocracia pelotense, onde estavam inseridos os obreiros Maçons, os quais colaboravam, com a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas/RS, com o objetivo de evidenciar a filantropia. Esta ajuda filantrópica beneficiava aos necessitados, sem condições de tratamento médico e cuidados hospitalares, dos quais, muitos foram a óbito, ignorados.

A denominação cemitério compreende “a última morada”, um espaço geográfico, dividido por áreas, cada área com suas quadras, suas avenidas, suas ruas e seus números de identificação. Tal como nas casas dos vivos, a arquitetura tumular possui telhados, janelas, jardins e gradil para segurança. Os ornamentos lembram bibelôs, as esculturas lembram pessoas. É a arte do silêncio. O cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas não é apenas um local onde se armazenam corpos ou ossuários, pois cada pessoa ali enterrada ofertou sua contribuição para a sociedade, desde o mais humilde até a alta elite.

Os cemitérios são fontes inesgotáveis de informações para àqueles que desejam dedicar-se à pesquisa: história, arte, arquitetura, geografia, tipologias tumulares, símbolos, alegorias, estatuárias, lápides, etnias, epitáfios, cultos religiosos, memória. O historiador Harry Rodrigues Bellomo em seu livro Cemitérios do Rio Grande do Sul: Arte, Sociedade e Ideologia (2008) elencam inúmeras possibilidades de conhecimento ofertadas pelas necrópoles. Conclui-se que o cemitério é patrimônio cultural, formado pelo patrimônio material, (a arquitetura e a arte tumular) e pelo patrimônio imaterial (o culto e a memória), que representam o sagrado, o passado, os antepassados, os valores, as tradições, o modo de viver, os conflitos sociais, políticos, culturais e econômicos.

O conhecimento adquirido no desenvolvimento da pesquisa sobre a Maçonaria despertou, um questionamento: Qual a ligação da Maçonaria com a Instituição Santa Casa de Misericórdia de Pelotas que motivou a presença de símbolos Maçônicos no Monumento aos que Morreram Ignorados? A busca para a resposta prosseguiu, através de uma pesquisa documental em Jornais da época, contato com Maçons e funcionários mais antigos da Instituição, sem obter sucesso.

Aos 10 dias do mês de novembro do ano em curso encontrou-se no Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IGHPEL), no Caderno da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas sob o registro A-116,  uma entrevista ao Diário da Manhã em 15 jun. de 2007, pelo Presidente da Loja Maçônica Fraternidade nº3, Claudionor Vargas Nascimento, a possível resposta ao questionamento, a seguir transcrita:

“Uma sessão da Loja Maçônica Fraternidade nº 3, homenageou a passagem dos 160 anos de atividade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Foram lembrados diversos Maçons que desde a criação do Hospital a ele dedicavam seu tempo profissional. Sobre os vínculos da Maçonaria com a Instituição disse não ser difícil reconhecer a íntima relação entre a Fundação da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e a ordem Maçônica [...]. [...] De uma forma discreta pode-se notar que, a Maçonaria através de seus obreiros estava presente nas ações realizadas para a implantação de tão significativa Instituição. Basta acompanhar toda a trajetória de sua história e constatar nos detalhes de obras existentes da Santa Casa, as marcas e mensagens que de forma indelével são representadas pelos símbolos lá deixados, afirma. Presidente da Loja nº 3 – NASCIMENTO, Claudionor Vargas.”

Esta entrevista corroborou, com a ideia de que, os símbolos do Monumento aos que Morreram Ignorados foram projetados, por obreiros da Maçonaria e ligados ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.

 

Signos e símbolos

Os símbolos acompanham o homem desde a antiguidade e nos mostra que, tudo pode assumir uma significação simbólica através de objetos naturais, os fabricados e até mesmo as formas abstratas, uma forma de expressão, na religião ou na arte. É uma propensão natural das civilizações e denota o comportamento de uma época e determinada sociedade que usava suas faculdades intelectuais, sensação (percepção sensorial), pensamento (identificação), intuição (caminho a percorrer) e sentimento (agradável ou não), para adaptarem-se as circunstâncias do cotidiano. Levando-se em consideração estes fatos é possível apreender as preocupações físicas, sociais e espirituais de nossos ancestrais.

