História
Adentrar na cultura que interliga na essência, os povos que compõem o berço da humanidade é um tema fascinante e acresce o conhecimento mítico, um produto da transmissão oral do que é senso comum de geração para geração. As narrações míticas remetem, quase sempre, para os tempos primordiais, que deram origem à realidade mitificada. Por isso, quando se fala do mito há sempre um recuo a um tempo tão distante da memória comum que, sua verdade é apenas garantida pela palavra dos antepassados
Criaram-se mitos em todos os povos para resolver os problemas sentidos, como a fome, doença, morte, os cataclismos (tremores da terra, eclipses, trovoadas) e, curiosamente, a força dos mitos manteve-se muito intensa, entre os ciclos do tempo até a atualidade. Os mitos são antropomórficos, pois todas as explicações apresentadas para os problemas entroncam em figuras humanizadas, Os mitos possuem as mesmas paixões e defeitos dos homens, dos quais se distinguem apenas por sua força, resistência às doenças e à morte.
África – Divisão e Idiomas
Países pertencentes à África Central: Chade, Camarões, República Centro Africana, Gabão, Congo, República Democrática do Congo (ex - Zaire) e Rio Muni ou Guiné Equatorial.
Países pertencentes à África Oriental: Sudão, Cartum, Adis-Abeba, Mogadíscio, Nairóbi, Campala, Kigali, Dodoma, Djibuti, Moroni, Vitória, Bujumbura, Saint-Denis, Asmará.
Países pertencentes à África Ocidental: Mauritânia, Mali, Níger, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Burkina Fasso, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Nigéria, São Tomé e Príncipe.
Países pertencentes à África Meridional: Malauí, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Lesoto, Suazilândia, Madagáscar, África do Sul, Angola, Moçambique, Maurício, Santa Helena, Namíbia.
Países pertencentes à África do Norte: Marrocos, Argélia, Líbia, Tunísia, Egito, Saara Ocidental (Litígio), Cabo Verde, Província das Canárias (Espanha).
No século XVII o idioma falado era o "quimbundo" de origem Angolana. A atualidade regstra mais de 2000 idiomas, bem como inúmeros dialetos. As línguas africanas exerceram tanta influência no modo de falar do povo brasileiro que a nossa língua já é considerada diferente do Português de Portugal. Na Bahia, são usadas cerca de 5 mil palavras de origem africana. A maior parte das palavras que enriqueceram tem origem da língua do povo bantu, chamada quimbundo, foi a mais falada nas regiões Norte e Sul do Brasil na época da escravidão, quando os negros foram trazidos para trabalhar na lavoura.
Palavras de origem banto
Bagunça – desordem, confusa, baderna, remexido.
Banzé – confusão, barulho.
Batucar – repetir a mesma coisa insistentemente.
Beleléu – morrer, sumir, desaparecer.
Berimbau – arco-musical, instrumento indispensável na capoeira.
Biboca – casa, lugar sujo.
Bunda – nádegas, traseiro.
Cachaça – aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação do mel ou barras do melaço.
Cachimbo – pipo de fumar.
Caçula – o mais novo dos filhos ou irmãos.
Cafofo – quarto, recanto privado, lugar reservado com coisas velhas e usadas.
Cafuné – ato de coçar, de leve, a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para provocar o sono.
Calango– lagarto maior que lagartixa.
Camundongo – ratinho caseiro.
Candomblé – local de adoração e de práticas religiosas afro-brasileiras da Bahia.
Canga – tecido utilizado como saída-de-praia.
Cangaço – o gênero de vida do cangaceiro.
Capanga – guarda-costas, jagunço.
Capenga – manco, coxo.
Carimbo – selo, sinete, sinal público com que se autenticam os documentos.
Catinga – cheiro fétido e desagradável do corpo humano, certos animais e comidas deterioradas.
Chimpanzé – espécie muito conhecida de macaco.
Cochilar (a ortografia correta deveria ser cochilar) – dormir levemente.
Dendê – palmeira ou fruto da palmeira.
Dengue – choradeira, birra de criança, manha.
Fungar – aspirar fortemente com ruído.
Fuzuê – algazarra, barulho, confusão.
Gangorra – balanço de crianças, formado por uma tábua pendurada em duas cordas.
Jiló – fruto do jiloeiro, de sabor amargo.
Macumba – denominação genérica para as manifestações religiosas afro-brasileiras.
Mandinga – bruxaria, ardil, mau-olhado.
Marimbondo – vespa.
Maxixe - fruto do maxixeiro.
Minhoca – verme anelídeo.
Moleque – menino, garoto, rapaz.
Moqueca – guisado de peixe ou de mariscos, podendo também ser feito de galinha, carne, ovos etc.
Mucama – criada, escrava de estimação, que ajudava nos serviços domésticos e acompanhava sua senhora à rua, em passeios.
Quiabo – fruto do quiabeiro.
Quilombo – povoação de escravos fugidos.
Senzala – alojamentos que eram destinados aos escravos no Brasil.
Sunga – calção de criança.
Tanga – tapa-sexo.
Titica – fezes, coisa sem valor, excremento de aves.
Zabumba – bombo.
Origem dos rituais religiosos
Remonta ao Paleolítico, estando associada às práticas mágicas e religiosas destinada a garantir o sucesso das caçadas, fertilidade dos homens e da natureza. Os homens sentiram necessidade de formar grupos sociais, construir família, tribos, clãs e dons despertaram, os quais, propagados nas regiões os tornaram líderes como curandeiros, feiticeiros, adivinhos e criaram ferramentas de fetiche, objetos animado ou inanimado, natural ou artificial, a que se presta para cultos por lhe admitir poderes sobrenaturais.
A primeira documentação relativa a essas máscaras descrevem-nas como caveiras usadas na cabeça dos dançarinos guerreiros, em Cross River, sudeste da Nigéria. Existem raros exemplos destas máscaras em coleções, uma vez que não eram consideradas ‘arte' pelo imaginário colonial. Os raros exemplos que ainda existem consistem maioritariamente em crânios reais ornamentados com características miméticas, tais como cabelo postiço, olhos artificiais ou uma reconstituição do maxilar inferior. Com a instalação da paz a reserva de crânios de inimigos esgotou e tiveram de ser substituídos por imitações em madeira esculpida que, em certas regiões Cross River em torno do século XVII, eram cobertas de pele para obter um maior realismo e em outras, do idioma Igede eram pintadas de branco com motivos de cicatrizes a negro.
Impressionados pelo focinho dos animais, o africano primitivo começou a adornar a cabeça com chifres, penas e crinas, materializando após ritual mágico em um objeto de poder - A MÁSCARA.
Foram os objetos que mais atraíram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico. Os Europeus instigados pela curiosidade do mistério africano estudaram estas culturas denominando de bruxaria e feitiçaria.
A feitiçaria e bruxaria é uma abstração com o uso do poder pós-natural por parte de uma pessoa para o prejuízo de outras, com o uso de apetrechos em rituais, bem como a chamada ”impessoal”, que é feita com o poder do pensamento para fins estritamente individuais. Na África rural existe uma conexão forte dos bruxos com aquiescência da vítima, identificado com o controle sobre forças que constituem a reprodução da vida do dia-a-dia, na esfera doméstica da sexualidade conjugal, cultivo e consumo de alimentos.
Máscaras e expressões dos povos
Adentrar na cultura que interliga na essência, os povos que compõem o berço da humanidade é um tema fascinante e acresce o conhecimento mítico, um produto da transmissão oral do que é senso comum de geração para geração. As narrações míticas remetem, quase sempre, para os tempos primordiais, que deram origem à realidade mitificada. Por isso, quando se fala do mito há sempre um recuo a um tempo tão distante da memória comum que, sua verdade é apenas garantida pela palavra dos antepassados
Criaram-se mitos em todos os povos para resolver os problemas sentidos, como a fome, doença, morte, os cataclismos (tremores da terra, eclipses, trovoadas) e, curiosamente, a força dos mitos manteve-se muito intensa, entre os ciclos do tempo até a atualidade. Os mitos são antropomórficos, pois todas as explicações apresentadas para os problemas entroncam em figuras humanizadas, Os mitos possuem as mesmas paixões e defeitos dos homens, dos quais se distinguem apenas por sua força, resistência às doenças e à morte.
Cada Nação expressa à máscara de acordo com sua cultura:
Congo, pintadas com cores variadas denotando nas bochechas inchadas e nos narizes recurvos a cultura das caraças carnavalescas europeias, outras, sombrias expressando uma concepção tormentosa da morte;
Luanda, exibindo uma expressão hermética derivada dos olhos semicerrados, carregada de mistério animista, mas desprovida de emoções negativas, contemplativa e voltada para o interior, onde a máscara feminina coexiste com a masculina;
Angola, cujo traço principal grandes olhos redondos e vazados, geralmente inexpressivas e misteriosas;
Quioco, feitas em resinas, mais fantasia em sua confecção, com andares, abas e volutas, arranjos exóticos, coroas, boca de ânfora, penachos coloridos, geralmente bifaces, apresentando outra máscara voltada para as costas do dançarino e, mais raramente, esféricas, exibindo policromia exuberante.
Bambara, na dança honram e agradecem aos ancestrais da agricultura e pecuária e esculpem uma diversidade de cocares que são fixados em uma cesta e ajustado na cabeça do dançarino com fibras longas que cobrem a cesta e o rosto dos dançarinos e simboliza a água que cai como ingrediente essencial à colheita. O cocar masculino mostra um antílope macho belo e poderoso com dois chifres longos e curvos que se colocam para o crescimento, com uma cauda claramente visível, um pênis que simboliza o enraizamento do grão, orelhas longas que se referem a "cultivadores de ouvir as músicas cantadas por mulheres que incentivem os homens, enquanto eles trabalham nos campos, com um padrão aberto, em ziguezague no pescoço que simboliza a trajetória do sol ao longo do horizonte entre os dois solstícios. O cocar feminino mostra um antílope mãe do sexo feminino com dois longos chifres retos, que carrega seu antílope bebê pequeno na parte de trás.
Máscaras com formas de animais ou máscaras zoomórficas
Identificam as características dominantes dos animais representados pelas máscaras. Por exemplo, as máscaras do povo Bambara, utilizadas durante as danças rituais, que ocorrem em grandes eventos, retratam leões, hienas e antílopes. Da mesma forma, as máscaras utilizadas nas danças rituais dos povos Guro e Baulê. Os Baulês vieram de Gana no início do século 18, onde aprenderam a dominar a manipulação do metal, com o povo geralmente inexpressivas e misteriosas. Quioco, feitas em resinas, mais fantasia em sua confecção, com andares, abas e volutas, arranjos exóticos, coroas, boca de ânfora, penachos coloridos, geralmente bifaces, apresentando outra máscara voltada para as costas do dançarino e, mais raramente, esféricas, exibindo policromia exuberante. Bambara, na dança honram e agradecem aos ancestrais da agricultura e pecuária e esculpem uma diversidade de cocares que são fixados em uma cesta e ajustado na cabeça do dançarino com fibras longas que cobrem a cesta e o rosto dos dançarinos e simboliza a água que cai como ingrediente essencial à colheita. O cocar masculino mostra um antílope macho belo e poderoso com dois chifres longos e curvos que se colocam para o crescimento, com uma cauda claramente visível, um pênis que simboliza o enraizamento do grão, orelhas longas que se referem a "cultivadores de ouvir as músicas cantadas por mulheres que incentivem os homens, enquanto eles trabalham nos campos, com um padrão aberto, em ziguezague no pescoço que simboliza a trajetória do sol ao longo do horizonte entre os dois solstícios. O cocar feminino mostra um antílope mãe do sexo feminino com dois longos chifres retos, que carrega sua antílope bebê pequeno na parte de trás.
Formas
Muitas das máscaras representam o ser humano no auge da sua juventude e saúde. A expressão serena e a composição robusta que lhes é dada indica integração social e mental, e são normalmente homens ou mulheres prontos para criar família. Na Costa do Marfim aprenderam a trabalhar a madeira, com o povo Guro. A combinação dessas duas habilidades resultou em uma arte tecnicamente superior, com um grande equilíbrio estético retratam cabeças de cães, cabras, gazelas, búfalos, elefantes e etc.
Máscaras representando figuras humanas ou máscaras antropomórficas
Elas são representações de homens ou mulheres. Por exemplo, entre o povo Dogon, as máscaras antropomórficas podem representar os anciões, os sacerdotes, os caçadores ou os feiticeiros.
Máscaras Antropozoomórficas
Essas máscaras combinam traços de animais e características humanas, mas com a preponderância das características humanas. Assim, ao rosto humano são atribuídos elementos particulares do animal representado, como, por exemplo, chifres, penas, dentes e etc., com o objetivo de realçar as características simbólicas da máscara.
Estilos de Arte
Através das formas que dão ao material, os escultores de máscaras se esforçam para tornar visível o invisível e para conseguir expressar ideias. A união de elementos naturais e abstratos, bem como de elementos expressionistas e surrealistas, dá origem a essa forma de expressão cultural, que é a máscara. Uma cabeça poderosa, olhos brilhantes, chifres de um búfalo, carneiro ou antílope, às vezes com a boca de um crocodilo, transmite uma impressão de força e poder. O equilíbrio estético, a simetria e a expressão devem evocar a grandeza do contexto sobrenatural, que a máscara quer representar. Dois estilos se destacam de forma muito clara, através dessa mistura de formas:
Cubismo – dominado por formas geométricas que é característico das máscaras dos povos Dogon, Bambara, Bobo e We (especialmente o povo Guere),
Naturalista que domina a representação do real visível, encontrado nas máscaras dos povos Guro e Baulê e nos povos do Benin.
O povo Baulê absorveu as técnicas artísticas da região da costa oriental do Atlântico, através dos povos Akan, Adja e Yorubá, e os estilos dos povos Senufo e Guro, fazendo assim uma síntese das concepções artísticas dessa região da África Ocidental.
Há, ainda, um terceiro estilo, considerado intermediário, encontrado entre os escultores de máscaras dos povos Dan e Senufo.
O Escultor
A oficina das máscaras localiza-se em regra fora do aglomerado da vila e o próprio artesão submete-se a preceitos, cujo fim é mantê-lo digno de fabrico da máscara. Assim que é feito o corte na árvore ele suga a seiva para alcançar a sintonia com o espírito que ali habita e crê que é transferida para a máscara a força tornando-a um objeto de poder. O escultor se coloca a serviço do culto dos ancestrais, as mãos são abençoadas para sua arte, desta forma, não vê necessidade de assinar uma obra, pois ela não lhe pertence, representa sua Nação. A insistência de ficar no anonimato nega-lhe a individualidade e a falta de assinatura dificulta se o trabalho é autêntico ou uma falsificação.
Material
As máscaras, em sua maioria são feitas de madeira, pois os Africanos as consideram sagradas e as vestem até que seja feito o corte ou que as mesmas tenham a morte natural e, frequentemente, os sacerdotes cumprem rituais de purificação. Acreditam que por terem vida possuem uma Alma e que a energia sagrada que as habita passa para a máscara. Além da madeira usavam como matéria prima, pano, ráfias, contas, dentes, ossos, fibras vegetais, pedaços de espelhos marfim, bronze. Os modelos de máscaras eram criados com total liberdade.
Ferramentas
O adze - uma pequena ponta plana, curva, semelhante a um machado, a lâmina situa-se em um ângulo direito em relação à alça. Se um artesão Africano quer criar uma peça com detalhes intrincados usa o adze para dar forma à peça após, usar ferramentas menores para criar os detalhes.
Formões - para esculpir.
Goivas - na máscara africana e tambor escultura criar pequeno, redondo detalhes artísticos.
Facas – para criar intrincados desenhos em um pedaço de madeira, pode ser aquecida e usada para decorar, queima de linhas em uma talha. Esse processo, conhecido como pirogravura, às vezes é usado para decoração em vez de pintura e coloração.
Canivetes - ideais para acessar fendas e desrespeitar minúsculos pedaços de madeira.
Os símbolos iconográficos eram variados, continha uma sucessão de provérbios diferentes vindos dos antepassados, uma lei moral respeitada por todos, mas com ligação entre si, uma linguagem não decifrada para leigos ou os não iniciados.
Cores
A pintura é feita com tinturas extraídas de sucos de folhas, flores, frutos.
. Branco: é uma cor de passagem, a passagem da morte ao renascimento, a mutação de um ser. É igualmente a cor de Deus (ligado aos ancestrais) representam a luminosidade, a inocência, a pureza e a retidão. Essa cor é fabricada a partir do kaolin ou de cal esfarelado (outras vezes podem ser de casca de caracol, de casca de ovos, excrementos de lagartas ou de cobras sacralizada). Em certas vilas do norte do Nvari-Kwilu o kaolin significa luto, e só serve para decorar túmulos.
. Preto: é uma cor negativa, pois representa à morte, o mal, a feitiçaria e o anti-social. É fabricado com o carvão de madeira. Na costa do Marfim, são feitos de folhas queimadas. Trata-se de um valor complementar entre os Igbos.
. Vermelho: o símbolo é ambivalente, pois representa o sangue, o fogo, o sol (e o calor), mas também, a reintegração de um ser marginal, a fecundidade e o poder. O vermelho mais escuro representa as forças agressivas e o sangue impuro. É fabricado com a ajuda de substâncias minerais, sacrificiais (em sua origem, uma noz de cola mastigada).
. Amarelo: é um valor complementar entre os Igbo. Essa cor representa paz, serenidade, fortuna, fertilidade, eternidade, mas também, o declínio, o anúncio da morte.
. Azul: é uma cor negativa que representa a frieza, mais paradoxalmente a pureza, o sonho e repouso terrestre.
. Verde: representa crença, nascimento, virilidade.
. Ocre, tons terrosos: tem também um valor complementar entre os Igbo.
Técnicas
A maior parte das máscaras fazem muito mais do que limitar-se sugerir formas procurando, na realidade, um espaço à três dimensões. O relevo é habilmente utilizado, a fim de explorar temas formais e de os levar até ao seu termo lógico, ao passo que a principal superfície esculpida pode ser ela própria interrompida por uma série de formas compreendendo, cada uma, diversas superfícies. Contudo, é no caso das máscaras de cabeça (usadas horizontalmente), que o espaço à três dimensões , pode ser plenamente utilizado.
Rituais com máscaras sagradas
Uma das características mais surpreendentes do mito consiste na necessidade que os homens sentiam de entrar em comunhão com as forças que lhe deram origem. Tudo se passa como se o ritual abrisse um túnel de ligação entre o tempo presente e o tempo primordial. O ritual repete-se num determinado tempo e num determinado lugar que adquirem características sagradas. A realização dos rituais implica, quase sempre, a existência de pessoas dotadas de poderes sagrados (sacerdotes) que são intermediários entre o povo e o mito, geralmente um benfeitor mítico da comunidade. As Máscaras regem as coletividades e completam funções: profanas, religiosa, guerreiras, social, cultural, econômica, histórica e terapêutica e funerária.
Máscaras Profanas
Representadas por inúmeras máscaras que se produzem em momentos de festa e divertimentos. Representam os ancestrais do clã da família, visando a atrair a alma do ancestral e capitalizar sua essência vital. Imortais, eles, os ancestrais são os depositários de um patrimônio cultural. São quem contam as histórias, ou seja, a memória do povo. Eles formam uma sociedade hierarquizada.
Nome: Máscara de madeira esculpida para o culto Bedu
Século: XIX
Geografia: África Ocidental (Bedu/Gana/Costa do Marfim/)
Dimensões: Comprimento: 1,45 x Largura: 70
Esta máscara Bedu tem uma forma alta e plana com uma "cabeça" na extremidade inferior e suportes estendidos para cima para formar "chifres" e uma forma aberta, circular. São usadas em pares masculinos e femininos à noite, durante o festival Zaurau e conferem poderes curativos e fertilizantes em mulheres e crianças, traz elementos positivos de saúde e fertilidade.
Máscaras sagradas
A máscara sagrada é acompanhada por uma plêiade de outras máscaras, são usadas em cerimônias como ritos de passagem, purificação, sacrifícios, iniciações, conjurações e desempenham um papel essencial no restabelecimento da ordem social, funcionam como juízes, julgam os litígios, os problemas de família, dos clãs e tribos. Estas máscaras só saem em acontecimentos importantes ou são guardadas em locais privados e sagrados.
Nome: Máscara de madeira Kifweb
Século: XIX
Geografia: República Democrática do Congo (Povo Songye)
Técnica: madeira e pintura nas mascaras machos, as fêmeas não são pintadas.
Dimensões: 44,5 x 28,2 x 18,7 centímetros
Certas tradições da bacia do rio Congo personificam o controle local do poder místico. Estas máscaras se originaram de uma área habitada por grupos Songye e Luba, interpretados em cada cultura de forma diferente. Entre as pequenas chefias Songye ao longo do rio Lomami, mascarados eram emissários da elite dominante, que contou com a ideologia da bruxaria e feitiçaria para sustentar seu governo. Os membros Kifwebe comandaram um corpo de conhecimento secreto esotérico, codificada nas características da máscara.
Máscara guerreira
Encarregada da conquista e da defesa do território. Ela acompanha a máscara sagrada porque se trata de fazer a justiça em caso de perda. Por ocasião das festas ela é encarregada de supervisionar o comportamento de cada um para detectar os maus elementos. Há a máscara Griot, que é companhia fiel da máscara sagrada, um cantor solitário e espião, pois escuta, observa e conta o que viu para a máscara sagrada pedindo clemência, pode dançar e animar as festas. Possuí grande importância na cultura africana poupado pelos próprios inimigos nas situações de guerra, pois sua função era transmitir as lendas, ensinamentos, histórias de vida de uma geração à outra. Quando um Griot falecia, seu corpo era sepultado dentro de uma enorme árvore, o Baobá, para que suas canções e histórias, assim como as folhas da árvore continuassem a germinar nas aldeias ao seu entorno.
Máscara: Beete Elefante (Zok),
Século: XIX
Geografia: Gabão ou República da região do Congo, Ivindo ou rio Sangha: Povos Kwele.
Técnica: madeira, pigmento caulino.