Acredita-se que, os símbolos com seu potencial de identificação constituem um  universo complexo, aparentemente infinito, pois é enorme a variedade entre formas e discurso dificultando sua classificação, pois cada símbolo possui uma qualidade intrínseca. Eles determinam uma ação, uma ordem, um poder, uma filosofia, uma crença, um movimento, a direção a ser tomada, aludem  a conceitos  mais  profundos, difíceis de traduzir em palavras, insinuam aquilo que os olhos não veem, como aspirações, desejos, medos e outros conceitos insondáveis, como divindade, alma, fé, mortalidade, inocência, beleza, pureza e transcendência.

As religiões e sociedades secretas desenvolveram símbolos que servem como iniciação, ou seja, através do autoconhecimento e da fé o homem será capaz de ir ao encontro de sua essência e preparar-se para cumprir sua jornada em sintonia com o grande universo.

 

Metodologia de análise da simbologia do Monumento.

O objeto de estudo será analisado e interpretado através da Iconografia e Iconologia pelo método de Erwin Panofsk.          Este método é dividido em três etapas, nas quais é necessário intervir a experiência prática como a sensibilidade do indivíduo, bem como, sua familiaridade com os símbolos a serem analisados, pois símbolos são representações culturais de uma sociedade em determinada época.

De acordo com (Panofsky, pág. 50) “a primeira fase é o tema primário ou natural, subdividido em fatual e expressional, fatos e expressões. São identificadas as formas com os motivos artísticos, uma descrição pré-iconográfica”.  De acordo com (Panofsky, 2009, pág. 51) “a segunda fase é o tema secundário ou convencional, a iconografia que identificará os motivos, as imagens, a história e todo este conhecimento provém de fontes literárias e familiarização com o tema”.  De acordo com (Panofsky, 209 págs. 52) “a terceira fase é o significado intrínseco ou conteúdo, a iconologia, que é a descoberta e interpretação dos valores simbólicos da obra analisada”. A terceira abordagem é denominada de Iconologia. Esse termo deve ser adotado quando a obra é entendida como um documento que evidencia a personalidade do artista ou de uma civilização e seu conteúdo pode revelar um período, uma classe social, uma crença religiosa ou filosófica.

Conclui-se que, para analisar uma imagem como fonte histórica é indispensável desenvolver dois processos: A análise iconográfica que mostra a realidade perceptível do objeto com a descrição de seus elementos e a análise iconológica que interpreta a realidade da intenção do objeto. É de fundamental importância a conscientização de que, ao analisar uma imagem é necessário respeitar dois aspectos fundamentais: o que levou o artista a produzir, sua percepção, sensações, emoções, sentimentos, o contexto social, político e religioso da época, bem como, a percepção de quem vê a obra pronta, sem ter vivenciado o contexto cultural ou histórico da sociedade

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Os Obreiros Maçons e suas obras

 

PERES, Shayda Cazaubon - Designer

  

Monumento aos que Morreram Ignorados. Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas/RS

 

Observa-se no monumento a presença do arco neogótico e de pilastras de capitel coríntio, elementos de períodos diferentes da história da arte, desta forma, conclui-se uma tendência ao ecletismo. Acredita-se que, de acordo com os materiais de construção da época seja de alvenaria, com tijolo cozido em forma de paralelepípedo retangular, cimento, areia, ferro para vigas de concreto e madeira para formar o arco. Observa-se no monumento o uso do mármore em duas tonalidades, aparentemente de boa qualidade, material muito usado na arte funerária e que normalmente era escolhida por catálogos provenientes de marmorarias da Europa ou de outras cidades brasileiras, a qual simbolizava o poder aquisitivo do cidadão. O uso do mármore na arquitetura deve-se, a força simbólica e espiritual do material, pois o mármore acompanha a humanidade, desde a antiguidade e assim, pode desempenhar o papel de parâmetro do conhecimento revelando os níveis de desenvolvimento técnico do homem ao longo dos tempos.

 

 

Observamos nos capitéis das pilastras as folhagens do capitel coríntio (acantos) e as volutas do capitel jônico. As pilastras no monumento atuam como colunas. As colunas representam a totalidade da vida de uma pessoa. Simbolizam solidez, força, ligação entre a terra e o céu. Na maçonaria: [...] A Coluna simboliza limites, pois possui um eixo ou centro. As Três Colunas, das três ordens arquitetônicas gregas (Dórica, Jônica e Coríntia) são as que, simbolicamente, sustentam a Loja de Aprendiz(...). Na lateral das pilastras encontramos ornamentos. São dois triângulos isósceles, um com a ponta para cima e o outro com a ponta para baixo. Entre eles há uma abertura vazada e dentro dela um adorno floral.

 

 

A simbologia dos dois triângulos isósceles, um para cima e outro para baixo, pode ser relacionada com o espírito e a matéria. Uma cavidade com uma rosa esculpida. O adorno floral possui seis pétalas. A flor é símbolo da beleza, da alma, da pureza, do amor, da fertilidade, da natureza, da criação, da infância, da juventude, da harmonia, pureza, segredo.

 

 

Uma parte do arco externo.   O semicírculo pode significar parte de algo muito maior, grande demais para que possamos ver.  A estrela tem uma forma geométrica composta por um polígono, dito estrelado e simboliza a perfeição humana. A ponta superior representa a cabeça e as outras, os membros superiores e inferiores, os cinco planos de consciência ou expressão: Físico, Mental, Emocional, Intuitivo e Espiritual (Alma). Quando estes planos estão equilibrados o homem alcança sua perfeição. Este formato de estrela também representa os cinco sentidos. Ela é usada em rituais e recebe o nome de Estrela do Oriente ou Iniciação. Como Símbolo Maçônico, a Estrela Flamejante de origem Pitagórica, pelo menos quanto ao seu formato e significado, este muito mais antigo do que aqueles que lhe deram a alquimia, a magia e o ocultismo.

 

 

Acima do arco externo encontramos um acrotério com folhas de acanto. O elemento arquitetônico decorativo que funciona como um arremate isolado no topo. O simbolismo da folha do acanto, muito usada nas decorações antigas e medievais, deriva, essencialmente, dos espinhos dessa planta.

 

 

 

A parte interna do monumento segue a forma do arco ogival, também apoiado por duas pilastras, estas da ordem dórica. As colunas da ordem dórica possuem capitel despojado e fuste com caneluras (pequenas canaletas abertas que nos remetem ao estilo grego). Trata-se da mais rústica das três ordens arquitetônicas gregas.

 

 

No ápice do arco observa-se um símbolo cristão, o Monograma, que representa duas letras da palavra Cristo em grego. O QUI (X) RÔ (P) e a letra “X” sobreposta à letra “P”. No interior do arco há uma divisão, na parte superior observa-se outro símbolo cristão, o Coração de Jesus  e uma inscrição:

 

“AOS QUE MORRERAM IGNORADOS E NA SUA HUMILDADE LUCTARAM  PELO PROGRESSO DE PELOTAS. A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA NO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL DEDICA ESTE MONUMENTO E O CONFIA A POSTERIADADE”.

 

O símbolo é composto por uma cruz latina e uma âncora em posição diagonal oposta e um coração centralizado, com a ponta virada para direita e, em sua parte superior, um ícone de chama acesa que nos remete a purificação, esculpidos no mármore.

O coração não possui linhas retas e causa dificuldade quando se deseja um coração completamente simétrico. Sua forma é plana, textura lisa a sua direção é acima. A cruz tem forma plana, formada por duas linhas ou barras que se cruzam em ângulo de 90°, dividindo uma das linhas, ou ambas, ao meio, as linhas normalmente se apresentam na horizontal e na vertical. A textura é lisa e sua direção é diagonal. Observamos na âncora, as formas de retângulo, semicírculo, círculo e triângulos.