Dimensões: (76,2 x 14,9 x 27 cm)
Embora o berço desta família linguística encontra-se no vale do Benue da Nigéria, ao longo dos séculos, os povos com este património têm vindo a ocupar toda a África central. Os Kwele estão entre os povos de língua Bantu que vivem no oeste da floresta equatorial da África. Seus líderes Kwele desenvolveram o rito de Beete, que dissipou o conflito territorial redirecionando a atenção para relíquias ancestrais pertencentes a linhagens específicas. Integrado no rito eram danças liderados por artistas mascarados chamados Ekuk, ou "coisas da floresta." As características de animais, como troncos e bicos, inspirou artistas Kwele para esculpir elementos que se projetam para além de um único campo pictórico.
Função Religiosa
Assegura a mediação entre deus, os ancestrais e os homens. Aparece nos ritos de passagem, é protetora contra os espíritos maléficos. Muitas categorias de máscaras lutam ativamente contra a feitiçaria que é o principal agente de todos os males, das doenças e sofrimentos possíveis. O espírito associado ao mascarado possui a faculdade de detectar feiticeiros e os caçar. Essa função é dupla, pois vem acompanhada de uma ação punitiva, da erradicação do mal. Após a intervenção mascarada, os culpados caem doentes e podem morrer se não repararem suas faltas através de compensações, normalmente em forma de sacrifícios importantes. Em certos casos, o portador da máscara já é escolhido por sua capacidade de dupla visão e assim pode descobrir os agentes do mal. O espírito da máscara é utilizado para determinar a punição adequada.
Máscara: Capacete Geledé
Época: Meados do século XX
Geografia: Nigéria, povos Yorubás.
Técnica: Madeira, pintura, pigmentos.
Dimensões: 11,5 x 9 polegadas
Retrata uma cabeça masculina com barba esculpida e rosto escarificadas vermelho. Usada na dança das 'mães', bruxas boas que propiciam e controlar o poder das bruxas 'más' que voam à noite causando infortúnio humano, doenças e morte. Dançam em pares em uma dança coreografada fortemente estruturada e complexa, acompanhado por canto e percussão, com um traje multicolorido composto de inúmeros painéis de pano coloridas que cobrem completamente o corpo da cabeça aos pés. Performances Geledé podem estender-se ao longo de vários dias, com diferentes formas e movimentos de dança. Para que eles parecem flutuar sobre a terra usam sinos volta dos tornozelos e reforçam ritmo da música.
Função política
Instância suprema para o regulamento de todos os problemas que podem vir a acontecer na comunidade. Ela faz respeitar a ordem e a justiça e intervêm em todas as decisões vitais. Como a máscara fala, ninguém pode contradizê-la. Suas decisões são inapeláveis. Os homens de poder (reis, chefes e outros signatários) tem necessidade de garantir seu domínio, por isso toda ajuda das forças sobrenaturais é sempre bem vinda e nesse quadro as aparições dos mascarados corresponde à intervenção impressionante que os dirigentes tanto prezam. Nada pode manter a população à distância dada à crença e o respeito que as populações têm pela máscara e o mascarado.
Máscara: Capacete
Época: antes de 1880
Geografia: Camarões, cultura Reino Barnum – Povos Grassfields
Técnica: madeira, cobre, conta de vidro, ráfia, búzios.
Dimensões: (66 x 35,6 x 27.3 cm)
Nos sistemas políticos social e politicamente estratificadas dos Grassfields Reinos de Camarões, o display e propriedade de máscaras são importantes indicadores de privilégio e prestígio. "Kwifoyn", uma sociedade regulamentar cujos membros derivam sua autoridade da Fon, ou rei, supervisiona todos os níveis da justiça penal e funciona como um ramo executivo do governo, controla o direito de licenciar a replicação de formas de máscara para os grupos de linhagem dispostos a pagar uma taxa. Máscaras distinguidas pela aplicação de miçangas, búzios, ou revestimento de latão são uma prerrogativa do Fon e função, sob a autoridade conjunta de do palácio e da sociedade regulamentar. Esta máscara retrata o imaginário simbólico potente de uma aranha estilizada, associado com sabedoria, no cocar.
Função Cultural e Educativa
São depositárias da cultura de uma etnia. Os homens se sucedem, os povos desaparecem, a sociedade evolui, mas a máscara permanece após sua criação até o término de suas muitas mutações. Ela é a memória que permanece e que conta a evolução do povo. As máscaras transmitem um saber, ensinamento de linhas de conduta, aconselha e influencia. Elas representam os modelos admiráveis a seguir e dos quais os homens devem se aproximar. Elas concentram a ética de uma sociedade, sublinham as coisas importantes dessa sociedade, a serem seguidas ou evitadas. Na sua utilização elas veiculam numerosas mensagens dirigidas a todos, ou ao contrário, a um público reservado.
Máscara: Pumbu
Época: Século XX
Geografia: República Democrática do Congo, Povos Pende
Técnica: Madeira, pigmentos.
Dimensões: 91,1 x 32,4 x 32.7 cm
O povo Kwilu Pende é conhecido principalmente por suas máscaras, que estão entre as mais expressivas entre toda arte africana. Usadas originalmente durante rituais de aprendizagem cultural e iniciação. Elas incorporam as forças ancestrais e servem como intermediarias entre o mundo material e espiritual.
As "Minganji”, ou máscaras de poder representam os ancestrais. As "Mbuya", ou mascaras da aldeia, representam os tipos humanos. São pintadas de branco, vermelhas e pretas e decoradas com fileiras de triângulos aplicados sobre a madeira pintada de tons terrosos avermelhados. São planas e caracterizadas pelos seus estilos exagerados e orelhas largas e protuberantes. A máscara Mbuya do povo ocidental Kwilu, caracterizada por sua expressão sombria e triste, e a Kasai que é mais geométrica e colorida.
Função de iniciação
Os segredos ligados à sua existência fazem parte dos ensinamentos ministrados aos jovens iniciados. As sociedades secretas, na maioria masculina, chamam os mascarados no decurso de seus rituais específicos. Alguns deles compreendem numerosos graus de acesso e são regidos por ciclos iniciáticos. Tornam-se assim possuidores de conhecimentos esotéricos que permitem a manipulação e o controle dos não iniciados.
Máscara: Ndeemba
Geografia: República Democrática del Congo, Cultura Yaka.
Material: Madeira, fibras vegetais, pigmentos.
Século: final do século XIX
Dimensões: altura 47 x 45 x 54
É uma máscara em forma de sino com um rosto humano, nariz arrebitado fálico, cercado por um grande penteado ráfia e coroado com um disco e extensões decorativos amarrados no topo. Representa a face dos antepassados, usada na iniciação dos meninos. Os dançarinos mascarados transmitem a vitalidade geradora dos ancestrais aos seus descendentes e, especialmente, aos jovens iniciados que representam a nova geração. As máscaras trazem aos meninos recém-circuncidados cara a cara com a imagem de sexo explícito dos seus antepassados, o que sugere que a sexualidade masculina é um elo entre as gerações, também simboliza as forças solares, lunares e terrestres da fertilidade. O círculo em torno do rosto retrata o curso do sol no céu, o nariz arrebitado significa fertilização do sol da terra, o disco projetando representa o ciclo lunar, os olhos esbugalhados simbolizam fases da lua nova e cheia. Após as danças é queimada com os demais objetos da iniciação e cada iniciado recebe um novo nome que permanecerá pelo resto da vida.
Função Funerária
A intervenção das máscaras tem um papel purificador. A morte introduz uma forma de desequilíbrio na sociedade, e isso é como uma mancha que deve ser lavada. As máscaras procuram a alma do defunto para a conduzi-la ao reino dos espíritos a partir do qual ele poderá se transformar em força vital e beneficiar seus descendentes.
Estas obras satisfazem o senso estético, mas vão além do senso estético, pois fornecem a visão de infinito espiritual, a beleza ou o terror. A máscara pode ser eficaz no sentido positivo ou terrorífica, mas sempre sagrada. A forma estabelece não mais que um jogo de forças secretas, de energias vitais. O estudo estético dessas máscaras variadas revela um interesse pela abstração, pelo apuro das formas e pela sabedoria.
Funerária – função purificadora, pois a morte introduz uma forma de desequilíbrio na sociedade.
Máscara: Facial ( Kpeliye'e )
Geografia: Senufo da África Ocidental
Século: XVIII
Técnica: madeira entalhada, penas, fibra vegetal e ornamento pessoal na madeira, chifre, metal, ráfia.
Dimensões (33 cm x 22,9 centímetros)
Ao longo do século XX, os membros do Poro, associação de iniciação Senufo, usavam finamente esculpida como insígnia. As máscaras, conhecidas como kpeliye'e apresentam rostos ovais delicados com projeções geométricas nas laterais. Captados os padrões de escarificação incisos com ornamentos em suas superfícies brilhantes, lisos. Considerado feminino, as máscaras honram anciãos Senufo falecidos com sua graça e beleza. Eles fornecem um complemento para as agressivas máscaras capacete Senufo também patrocinados por organizações fraternais na região. As penas e chifres de animais ligados a este exemplo são incomuns e podem ter refletido o poder de seu dono para neutralizar as forças negativas na comunidade.
Ritos funerários ou práticas de culto da morte, especialmente aqueles dedicados à sobrevivência da alma, estão entre os rituais mais difundidos no mundo. Estes cultos são relacionados a uma ampla variedade de ocorrências extremamente importantes, como a fertilidade da terra, seus animais e seres humanos, e o culto de espíritos ancestrais. Esses cultos acreditam que aqueles que morrem e são enterrados fertilizam a terra com sua alma, portanto, o solo pertence a eles, os ancestrais.
A máscara não traduz a emoção do indivíduo num momento definido, não é o retrato do homem que teme, que combate ou que morre, mas é o Temor, a Guerra, a Morte. No plano psicológico, a origem da máscara deve ser buscada na aspiração do ser humano de evadir-se de si, para poder se enriquecer com a experiência de existências diferentes e aumentar seu poder, identificando-se com as forças universais, seja elas divinas ou demoníacas. Decorrem daí a reverência e o temor que ela incute, como depositária das capacidades de metamorfose do indivíduo. A auto sugestão é a virtude secreta que a máscara guarda.
O Dançarino
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Dançarinos de máscaras Igbo, em desempenho, durante o “Onwa Asaa festival”, no vilarejo Ugwuoba, na Nigéria. Fotografia tirada por Eliot Elisofon, colaborador da revista Life que viajou pelo continente africano de 18 de Agosto a 20 de dezembro de 1959.
A máscara transforma o corpo do dançarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser que é representado momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte. Além da máscara usam vestimentas que antes da industrialização eram feitos de algodão fiado e tecido à mão, de textura demasiado rude, mole e grosseira, para que se pudessem desenvolver as técnicas e os padrões complexos do tingimento.
Aspectos emocionais
A máscara não traduz a emoção do indivíduo num momento definido, não é o retrato do homem que teme, que combate ou que morre, mas é o Temor, a Guerra, a Morte. No plano psicológico, a origem da máscara deve ser buscada na aspiração do ser humano de evadir-se de si, para poder se enriquecer com a experiência de existências diferentes e aumentar seu poder, identificando-se com as forças universais, seja elas divinas ou demoníacas. Decorrem daí a reverência e o temor que ela incute, como depositária das capacidades de metamorfose do indivíduo. A autossugestão é a virtude secreta que a máscara guarda.
O ritmo, os instrumentos e a dança.
O ritmo faz parte da vida. O homem (feto) conhece o primeiro ritmo, o bater do coração materno, a partir desta ligação é que se entende o poder da música no corpo e mente humana. É no aspecto rítmico que se manifesta a exteriorização mais espontânea do homem. O sentido humano do ritmo é uma disposição intuitiva através da qual agrupamos certas impressões sensoriais recorrentes, vividas e precisas. Este processo se fundamenta na capacidade subjetiva de reagrupar as batidas em estruturas com uma precisão perfeita nas células rítmicas. Dependemos do ritmo para pensar, sentir, mover-nos e para atuar de forma eficaz e fluida, assim como, para perceber adequadamente os estímulos exteriores e reagir a eles.
Os instrumentos eram respeitados como forma de devoção religiosa, elos que ligavam os participantes ao plano espiritual e, mesmo com poucos instrumentos, tambores e chocalhos realçavam a condução dos rituais. A dança é a essência de vida dos africanos, uma tradição, a força cultural que une seus povos. As danças variam de Nação para Nação, mas a maioria tem certas características em comum.
No decurso da dança, o dançarino apresenta a máscara aos espectadores sob diferentes ângulos, o que dá, relativamente a cada posição, um efeito visual diferente. Com efeito, o aspecto da máscara, vista de frente, é inteiramente diferente daquele que ela apresenta quando é vista de lado, e apercebemo-nos, quando o dançarino inclina a cabeça, que o cimo é igualmente concebido de um modo diferente. Poder-se-ia ilustrar esta afirmação de um modo mais prático tomando, por exemplo, uma máscara em que o focinho e os dentes da criatura mítica são observados como a parte mais importante quando a vemos de frente, as orelhas e os cornos quando a vemos de lado, fazendo com que os dentes e o focinho desapareçam totalmente, quando a vemos de cima, deixando assim o espectador impossibilitado de observar outra coisa que não sejam as formas geométricas construí das em torno dos traços da face. Cada homem possui uma Alma e cada Máscara possui uma Alma e este entrelaçar de energias forma a Nação Africana, que respira e se alimenta de mistério, magia e espiritualidade, imutável através do tempo e através da arte.
A arte africana é um reflexo fiel das ricas histórias, mitos, crenças e filosofia dos habitantes deste enorme continente e sua história. As formas artísticas mais antigas são as pinturas e gravações em pedra de Tassili e Ennedi, na região do Saara (6000 AC ao século I da nossa era). Os povos africanos faziam seus objetos de arte utilizando diversos elementos da natureza. Faziam esculturas de marfim, máscaras entalhadas em madeira e ornamentos em ouro e bronze. Os temas retratados nas obras de arte remetem ao cotidiano, a religião e aos aspectos naturais da região. Desta forma, esculpiam e pintavam mitos, animais da floresta, cenas das tradições e personagens.
O assunto acima descrito tem como finalidade mostrar o africano em seu habitat, seu convívio social e cultural nas comunidades, seus hábitos, sua fé e seus rituais que foram cerceados em virtude do tráfico para suprir as necessidades de mão-de-obra dos portugueses no Brasil na época colonial e imperial, pois já era uma tradição o uso de escravos africanos desde 1432, nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde.
Os africanos aprisionados pelos portugueses quando aqui chegavam eram cedidos por um determinado preço, como se fossem uma mercadoria qualquer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam a ser comercializados pelo dobro do valor em comparação aos velhos e fracos.
A travessia do continente africano para o Brasil era feita nos porões dos navios negreiros, com os negros empilhados da maneira mais insalubre e desumana possível, sendo que muitos deles nem sequer chegavam vivos, tendo seus corpos atirados ao mar. Nas fazendas açucareiras trabalhavam de sol a sol, recebendo para vestir apenas um pedaço de pano ou qualquer peça de vestuário velha, dormiam nas senzalas (barracões escuros, úmidos e com quase nenhuma higiene) acorrentados para não fugirem.
Rara fotografia de um navio negreiro. Esta foi feita por Marc Ferrez, em 1882. O navio que transportava as vítimas da escravidão era francês e a foto foi produzida de forma clandestina.
Os africanos, além de perder a identidade como ser humano, também perderam a liberdade religiosa, bem como, seu idioma de origem para comunicação. Exigiram o batismo e o aprendizado da língua portuguesa. Os escravos se obrigaram a manter o culto às divindades de forma secreta para não contrariar seus senhores.
O negro não aceitou a escravidão pacificamente e fugia em grupos para as matas criando os famosos quilombos onde era possível ser livre para a pratica de sua religiosidade. O quilombo mais importante foi o de Palmares, cujo líder foi Zumbi instalado na serra da Barriga, atual região de Alagoas. Com o passar do tempo, Palmares se transformou em uma espécie de confederação, que abrigava os vários quilombos que existiam naquela localidade. Seu crescimento ocorreu principalmente entre as décadas de 1630 e 1650, quando a invasão dos holandeses prejudicou o controle sobre a população escrava.
Em 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, concedendo liberdade aos filhos de escravos que nascessem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de 1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contemplava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos.
Foi só no final do século XIX que definitivamente a escravidão, a nível mundial, foi abolida de vez do quadro negro da história. No Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel.
Rota do tráfico
Desembarque ilegal de africanos
O tráfico de africanos para o Brasil propiciou a construção de portos, bem como locais para quarentena e de venda dos negros. Em 1774, o Vice-Rei Marquês do Lavradio determinou que passasse a ficar “fora dos limites da cidade” do Rio de Janeiro este comércio e o novo local escolhido para esse comércio foi o Valongo, entre a Pedra do Sal e a Gamboa. O objetivo era não contaminar a cidade e isolar os recém-chegados que ali esperariam a venda para depois saírem diretamente pelo mar, através do Cais do Valongo e outros trapiches próximos. Estima-se que passaram pela região quase 1 milhão de africanos. A partir de 1831, com a proibição do tráfico de africanos pelo Governo Imperial, a entrada de escravos pelo Valongo diminuiu significativamente e os comerciantes tiveram que buscar maior discrição nos negócios. Procuraram locais mais seguros para o tráfico, em geral, em praias isoladas, mas não muito distantes dos polos dinâmicos da economia brasileira, como as regiões cafeeiras do sudeste, que requisitavam mão de obra escrava africana.
Distribuição dos escravos
Este comércio propiciou a presença de escravos em vários Estados. Apesar da existência da lei de 1831, o Brasil é o país que mais recebeu escravos, as estimativas são de três a seis milhões de africanos deportados para as praias brasileiras o que resultou em o Brasil ter a maior concentração de descendentes de africanos fora da África. Mesmo após a lei de 1850, há registros do contrabando de africanos em diversos locais do litoral brasileiro. Os desembarques ilegais, contavam com apoio dos fazendeiros de áreas próximas ao litoral e da população local, além da tolerância das autoridades.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil, os Bantos e os Sudaneses. Os bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive na Bahia. Os Bantos, oriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo, loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã, embaca, benguela.
Os escravos eram postos para trabalhar em diversas atividades como nas regiões cafeeiras, plantações, minas e nas fazendas de gado. Alguns escravos trabalhavam no serviço doméstico, enquanto outros executavam múltiplas atividades, desde a pesca até a venda de alimentos para seus senhores. Alguns conseguiam desenvolver suas próprias atividades econômicas e ganhar algum dinheiro nas horas vagas, enquanto outros conseguiam reservar parte do dinheiro que eram obrigados a ganhar para seus senhores vendendo alimentos e fazendo outros trabalhos subalternos. Muitas vezes, esse dinheiro era usado para comprar a emancipação (alforria).
No Rio Grande do Sul destaca-se o desembarque clandestino de abril de 1852, procedido pelo navio Palmeira, conhecido como o último afluxo de cativos oriundos da África para a província do Rio Grande do Sul, tendo ocorrido na Praia do Barco, localidade também chamada de Capão Alto ou Capão da Negrada, no município de Capão da Canoa (então pertencente a Conceição do Arroio, atualmente denominada Osório). Relatos coletados junto a moradores da região – comunidade remanescente de quilombos de Morro Alto – apontam para a existência de um naufrágio deste navio, e mesmo para a identificação de seus destroços em momentos de maré baixa. Segundo esta narrativa, alguns negros escaparam e se estabeleceram como livres na região. Não obstante, muitos teriam sido vendidos em um leilão clandestino e, posteriormente, alguns deles apreendidos como africanos livres pelas autoridades.
No Porto de Jaguarão, entraram inúmeros escravos pela antiga cidade portuária, situada no Rio Jaguarão, entre o Uruguai e o Brasil, ao longo do século XIX, vindos de diversas regiões da África e do Brasil, para o trabalho nas charqueadas. Na antiga Praça do Comércio, hoje o Mercado Público da cidade, realizava-se o comércio de compra e venda de escravos. Jaguarão também era caminho para os escravos traçarem rotas de fuga e caminhos para a liberdade, ao longo do século XIX, no vizinho Uruguai.
A cidade de Pelotas foi o maior centro escravista e charqueador da região sulina. A conjuntura econômica que propiciou o início desta atividade relaciona-se as secas sucessivas de 1777, 1779 e 1792, ocorridas no nordeste. A carne seca, um dos principais itens da alimentação dos escravos, era produzida no Ceará, abastecendo tanto o mercado externo como o interno. A escassez de chuvas e de matéria-prima teve como consequência à substituição desse mercado produtor pelo Rio Grande do Sul. Em 1779 instalou-se em Pelotas às margens do canal São Gonçalo, a charqueada de José Pinto Martins, sendo este o pioneiro na produção comercial do charque. A partir disso, Pelotas devido à sua posição geográfica privilegiada, localizando-se próxima aos rebanhos bovinos (vacarias e campos neutrais), ao porto de Rio Grande e às vias fluviais (vias hidrográficas da Lagoa Mirim e dos Patos), tornou-se, a partir de 1780, o grande centro charqueador gaúcho e consequentemente um grande polo escravista. Através da indústria saladeiril, a escravidão teve uma importância crucial no contexto sulino. Com a produção do charque, a exploração da mão-de-obra escrava passa a ser mais intensa e regular.
O sitio das charqueadas situa-se às margens do arroio Pelotas e do Canal São Gonçalo. Ali foram estabelecidas cerca de 30 charqueadas, todas elas utilizando trabalho escravo até 1850. A metade destes trabalhadores era de africanos, pelo que se pode perceber pelos batismos nos livros da Igreja. Nestas charqueadas, os escravos trabalhavam seis meses por ano nas matanças de animais e demais atividades com a carne. Nos outros seis, eram empregados na construção civil na cidade ou em olarias. Mesmo nas charqueadas preservadas, há poucos vestígios das senzalas. Apenas na de São João existe uma parede que pertenceu a uma delas.
Cultura Afro-brasileira
O cruzamento cultural entre os povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural brasileira ou, cultura afro-brasileira, uma vez que, eles não temeram em inventar códigos de comportamentos e de recriarem praticas de sociabilidade e culturais, desta forma, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil.