O coração, segundo a tradição bíblica, simboliza o homem interior, a personalidade de cada um, símbolo do amor altruísta e da fidelidade e a chama acesa no topo deste, mostra o sofrimento e o amor, respectivamente, que Jesus nutre pela humanidade.  A cruz é considerada pela Maçonaria como a escada para ascensão da alma, através da qual essa pode alcançar Deus, significa o sacrifício redentor de Jesus, a ressurreição e a esperança na vida eterna. A âncora na Maçonaria significa a esperança, a segurança para alcançar os ideais. Também está associada à virtude e sustenta a Alma em tempos de violência e perturbação.

 

 

Abaixo da inscrição encontra-se um retângulo de mármore com símbolos que, na maioria são maçônicos.

 

Iconografia dos Símbolos

 

A iconografia é uma forma de linguagem visual que usa imagens para representar algum tema. A iconografia estuda a origem das imagens, e como elas são expostas e formadas

 

 

Na parte interna e inferior observam-se, signos referentes às profissões que foram utilizados por obreiros da Maçonaria, os quais representam, no aspecto físico, saberes, fazeres, ou seja, a arte da arquitetura através dos séculos, bem como, no aspecto espiritual, o polimento de seus adeptos. Para o Maçom, o símbolo é a própria essência, a razão de ser da maçonaria, o visível é o reflexo do invisível.

A maioria dos símbolos esculpidos em mármore no retângulo inferior, corresponde à Maçonaria Simbólica. Segundo a tradição de seu início operativo  ensinava o manejo das ferramentas, inicialmente, para desbastar a Pedra Bruta, para depois erguer uma arquitetura. Mas, em 1717 surgiu na Inglaterra, a Maçonaria Moderna, conhecida como especulativa e já não existe ligação à prática do oficio de construção. A Maçonaria especulativa as adotou e lhes deu o significado esotérico necessário para a compreensão de determinados graus de seus estudos. Os utensílios utilizados adquiriram um valor simbólico e passaram a representar símbolos associados às edificações e aos aspectos internos do ser humano, nos aspectos de ordem moral ou espiritual.

Os objetos estão posicionados ao centro de um retângulo de mármore de forma assimétrica e sua textura é lisa. Observa-se um livro aberto com palavras escritas em latim. Na página esquerda superior está escrito PAX e da direita na parte superior LEX.  Na página esquerda inferior está escrito RES e na parte da direita inferior está escrito LUX. As palavras escritas significam: PAX simboliza a paz. LEX significa lei, um tratado a ser cumprido. RES simboliza “coisa”. LUX simboliza luz. Possivelmente, a tradução destas quatro palavras seja: “Um tratado a ser cumprido através da lei que trará luz e paz”.

Observa-se um galho de acácia na extremidade superior da página esquerda  e um galho de louro na extremidade superior da página direita. Para os gregos, o louro era considerado uma planta sagrada, símbolo da vitória e do triunfo, aparece em muitos símbolos, principalmente em “estandartes", recompensa do Mérito. Na maçonaria a acácia é o símbolo característico do 3º grau. Também, por ocasião da cerimônia de “Pompa Fúnebre” os Maçons em seu giro em torno do caixão depositam um “ramo de acácia”, qualquer grau do homenageado.

O livro está apoiado em uma espada composta dos seguintes elementos: pomo, punho com virolas, guarda-mão, fio ou gume, costas, extremidade. O acabamento nos remete a um botão no pomo e três botões no ombro. A parte achatada da lâmina possui o corte com a extremidade levemente curva e as costas, com extremidade curva acentuada e na bainha cuja parte superior é denominada encaixe e a inferior ponteira.

Estes objetos estão ligados ao processo de comunicação no qual se quer levar alguém, sem o uso da força aceitar uma ideia e treinar a mente a pensar com clareza usando nossas faculdades de conceber, julgar e raciocinar e descrever o pensamento crítico.