Desta forma, a influência africana foi se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culinária, práticas religiosas, danças, entre outros valores culturais que foram incorporados pela população brasileira. Os escravos deixaram uma herança cultural valiosíssima no Brasil.
A arte
Outra herança significativa foi a arte que ao chegar ao Brasil fundiu-se com a arte dos índios e para gerar novos componentes artísticos de uma arte afro-brasileira. O negro aparece como sujeito e objeto, como vê e como é visto, num movimento que possibilita a reflexão sobre a negritude de cada um.
Esta arte não tem o propósito de ser uma reprodução literal da realidade ou um objeto de pura contemplação, embora o seja também de deleite espiritual e estético. A sua função primordial é a de produzir valores emocionais para as comunidades às quais pertence e que possuem um saber cultural já estabelecido, desta forma, as pessoas dessas comunidades têm uma capacidade de compreendê-la que antecede qualquer reflexão. São apreciadas não pelo que apresentam, mas sim pelo que representam.
A também chamada “arte negra” acompanha a vida da comunidade, é instrumento da sua relação com o espiritual, participando dos ritos e rituais da vida doméstica desde o nascimento, os ritos de passagem, passando pela morte e continuando na perene ligação com a ancestralidade.
Essa arte africana não tem compromisso com o retrato da realidade. Ela se apresenta sem a simetria e a proporção que poderíamos esperar. Quase sempre a cabeça é demasiado grande, pois ela representa a personalidade, o saber, sobretudo quando é a de um “Mais Velho” da comunidade; a língua, por vezes ultrapassa a cavidade da boca: ela expressa a fala, que é a chave da tradição oral; a barriga e os seios femininos representam a fertilidade; os pés, normalmente grandes, são bem fixados na terra.
Tais representações são expressões culturais, sujeitas a diversidades étnicas, mas todas provenientes do sopro do Criador, que emite uma força vital (axé, no Brasil dos orixás, vindos do oeste nigeriano e leste do Benim). Essa força vital circula por todos os reinos do universo: o humano e o animal, o vegetal e até o mineral e é passível de ser manipulada, e assim transferida entre todos os seres, através da intervenção dos ancestrais, tendo como intermediários-intérpretes os sacerdotes.
Música
Nos primeiros anos de colonização, as ruas das primeiras cidades brasileiras já assistiam as festividades de coroação do “rei Congo”, que simbolicamente representava uma sobrevivência dos costumes dos potentados bantos de animarem suas excursões e visitas diplomáticas com danças e cânticos festivos.
A música conguesa ofereceu as bases do que hoje conhecemos como samba. O lundu tinha como coreografia a umbigada. Nas grandes cidades, o lundu e o batuque foram se misturando a ritmos europeus como a polca surgiram modalidades diferentes de músicas surgidas no interior do Brasil. O samba rural batido na palma da mão, no pandeiro, forma uma outra diversidade do sambam.
Na música evidencia-se o samba, descendente direto das danças de umbigada. O Samba de Roda é um ritmo binário, tocado nos atabaques, originalmente e dançado numa roda grande onde, um a um, os participantes mostram sua dança. Os instrumentos de origem africana usados para músicas religiosas ou profanas mais conhecidos são:
. Afoxé, uma cabaça coberta com bolinhas que giram conforme os movimentos do músico;
. Agogô, composto de duas a quatro campânulas ligadas pela ponta;
. Berimbau, usado para fazer repercussão da capoeira;
. Caxixi, um pequeno cesto de palha trançada contento sementes ou arroz para a produção do som;
. Cuíca, tambor com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno;
. Kora, feito de cabaça a cordas de pele de antílope;
. Reco-reco, uma madeira com ranhuras transversais que são friccionados pra obter o som;
. Quissanga: Instrumento angolano constituído por pequenas barras de metal de diversos tamanhos, presas a uma base de madeira e tocadas pelos dedos polegares.
. Djembe: Membranofone de origem africana da Guiné, pertencente à família dos tambores de taça. Tem um corpo de madeira esculpido em forma de cálice, com esticadores a toda volta.
Danças sagradas africanas
. Xirê
A dança africana é uma forma de expressão artística muito complexa, inserida num contexto dentro da sociedade africana e afrodescendente mundial. No Brasil coube ao Candomblé, preservar a maior parte das danças sagradas africanas. No culto religioso a dança possui um papel fundamental, pois é ela que religa o homem ao seu lado divino, é a dança que leva a uma compreensão e comunhão com a Natureza e a vida. Os movimentos, as partes do corpo utilizadas, as roupas vestidas, a música, cada elemento têm um sentido próprio, porém juntos podem ter outro significado.
. Tambor de Mina
O Tambor de Mina cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo feminino e por isso, alguns falam num matriarcado nesta religião. Os homens desempenham principalmente a função de tocadores de tambores ou abatazeiros e também se encarregam de certas atividades do culto. Algumas casas são dirigidas por homens e possuem maior presença de homens, que podem ser encontrados inclusive na roda de dançantes. Existem dois modelos principais de tambor de mina no Maranhão: mina Jeje e mina Nagô. O terreiro mais antigo, que deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840.
. Congado
Um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos, com um tipo de dança dramática na coroação do rei do Congo, em cortejo com passos e cantos, onde a música é o “fundo musical” da celebração. É um movimento cultural sincrético, um ritual que envolve danças, cantos, levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas, expressos na festa do Rosário plenamente no mês de outubro. São utilizados instrumentos musicais como cuíca, caixa, pandeiro e reco-reco, os congadeiros vão atrás da cavalgada que segue com uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário.
. Afoxé
Um dos ritmos trazidos pelos escravos que na língua dos Yorubás significa "dança da felicidade". Este tipo de dança serve como base de muitas festas religiosas e animistas em todo o país. É uma mistura de movimento, som, e cores, refletindo a sensualidade e o espírito do Brasil como grande mistura étnica e cultural. Na Bahia é um cortejo que sai no carnaval e apresenta aspectos místicos e mágicos, fundamentados em preceitos religiosos ligados ao culto dos Orixás. Vários instrumentos musicais de origem africana são usados para marcar o ritmo. Entre eles, podemos destacar os agogôs e atabaques.
Danças folclóricas
. Moçambique
Uma dança realizada para uma simples diversão também pode remeter a outra coisa, uma corrente simbólica infinita. Inicialmente, os escravos celebravam cerimônias sagradas baseadas nas suas tradições étnicas e religiosas. Esse estilo é bem conhecido pela sua versatilidade e vitalidade, embora algumas variações permaneçam muito perto das suas raízes do Afoxé.
Moçambique é uma dança folclórica de origem negra, praticada em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, no Brasil, durante as festas religiosas do divino e folia de reis, entre outras. É constituída por um cortejo que percorre as ruas dançando e cantando, com instrumentos de percussão, de corda e guizos presos aos tornozelos. Os participantes formam uma esteira de losangos com bastões, pulam, agacham, e sacodem, sem tocar nos bastões. Enquanto dançam e louvam aos santos, em solo e coro.
.Capoeira
O termo capoeira significa “o mato que nasce depois do desmatamento”, provavelmente porque era praticada entre esses matos, com os lutadores próximos ao chão, para não serem descobertos pelos seus senhores. É preciso dizer que nessa época a capoeira era uma prática proibida, pois com os escravos treinando sua forma de defesa pessoal, poderiam trazer problemas para aqueles que se consideravam seus “donos”. No entanto, ainda que proibida, a capoeira nunca deixou de ser praticada e ensinada.
Culinária
Os Africanos quando foram trazidos para o Brasil já eram dotados de um vasto conhecimento culinários, deixando alguns ingredientes que se tornaram marcantes na culinária brasileira. Introduziu na cozinha o leite de coco, o azeite de dendê, o feijão preto, o quiabo e ensinou a fazer o vatapá, caruru, mugunzá, acarajé, angu e pamonha; pratos típicos da culinária baiana, sem falar nas adaptações feitas pelos em alguns pratos tipicamente portugueses, misturando com ingredientes tipicamente brasileiros ganhando um sabor específico variando das regiões e das tribos africanas.
Frutos do mar, outro ingrediente bem explorado, fez surgir pratos com a grande utilização do camarão seco. E no cozimento, ensinou-nos a utilizar as panelas de barro e a colher de pau.
Certamente, a influência africana se deu mais no Nordeste brasileiro, onde principalmente na Bahia, chamam de “comida do azeite” em referência ao azeite de dendê, que nada mais é do que um óleo extraído da polpa do fruto da palmácea, que pode ser usado na conservação de alimentos. A religiosidade, como o Candomblé é um grande difusor da culinária, por suas oferendas aos Orixás.
Os negros faziam farinha de mandioca, conhecida pelos índios. Comiam o milho sempre cozido em forma de papa, angu ou fervido com leite de vaca, em preparo semelhante ao atual mugunzá.
Da África herdamos a banana, umas das principais, se não podemos dizer a principal fruta do cardápio cotidiano dos brasileiros, tendo ainda a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar. Da África Central, herdamos a mandioca, da África Oriental caracterizada pela influência recebida do Oriente, inúmeros pratos são enriquecidos com molhos e especiarias importadas da Índia, China, Arábia, Iêmen, e do Líbano.
Famosos pratos brasileiros de origem africana
. Abará ou abalá: bolo de feijão fradinho cozido com sal, pimenta, azeite de dendê e camarão seco. É enrolado em folhas de bananeira e cozido em vapor.
. Aberém: massa de milho cozida em banho-maria, sem levar tempero. Acompanha vatapá, caruru.
. Acarajé: massa de feijão fradinho, com condimentos. Forma uma espécie de bolinho, e é frito no azeite de dendê. Serve-se com camarão, pimenta, entre outros.
. Bobó: massa que pode ser de feijão mulatinho, inhame, aipim. É cozida e temperada com azeite de dendê, camarão e condimentos. Come-se puro ou com carne ou pescado.
. Cuscuz: massa de milho pilada, cozida e umedecida com leite de coco (o original africano era feito com arroz e com outros condimentos ao invés do leite de coco).
.Cuxá: diz-se no Maranhão do arroz cozido, temperado com folhas de vinagreira, quiabo, gergelim torrado e farinha de mandioca.
. Mungunzá: milho cozido com leite de vaca ou de coco.
. Quibebe: sopa de abóbora com leite de vaca ou coco. Há variações com carne seca, toucinho, quiabo, maxixe etc.
. Vatapá: um tipo de caldo grosso feito de pão dormido, farinha de trigo e camarões, servido com peixe, bacalhau ou galinha, acrescido de pimenta, azeite de dendê, leite de coco e condimentos.
Dentre os ingredientes conhecidos no Brasil que tiveram origem na África, estão também a Marula (fruta que dá origem ao licor), o leite de coco, o azeite-de-dendê, o cuscuz, o quiabo, a galinha d’angola e a pimenta malagueta.
Na visão religiosa, os Elementos do Universo dividem-se em:
3 .Matéria (a matéria existe em vários estados, pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria, pois é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito), constituindo o princípio de tudo que existe, sendo considerado o mistério da Trindade. A união do espírito e matéria é formada pelo fluído universal que também pode ser chamado de "matéria cósmica primitiva", é o elemento primordial gerador dos mundos e dos seres. Esse fluido preenche todo o universo. Podemos dizer que tudo se encontra mergulhado nesse fluido. Todos os corpos são formados desse elemento primitivo, que se modifica para dar origem aos corpos chamados simples. Este elemento primitivo é que determina as diversas propriedades que a matéria apresenta, devido às modificações que as suas moléculas elementares sofrem por efeito de sua união, em certas circunstâncias. Esta matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e adquirir todas as propriedades, podendo dizer que tudo está em tudo. Dessa forma, o oxigênio, hidrogênio o carbono e todos os corpos que consideramos simples, são meras modificações de uma substância primitiva.
Esse fluido está colocado entre o Espírito e a Matéria. Esse fluido universal ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
Formação dos Mundos
Como produto que são da aglomeração e da transformação da matéria, os mundos hão de ter tido, como todos os corpos materiais, começo e terão fim, na conformidade de leis, as quais desconhecemos. Até certo ponto, pode a ciência formular as leis que lhes presidiram a formação e remontar ao estado primitivo deles. O Universo abrange a infinidade dos mundos que vemos e os que não vemos, todos os serem animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que os enchem. A razão nos leva a concluir que o Universo não pode ter se formado por si mesmo, nem por obra do acaso, mas que há de ser obra de Deus. Deus criou o Universo por sua vontade onipotente. Quanto ao modo de formação dos mundos o que conhecemos é que eles, se formam pela condensação da matéria disseminada no espaço. Deus renova os mundos, como renova os seres vivos, assim, um mundo completamente formado, poderá desaparecer e a matéria que o compõe disseminar-se de novo no espaço.
Formação da Terra
A Terra continha germens dos seres vivos que aguardavam momento favorável para o desenvolvimento. Os princípios orgânicos se congregaram desde que cessou a atuação da força que os mantinham afastados, e formaram germens de todos os seres vivos, os quais, ficaram em estado latente de inércia como as crisálidas e as sementes das plantas, até o momento propício ao surto de cada espécie. Os seres de cada uma destas espécies, reuniram-se e multiplicaram-se. Os elementos orgânicos antes da formação da Terra se encontravam em estado de fluido no espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra, para começarem existência nova em novo globo. A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre e veio há seu tempo. Foi o que deu lugar a que se conhece que, o homem se formou do limo da Terra.
Aparecimento do Homem na Terra
Quanto à época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na terra, todos os cálculos humanos são quimeras. O princípio das coisas está nos segredos de Deus. Entretanto, pode-se dizer que os homens, espalhados pela terra absorveram em si mesmos, os elementos necessários à sua própria formação para transmiti-los segundo as leis de reprodução. O mesmo se deu com as diferentes espécies de seres vivos. O homem surgiu em diferentes pontos do globo e, em várias épocas, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças, além dos fatores de clima, da vida e dos costumes.
Criação dos Seres Vivos
Seres Orgânicos: Os seres que tem em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados, às necessidades que a sua própria conservação lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas.
Seres Inorgânicos: Os seres inorgânicos carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.
A força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e inorgânicos é a mesma. A matéria que compõe esses corpos também é a mesma, porém, nos corpos orgânicos está animalizada pela sua união com o princípio vital. A vida é um efeito, devido à ação de um agente sobre a matéria que é o princípio vital. Esse princípio sem a matéria não é a vida, Ao mesmo modo que a matéria não pode viver sem ele.
O princípio vital se origina do Fluido Universal. É um só para todos os seres vivos, mas modificado segundo as espécies. É ele quem lhes dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte.
Reinos da Natureza
Os seres da natureza estão classificados em três reinos: Mineral, O Vegetal e Animal.
O homem está incluído no último desses reinos, mas, considerando em sua integralidade, distingue-se o homem pela sua inteligência e racionalidade. No homem brilha, pois a luz da razão que lhe faculta o conhecimento das leis universais e à qual se junta o senso moral, que o eleva acima dos outros seres, pela percepção das Leis Morais e a intuição de Deus.
Entre os três reinos se reconhece formas de transição de tal modo sutis, que entre elas se tornam ambíguas a definição absoluta dos três reinos. Há porem, em caráter distintivo entre os seres minerais e os outros grupos: é a ausência de vida dos minerais e a presença dela nos vegetais e animais. Por isso, a divisão entre orgânicos e inorgânicos.
A presença de vida se traduz, nos vegetais e animais pela organização celular da matéria de seus corpos e do aparecimento das grandes funções de nutrição e reprodução.
Seres do reino mineral: só manifestam uma força mecânica, decorrente da matéria de que são formados. Apenas existem inertes e brutos, faltando inteligência e vontade, nem mesmo instintos revelam. Se algum princípio diferente da matéria existe, está completamente abafado, dorme em estado de latência e inatividade.
Seres do reino vegetal: já apresentam o movimento interior da vida, realizando um completo ciclo vital: nascem, crescem, nutrem-se, desenvolvem-se, se reproduzem e morrem. Além da matéria densa, apresenta um princípio sutil e dinâmico, o princípio vital. Entretanto, esses seres não revelam também consciência alguma da sua existência, não sentem prazer ou dor, não tem percepções ou sentimentos, só tem vida orgânica que lhes é comunicada por sua união com o princípio vital.
Seres que formam o reino animal: existem e vivem como os vegetais, mas acrescidos dos movimentos e as sensações. Ainda há a prevalência do instinto sobre a inteligência. Pelo corpo material o homem se assemelha aos animais, deles se distinguindo totalmente pela sua natureza espiritual, por sua alma, que confere razão e senso moral. O Homem tem ainda a faculdade de pensar em Deus.
Religiosidade afro-brasileira
Ao longo dos anos os escravos africanos deixaram em nosso País uma das heranças culturais mais marcantes, ou seja, sua religiosidade. A história nos mostra que no decorrer dos séculos a matriz africana foi construtiva em nosso País, pois os escravos pertenciam a diversas etnias com idiomas e tradições distintas provenientes de diversas regiões do continente africano e, em nosso País souberam assimilar, interpretar e recriar certas práticas de outras culturas com os quais estiveram em contato. Foi esta miscigenação que uniu traços distintos com diferentes visões de saberes e fazeres para a formação de nova cultura, a afro-brasileira.
Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar á macumba e amoldaram-se às regras dos candomblés nagôs, não se distinguindo deles senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um candomblé de caboclos e adotaram cantos em língua portuguesa, ao passo que os candomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
Nas senzalas, por debaixo dos altares cristãos, escondiam-se os símbolos do Candomblé. O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodou haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos(similar ao Tchamba africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yoruba, os quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil
O Candomblé é uma das religiões nascidas no Brasil que tem por base a adoração da Natureza, da sua alma, sendo por isso chamada de anímica. Contudo a crença de um deus criador, comum a todas as nações africanas levou à sua assimilação com o Deus dos cristãos. Esta assimilação foi aceita pela maior parte dos seguidores do candomblé que combinam elementos tradicionais africanos com aspetos da religião cristã. A perseguição da Igreja a estas práticas foi persistente, mas o Candomblé conseguiu sobreviver até aos dias de hoje integrando adeptos de toda a sociedade.
Candomblé é uma religião "monoteísta" embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
Os africanos prezam muito a moral e acreditam até que esta é bem semelhante à religião. Acreditam também que o homem precisa respeitar a natureza, a vida e os outros homens para que não sejam punidos pelos espíritos com secas, enchentes, doenças, pestes, morte, etc. Não utilizam textos e imagens e praticam seus rituais a partir do conhecimento repassado através de gerações antigas, por Griôs. Um Griô é um contador de histórias e estórias armazenadas em sua memória, pois a oralidade não é encontrada em livros, revistas ou jornais. Normalmente é um cargo ocupado pelo mais velho da tribo que narra às lutas, as glórias e inglórias de um povo e, com o tempo prepara outro para ocupar seu cargo, pois quando o Griô fecha os olhos e se cala, se não tiver um substituto a História se calará também.
Cultos mais praticados no Brasil
. Tambor de Mina
Praticado no Maranhão de acordo com a tradição Jeje-nagô. Os filhos de santo incorporam voduns, orixás e caboclos.
. Xangô
Praticado principalmente em Pernambuco. As diferenças com relação ao candomblé são sutis: o dia de oferenda ao orixá ou a fixação do couro no atabaque.
. Candomblé
Comum principalmente na Bahia segue a tradição ioruba e cultua os orixás. Cada um contém uma qualidade específica da natureza.
. Culto aos Egunguns
Praticado sob a direção de um sacerdote mais velho, que evoca as almas dos mortos. Encontrado principalmente na ilha de Itaparica, na Bahia.
. Islamismo
Trazido pelas nações Haussás, Malês e Fula (vindas do reino muçulmano do vale do Níger), em 1835 o Islã negro liderou a Revolta dos Malês, em Salvador.
. Umbanda
Nome dado em vários estados, em especial Rio e São Paulo, para a fé que assimila várias linhas religiosas: culto aos ancestrais, culto aos orixás.
. Batuque
Fruto de religiões dos povos da costa da Guiné e da Nigéria, de nações Jeje, Ijexá, Oyó e Oba, cultuam os orixás e é encontrado principalmente no Rio Grande do Sul.
Iorubas. Várias nações ocupavam essa área: Mina, Níger, Fanti-Aschanti, Oyo, Jeje, Ketu e Ijexá. Seus moradores cultuavam voduns e orixás.
. Bantu
Na região que comportava as nações de Benguela, Angicos, Macuas e Cabinda, praticava-se o culto aos ancestrais.
Origem do Africanismo
O Africanismo é um tema misterioso que envolve seus iniciados e adeptos de uma forma mística, despertando nossa energia interior para conectar-se com as energias da Natureza. Aprendi que somos espíritos evolutivos e como tal devemos nos comportar nos educando para vidas futuras e aguardando com humildade a determinação de Zambi para o retorno ao Planeta Terra em busca do resgate Kármico. Aprendi que meu semelhante deve ser respeitado, que sua crença não deve ser discutida e que minha verdade não deve ser exaltada. Embora cada Nação tenha seus próprios rituais, todas têm uma finalidade única, ou seja, o Culto aos Orixás.
Nosso acervo de livros sobre Orixás, a nível Nacional ou Internacional é imenso, são obras literárias de um valor inestimável, ricas na dissertação e ilustração que se multiplicam, mas quando provém de grandes Sacerdotes, que tem como origens raízes totalmente puras, ou seja, sem uma mistura eclética a leitura se torna difícil de ser entendida, principalmente quando é baseada no vocabulário Yorubá. Em respeito aos meus rituais e aos rituais dos irmãos de fé, me reservo a não dissertar sobre os segredos que são transmitidos por nossos ancestrais, ao filho Iniciado.