A Maçonaria tem vários livros de acordo com a finalidade, como leitura de textos para abertura de uma cerimônia, livros de  presença de assinaturas dos Irmãos, presentes às sessões de uma loja e o outro, para os visitantes, bem como, o Livro Negro, no qual consta o registro dos profanos, Maçons que por qualquer motivo, sejam eliminados da Ordem. O Livro da Lei ou Livro Sagrado pela Maçonaria adotado é Bíblia Sagrada, como um código de moral e de consciência.

A Espada é a arma da vigilância com a qual o Maçom defende a Ordem. É um acessório muito usado nas cerimônias maçônicas, geralmente como símbolo do poder, autoridade, justiça e equilíbrio.  Também representa o símbolo de igualdade entre os Mestres Maçons em todos os graus do simbolismo.

 

A lira possui forma simétrica e está posicionada à direita na parte superior, acima no retângulo de mármore e sua textura é lisa. A Lira é um instrumento de cordas e símbolo da música universal. Há registros na história que, a Lira é procedente da Ásia e que terá chegado à Grécia através da Trácia ou Lídia, desta forma, utilizada desde a antiguidade, pois as récitas poéticas dos antigos gregos eram acompanhadas pelo seu som, ainda que o instrumento não tivesse origem helênica. São instrumentos pouco menores do que um violino, com três cordas, que se tocam apoiados no colo e desempenham papel de instrumentos de solo na música grega.

A música é uma linguagem universal, não tem fronteiras, não precisa de tradução, ela fala diretamente ao coração e ao espirito. A música qualquer que seja, foi escrita para ser apreciada, e só há um meio de apreciar a música, seu valor simbólico. A Lira é a joia do Irmão Mestre encarregado da música, durante as solenidades da Loja Maçônica e simboliza a ordem e a harmonia cósmica das esferas.

Para os Maçons a música é a arte de combinar os sons de modo agradável ao ouvido, produzindo a melodia, e ao se entender o conjunto, dos sons temos a harmonia. A música é como uma mensagem sonora e penetra nos sentidos através da audição despertando, sensações e emoções diversas como, alegria, tristeza, exaltação, depressão, euforia, desagrado, etc.

 

 

 

A taça e a serpente enroscada possuem forma assimétrica e posicionadas no centro, localizada acima, no retângulo de mármore. Este símbolo é representa a profissão farmacêutica. Sua origem remonta a antiguidade, parte das histórias da mitologia grega. Segundo literaturas antigas, a taça representa a cura, a caridade, o amor fraternal que o Maçom deve dedicar ao seu semelhante.  Já a serpente representa o poder, a ciência, a sabedoria e a transmissão do conhecimento.

A taça geralmente um símbolo da Alma aberta ao fluxo da vida, como a flor à luz solar, para em seu interior verter-se o extasiante “Vinho” símbolo da inteligência, da espiritualidade, representa a caridade e o amor fraternal que o Maçom deve dedicar ao seu semelhante. A serpente é o símbolo da astúcia e da sabedoria, aparece no Grau “25” e simboliza combate.

 

A paleta e os pincéis estão esculpidos em forma assimétrica e posicionados no meio à esquerda na parte superior, no retângulo de mármore e sua textura é lisa. Observa-se duas ferramentas artísticas, uma paleta para pintura (oval), acabamento com bordas arredondadas e com cavidade para colocação de dois pincéis (paralelos), esculpidos no mármore.

É a ferramenta principal para que o artista desenvolva sua arte. Sobre ela se deposita as tintas, em pequenas porções, com a quantidade de cada cor que se necessita. Também se utiliza para realizar as misturas das cores antes de aplicá-las na tela, bem como o diluente para trabalhar com as tintas a óleo. Não existem informações comprovadas sobre as Artes Plásticas com relação à Maçonaria, a não ser por uma de suas ramificações, a Alquimia. Este é um símbolo relacionado às profissões.