As Nações e o Candomblé
Em sua viagem para o desconhecido o negro perdeu sua identidade, pois aqui foi escravizado, restando apenas à liberdade de sentimento, pensamento e a fé que era considerado seu tesouro, pois ela o homem branco, seus senhores, não poderiam escravizar. Aqui o negro semeou sua potencialidade religiosa, iniciando com os cultos dos Caboclos. Posteriormente motivados por sofrimento e dor apareceram os “feitiços ou ebós” para a defesa de sua linhagem, desenvolvendo o Candomblé. A palavra Candomblé tem origem Banto, região africana entre a Nação Gêge e Nagô e significa “casa onde batem os pés”. É tida como crença originaria da Nigéria e composta de várias nações que, após lutas tribais, subdividiram-se em: Angola, Congo, Gêge, Nagô (Yorubá), Ijexá e Ketu, etc. Estas nações distinguem-se tanto na qualidade de seus deuses Orixás, quanto na forma dos atabaques, nos dialetos, nas nomenclaturas, nas vestimentas e nos rituais. O Candomblé é um culto entusiástico em que, através do transe e da possessão, certos iniciados se ocupam dos espíritos invocados. Podem ainda, comunicar-se com os humanos através do código ritual de um jogo divinatório denominado “Ifá”.
A cultura negra vem funcionando como uma fonte permanente de resistência e dispositivos de denominação e, também, como mantenedora de equilíbrio emocional do negro no Brasil. Algumas das religiões negras são: O Culto Nagô (proveniente da Nigéria, implantados pelos iorubas e seus descendentes, de língua Ioruba – chama as forças da natureza de Orixás), O Culto Jêje (proveniente do antigo Daomé, implantado por descendentes da família real do Abomey, pelos fon ou mina, de língua, chamam as forças da natureza de Voduns), O Culto Banto (proveniente de vários países Candomblé Congo), o Candomblé de Angola, Omolokô, Candomblé de Caboclo, que denominam suas forças de Inquices.
Os negros que formavam a Nação de Ketu ou Queto (nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de Alaketu) a maior e a mais popular Nação do Candomblé, religião Afro-Brasileira, descendente dos cultos religiosos da região dos Sudaneses, de cultura Yorubana. Quando aqui chegaram formaram por volta do século XIX, estavam divididas em associações com as confrarias e irmandades. As primeiras irmandades negras, a de Nossa Senhora da Boa Morte para mulheres e de Nosso Senhor do Martírio para homens, teriam fundado o Candomblé. Foram organizadas e receberam as bênçãos da Igreja, pois representavam um aspecto importante do Brasil Colonial e do escravagismo e serviram de espaço para a expressão da nova religião denominada Candomblé. Casas religiosas que podem ser atualmente encontradas e a ancestralidade evidencia a impressionante vitalidade da tradição oral e das formas de organização religiosa dos povos africanos no Brasil em todos os Estados.
Neste culto, os deuses são chamados de Orixás e representam forças da natureza como o ar, o vento, o fogo e outros. A língua ritual destes cultos é composta de fragmentos de Iorubá arcaico e de alguns termos de outras línguas com as quais foi se mesclando no decorrer do tempo. Toda a simbologia do candomblé Ketu como ritmo, cores, cantigas (rezas) músicas, comidas rituais e, fundamentalmente, o rito de iniciação, são marcados fortemente pelos valores culturais dos negros Yorubanos, tendo como Pai, Olorum.
O Candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.
Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.
Acreditam na vida após a morte, e que os espíritos dos babalorixás falecidos possam materializar-se em roupas específicas, são chamados de Babá Egum ou Egungun e são cultuados em roças dirigidas só por homens no Culto aos Egungun, os espíritos das iyalorixás falecidas são cultuados coletivamente Iyami-Ajé nas sociedades secretas Gelede, ambos cultos são feitos em casas independentes das de candomblé que também se cultuam os eguns em casas separadas dos Orixás.
Acreditam que algumas crianças nascem com a predestinação de morrer cedo são os chamados abikus (nascidos para morrer) que podem ser de dois tipos, os que morrem logo ao nascer ou ainda criança e os que morrem antes dos pais em datas comemorativas, como aniversário, casamento, etc.
No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Depois da libertação dos escravos começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos, que eram consideradas pagãs como os orixás.
Mesmo usando imagens e crucifixos inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo o que era isso. Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.
Os Templos de candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros.As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista: As Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguineos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central. Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente. Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorixá.
A lei federal nº. 6.292 de 15 de dezembro de 1975 protege os terreiros de candomblé no Brasil, contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural daBahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.
A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma Ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa.
No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados por tipo de iniciação ao sacerdócio.
Culto de Ifá participam tanto homens quanto mulheres, sendo um Culto patriarcal conduzido pelos Babalawos; Culto aos Egungun participam tanto homens quanto mulheres, sendo Culto patriarcal que lida diretamente com a ancestralidade, conduzidos pelos Ojés; Candomblé Ketu participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens (Babalorixás) quanto por mulheres (Iyalorixás), entram em transe com Orixá; Candomblé Jeje participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres Vodunsis, entram em transe com Vodun; Candomblé Bantu participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.
Religiosidade afro-brasileira
Candomblé e a Fé
Mistério de luz, mistério de amor, mistério da vida, mistério da natureza divina, mistério da natureza humana, mistério da verdade, mistério da alma, enfim: mistério é o todo intransponível que só a fé pode penetrar.
Orixás
A palavra Orixá significa: Ori (Cabeça + Xá = Senhor ou “Senhor da cabeça ou senhor da luz”). O “Ori” é o responsável pela vida e desenvolvimento do corpo desde a fecundação, responsável pelos quatro planos de consciência ou expressão: Físico, Emocional, Mental e Intuitivo. Em minha concepção de religiosidade os Orixás não são Deuses, e sim, Divindades, forças cósmicas que atuam sobre a natureza do planeta e são emanadas por essa própria natureza. uma energia superior, a qual respeitamos ,pois regem nosso nascimento, nosso destino e nossa morte, correspondendo a pontos de forças da Natureza. A cada Orixá está associada uma personalidade e um comportamento diante do mundo e com seus filhos, os quais, são seus protegidos e uma parte das emanações do próprio Orixá, presentes no Orí (Cabeça) desses filhos.
Divisão dos Orixás
A Natureza é um mistério Divino, o qual não deve ser desvendado, apenas inquirido. Enquanto a natureza visível é habitada por um número grande de seres dividida em seus três reinos animal, vegetal e mineral, a natureza invisível é povoada de energias divididas entre os quatro elementos: Terra, Água, Ar e Fogo, os quais representam os quatro valores básicos da vida e sua evolução através de seus reinos.
Elemento Fogo
O Elemento Fogo representa a mudança, vontade e paixão. Em certo sentido ele contém dentro dele todas as formas de magia, pois a magia é o processo de mudança. A Magia do fogo pode ser assustadora, os resultados se manifestam de forma rápida e espetacular. O fogo não é um elemento para os fracos. Simboliza também a faísca de divindade que brilha dentro de nós e de todas as coisas vivas. Os Orixás deste Elemento atuam na energia, espírito, calor, sangue, vigor, vida, vontade, cura, destruição, purificação, fogueiras, lareiras, velas, sol, erupções, explosões, liberdade, mudança, visão, percepção, iluminação, aprendizagem, amor, paixão, sexualidade, autoridade, a vontade de ousar, criatividade, lealdade, força, transformação, proteção, coragem, eu superior, sucesso, refinamento, as artes, evolução, fé, exercícios físicos, consciência corporal, vitalidade, autoconhecimento, poder.
Elemento Ar
O Elemento Ar representa o intelecto, é a realidade do pensamento que é o primeiro passo para a criação. É também o movimento, o ímpeto que manda a visualização na direção da concretização. Ele também pode ser usado para ajudar no desenvolvimento de faculdades psíquicas. Este Elemento é masculino, seco, expansivo e ativo. O ar governa o Leste, pois esta é a direção da maior luz, a da luz da sabedoria e conscientização. Os Orixás deste elemento atuam no trabalho mental, intuitivo e psíquico, o conhecimento, aprendizagem abstrata, o vento e a respiração, inspiração, a audição, harmonia, pensamento e crescimento intelectual, viagem, liberdade, revelando a verdade, encontrando coisas perdidas, habilidades psíquicas, instrução, telepatia, memória, a habilidade o saber e o entender, conhecer os segredos dos mortos, meditação zen, discussões.
Elemento Água
O Elemento Água representa a purificação, da mente subconsciente, do amor e todas as emoções. É o elemento da absorção e germinação. O subconsciente é simbolizado por este elemento, pois está sempre em movimento, como o mar que nunca descansa quer seja noite ou dia. Os Orixás deste Elemento atuam: nas emoções, sentimentos, amor, coragem, ternura, tristeza, intuição, a mente inconsciente, o ventre, geração, fertilidade, plantas, cura, comunicação com o mundo espiritual, purificação, prazer, amizade, casamento, felicidade, sono, sonhos, o psíquico, o eu interior, simpatia, reflexão, marés e correntes da vida, o poder de ousar e purificar as coisas, sabedoria interior, busca da visão, curar a si mesmo, visão interior, segurança, jornadas
Elemento Terra
A Terra é o elemento ao qual somos mais próximos, já que é nossa casa. A terra não representa necessariamente a Terra física, mas aquela parte da terra que é estável, sólida, da qual dependemos. A Terra é o reino da abundância, prosperidade e riqueza. Ela é o mais físico dos elementos, pois sobre ela todos os três se apoiam. Sem a terra, a vida não existiria. Os Orixás deste Elemento atuam: no corpo, crescimento, sustentação, ganho material, dinheiro, nascimento, morte, silêncio, rochas, pedras, cristais, joias, metal, ossos, estruturas, noite, riqueza, tesouros, rendição, força de vontade, toque, empatia, crescimento, mistério, conservação, incorporação, negócios, prosperidade, emprego, estabilidade, sucesso, fertilidade, cura, forças da natureza combinadas, abundância material, sabedoria prática, força física, ensino.
A palavra Exu é de origem Iorubá, entre os vários significados, um define a sua atuação: esfera, ou seja, que está em toda parte. Este Orixá é o senhor do princípio e da transformação, é o elo entre o homem e os Orixás. Exu é a figura mais importante da cultura Iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através do Exu é possível chegar aos demais orixás e ao Deus Supremo, Olorum. Exu fala todas as línguas e permite a comunicação entre os orixás e os homens. Orixá dos caminhos, caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou distanciarem-se. É um Orixá temperamental, dual, mas um grande amigo e guardião. Exu é a divindade que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como merece, saberá retribuir. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exú recebeu de IFÁ O Oráculo - o poder da adivinhação e através do jogo de Búzios, traduz a fala dos orixás. De acordo com Ifá cada ser possui seu Exu Individual que deve ser alimentado com palavras, pensamentos e obras saudáveis para que possa adquirir a sabedoria de encaminhar seus pedidos de forma a serem atendidos. A instrução de seu assentamento se dará através do Jogo de Búzios e com o Axé do Sacerdote do Ilê.
Aprendi nestes longos anos de sacerdócio que no Candomblé, para cumprir obrigação com um determinado Orixá é necessário em primeiro lugar servir o Exu, pois desta forma afasta tanto os perigos espirituais como os materiais, aprendi que apenas os Sacerdotes ou Iniciados com os Axés respectivos, principalmente o Obé (axé de faca) podem ofertar axorô (sangue de um animal) para os mesmos. O Ritual do axorô é proveniente do povo de Angola, pois os mesmos cultuavam o Exu desta forma em seus assentamentos - “etás ou otás ou ocutás”.