 

Os objetos estão posicionados na parte superior à direita no retângulo de mármore, de forma assimétrica e sua textura é lisa. Observa-se um esquadro, que se forma pela união de uma vertical e uma horizontal em ângulo de noventa graus, que é a quarta parte da circunferência. O esquadro é destinado ao traçado e não para medir, o que deve ser feito com a régua e o compasso é usado para traçar circunferências, arcos de circunferências (partes de circunferência) e também para transportar medidas. Em uma de suas hastes temos a ponta seca e na outra o grafite, que deve ser apontado obliquamente (em bisel).

O traçado do Compasso obedece a regras da geometria, pois de conformidade com a sua abertura, calculada em graus, traçará círculos maiores ou menores, contudo, até um Compasso têm os seus limites, pois o traçado fica na dependência do tamanho de suas hastes e abertura em graus. Os instrumentos de medida são símbolos que devem ser usados com razão e equilíbrio. No homem indica o autoconhecimento, como compreensão da substância básica interior, a qual descobre áreas não medidas em seu Eu.

Estes instrumentos são emblemas da retidão e da conduta, pela qual deve o Maçom pautar, suas ações, limitada por duas linhas, uma horizontal, que significa a trajetória a percorrer na Terra, no mundo físico e a outra vertical, significando o caminho "para cima". Ambas as hastes não têm ponto final, pois, uma percorre o Círculo simbolizando o determinismo, o destino, a obrigação em percorrer um caminho conhecido e a outra haste, não possui limite, pois é direcionada ao Cosmo, ao Universo, ao Infinito, a Deus. 

 

A torquês e o lima possuem forma assimétrica e estão posicionadas, no lado esquerdo, localizadas acima, no retângulo de mármore. Duas ferramentas de corte, lima para madeira e uma torquês. Os objetos estão sobrepostos em forma oblíqua.

A lima é uma ferramenta manual formada por uma haste dura de aço com ranhuras e usada para desbastar outras peças, sejam elas de metais mais moles, como o alumínio ou o latão, ou de outros materiais como a madeira, essencial em carpintarias e marcenarias, pois remove rapidamente madeira de superfícies curvadas. Existem vários tipos de limas, quer quanto à sua forma, quer quanto ao fim a que se destinam:

A torquês é um tipo de alicate similar a um tenaz onde as extremidades podem ser afiadas para cortar. Muito usado na construção civil e por pedreiros, para cortar os arames que juntam os vergalhões e fazer amarrações em ferragens para colunas e vigas de concreto.

Uma obra para ser considerada qualificada necessita que as imperfeições sejam retiradas, desta forma, faz-se o uso da torquês para torcer aparas. O uso da lima proporciona uma ação mais delicada nos retorques finais e como não possui dentes pode ser usada em movimentos de vai e vem. Estas ferramentas estão ligadas à Maçonaria na busca da limpeza interior desbastando, as imperfeições humanas até a libertação.

 

O tinteiro e as canetas de pena em forma assimétrica estão posicionados baixo, no lado esquerdo. Duas canetas com ponta de pena cruzadas e um tinteiro sobreposto nas canetas. Na maçonaria o tinteiro e a pena são objetos usados no ritual do Aprendiz, para que o candidato escreva seu testamento no papel.

No Rito Escocês Antigo e Aceito, a iniciação de um neófito é feita num compartimento da loja, chamado de câmara de reflexões, onde o candidato deverá passar por uma morte simbólica de sua vida profana, para renascer um novo homem, livre de pré-conceitos e paixões mundanas, disposto à lapidação de sua pedra bruta, para que um dia, possa vir a fazer parte do templo de Salomão.

A seguir o candidato deverá então meditar e redigir seu testamento filosófico e faz uso do tinteiro e das canetas de pena e após este período, mediante ao cumprimento e entendimento do que lhe foi questionado e imposto o iniciado é levado a “ver” a luz, simbolizada pelo Sol no Oriente. Na Maçonaria este símbolo representa os atos dos maçons, os quais são observados e anotados. São símbolos do poder, da perícia, da vontade e dos sentidos, escritos de próprio punho, com o uso das mãos que ocupam lugar de importante destaque na Maçonaria, por sua energia de mistério, o  poder de manipular os quatro elementos da natureza.

 

 

 

 

 

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