Existe uma grande controvérsia qual é o Exú Guardião que corresponde a um determinado Orixá, a única certeza que temos é que cada Orixá tem um Exu guardião a seu serviço, o qual é auxiliar do mistério de cada Divindade. Embora não incorporem nos médiuns nos rituais de candomblé são indispensáveis para todos os trabalhos, pois são os responsáveis pela “limpeza” de toda negatividade de pensamentos, palavras e obras.
Características do Orixá
Região da África: Exu é universal.
Saudação: Laroiê ou Lalupagema Lalupô.
Odu Regente: Okaran e Owarín.
Dia: Segunda-feira embora todos os dias a ele pertençam.
Cor: vermelho e preto.
Elementos: Fogo e Terra.
Cores: preto e vermelho.
Emanações: As mais conhecidas são: Oba Iangui ou Omixangui o primeiro, foi dividido em várias partes segundo os seus mitos. Exu Elegbára ou Legba - senhor do poder. Alaketu: cultuado na cidade de Ketu onde foi o primeiro senhor de Ketu, É o Exu do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro. Odara: É invocado no PADE. Providencia a comida e a bebida de todos. É benéfico aprecia mel e vinho, gosta de branco, mas usa vermelho e preto, nos traz a fortuna. Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios. Akesan: exerce domínios sobre os comércios, fala pelos búzios. Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Ina: quando é invocado na cerimônia do Ipade regulamentando o ritual. Onan: referência aos bons caminhos, a maioria dos terreiros tem-no, seu fundamento, reza que não pode ser comprado nem ganho e sim achado por acaso, usa vermelho, preto e azul arroxeado. Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio, é sempre o primeiro a ser invocado, veste o preto e o vermelho. É o dono do dendê, é ele que carrega o dendê na peneira. Lodo: senhor dos rios, função delicada, dado a conflitos de elementos. Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação. Eledu: estabelece o seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado. Olobé: domina a faca e objetos de corte. É comum assentá-lo para pessoas que possuem posto de Axogun, sua cor é azul arroxeado. Marabô: aspecto de Exu onde cumpre o papel de protetor ou guardião. Tiriri: é quem acompanha Ogum pelas estradas, usa vermelho ou todas as cores. Lalu: Exu dos caminhos de Oxalá, sua roupa é branca.
Símbolos: Ogó, forma fálica, falo ereto.
Exú Mensageiro: todos os Exus e todas as Pombas Giras.
Ponto Cardeal: Sul, mas responde nos quatro quadrantes.
Cor: Vermelho e Preto.
Mineral: usa com muito proveito o carvão vegetal e mineral, carbureto, enxofre. Em trabalhos de magia preferem ferro, chumbo e alumínio na forma de limalhas e também o mercúrio.
Seus domínios: Encruzilhadas abertas: Para todos Exus (indistintamente). Encruzilhadas fechadas: Para todos os Exus (indistintamente), Encruzilhadas em "S" ou curvas: Exu Tira Teima, Encruzilhadas em pé de galinha: Todas as Senhoras Pomba Gira.Sexo, magia, união, poder.
Pedras:Rubi e Granada.
Planetas: Saturno e Plutão
Comidas: Fígado, coração e bofe de boi, cortados em pedaços miúdos, misturados com dendê, camarão seco socado e cebolas cortadas em rodelas, em um alguidar ou Mi-Ami-Mi:farofa amarela misturada no dendê oubifes de boi, farofa de dendê, farofa de mel (para a Pomba-Gira), carne-seca em pedaços ou desfiada, com azeite de dendê, com ou sem pimenta, cebola, limão, gengibre em rodelas. Tomate em rodelas e ovo cozido (para Pomba-Gira), acaçá de milho.
Sacrifício: bode, galo, pombo preto.
Bebidas: aguardentes (marafo), meladinha (mistura de mel, aguardente e limão), uísque, conhaque, suco de frutas doces. Para Pomba-Gira são comuns anis, champanha, licores diversos.
Frutas: Banana, lima, limão, laranja.
Doces: marmelo e amendoim.
Flores: vermelhas.
Ervas: Amendoeira, Amoreira, Angelim-amargoso, Aroeira, Arrebenta Cavalo, Arruda, Avelós, Azevinho, Babosa, Bananeira, Bardana, Bambu, Beladona, Beldroega, Brinco-de-Princesa, Cabeça-de-nego, Cajueiro, Cana-de-açúcar, Cardo-santo, Catingueira, Crista-de-galo, Cebola, Comigo-ninguém-pode, Erva-Facheiro-Preto, Fedegoso, Fumo, Figo Benjamim, Figo do Inferno, Folha da Fortuna, Jurema Preta, Jurubeba, Lanterna Chinesa, Laranjeira do Mato, Mamão Bravo, Mangueira, Manjerioba, Maria Mole, Mata Cabras, Mata Pasto, Palmeira Pimenta, Pinhão Branco, Pinhão Coral, Pinhão Roxo, Pixirica, Urtiga Branca, Urtiga Vermelha.
Partes do Corpo: Sensações de sede e de fome, cavidade do Ori (cabeça), cavidade do útero, atividade sexual (não da atividade procriadora, da fecundação, pois ele é o resultado, o descendente), placenta fecundada, os pés (bola dos pés), uma parte do fígado.
Arquétipos de seus filhos: são pessoas que trazem uma personalidade de dualidade oscilando em seus pensamentos e atitudes, necessitando de elogios constantes para alimentar seu Ego. São pessoas que gostam de dinheiro, poder e domínio, dessa forma, estando sempre atento as oportunidades que lhe batem à porta. São pessoas com grande facilidade de comunicação, conseguindo alcançar seus objetivos através de sua lábia, são amigos de quem os serve ou agrada, mas inimigos ferozes de quem se interponham em seu caminho. São alegres, sociais e sentem um grande prazer em frequentar.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Oxalá, Iemanjá, Iansã, Oxalufã, Exu, Oxumarê e as filhas com os filhos de Oxum, Oxumarê, Iansã, Oxossi, Oxaguiã e Exu.
Oração: É meia-noite, o galo já cantou e o Meu Pai Exú na encruza já chegou. Saúdo tua energia e peço que mantenhas nossos caminhos abertos para que possamos nos livrar de todos os perigos de aço e de fogo, da inveja e do olho gordo, que sejam afastados os inimigos visíveis e invisíveis, que vossa energia nos acompanhe no dia a dia para que os obstáculos de nossa jornada sejam transpostos com segurança material e espiritual. Laroê, Lalupagema, Lalupô meu Senhor.
Divindade da guerra, defensor da lei e da ordem, dos oprimidos, vencedor das demandas materiais e espirituais, é um temível guerreiro, violento e implacável. Ogum também é responsável pelos caminhos, pois protege o homem em sua jornada livrando-o dos perigos do dia a dia no caminho a percorrer. Este orixá é protetor daqueles que trabalham com o aço, ferro, tecnologia e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins. Ogum protege, mas quer ser respeitado e gosta que suas ordens sejam obedecidas, é um grande militar e conquistado.
Características do Orixá
Região da África: Ilé Ifé
Saudação: Ogum iê
Emanação: Meje- É o mais velho de todos, ou seja, a raiz dos outros, conhecido como velho solteirão rabugento. Oniré - Guerreiro impulsivo é o cortador de cabeças, ligado à morte e aos antepassados, muito dominador, explosivo e ao mesmo tempo transforma sua agitação em tranquilidade. Xoroquê – muitas vezes por sua grande versatilidade e instabilidade é confundido com Exú. Wori – considerado extremamente perigoso por sua ligação com a bruxaria, sua energia é indestrutível e misteriosa. Alagbede – é uma energia ligada ao trabalho daqueles que lidam com o ferro, traz a força e a paciência para seus êxitos. Ajàká – este é o Ogum Guerreiro ligado aos militares, às armas, a força, as guerras. Akorô – ligado à floresta e aos caçadores, facilitando a caça quando significa alimento, é um Ogum amigo e companheiro em todos os momentos difíceis.
Símbolos: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas.
Odu Regente: Ejikomeji, Etaogundá, Owarín
Dia: terça-feira ou quinta-feira
Cor: Azul-escuro, Vermelho.
Elementos: Terra (estradas) e Fogo
Exú Guardião: Sete Encruzilhada
Ponto Cardeal: Norte
Metal: Ferro
Domínios: guerra, progresso, conquista, metalurgia.
Pedras: Rubi
Planetas: Marte
Comidas: Amalá - Coloca-se o feijão fradinho ou mulatinho, de molho para que a massa se torne mais macia ao cozimento. Leva-se ao fogo e deixa-se cozinhar até o normal. Na hora de temperar, retira-se uma porção de feijão cozido e refoga-se em uma frigideira com cebola e um pouquinho de camarões secos, ralados, adicionando-se o azeite de dendê. Leva-se a panela em que está o feijão cozido, juntando o que se refogou. Deixa-se dar uma boa fervura até que fique seco; retira-se, deixa-se esfriar e serve-se ao Orixá em tigela ou alguidar.
Sacrifício: galo, cabrito, boi avermelhado e galinha d’angola.
Bebidas: caldo de canjica branca com açúcar.
Frutas: todas
Flores: Cravo vermelho, crista-de-galo, açucena rajada, palma vermelha, antúrio vermelho, hibisco vermelho.
Doces: papa de milho.
Ervas: Abacateiro, Açoita-cavalo, Açucena-rajada, Arnica lanceta, Aroeira, Cabeluda, Canela, Cana-de-macaco, Cebola, Cinco-folhas, Comigo -ninguém-pode, Cana-do-brejo, Erva -tostão, Espada de-São-Jorge, Goiabeira, Helicônia, Ipê, Jabuticaba, Jurubeba, Jambo-amarelo, Jambo-encarnado, Jurupitã, Limão-bravo, Losna, Mangueira, Musgo marinho, Óleo-pardo, Pau Roxo, Pinheiro, Romã, Sangue-de-Dragão, São-gonçalinho, Sabugueiro, Tanchagem, Vassourinha-de-igreja.
Parte do corpo: mãos, sangue.
Arquétipos de seus filhos: Seus filhos são falantes, alegres, risonhos, divertidos, possuem uma sexualidade aflorada, dificuldades de conviver sentimentalmente em todos os níveis, possuem uma sexualidade aflorada, são guerreiros e não se apegam à dinheiro ou conforto material O que realiza um filho de Ogum é o poder, a realização de suas metas, a batalha do dia-a-dia e, muitas vezes se tornam pessoas egoístas e extremamente teimosas.
Afinidades: Os filhos com as filhas Nanã, Iansã, Oxum, Iemanjá e as filhas com os filhos de Exú, Iemanjá, Oxumarê.
Oração: Meu Pai vencedor de demanda rogamos por teu auxílio para vencer os desafios de nossa jornada terrestre. Que meus inimigos se sintam derrotados com a lâmina de tua espada e que eu possa colher as vitórias das quais sou merecedora. Ilumina o caminho a seguir, traz a coragem nas horas de desespero e angústias. Ogun iê meu Pai.
Orixá do raio, trovão, justiça e do fogo. É um orixá temido e respeitado, é viril e violento, porém justiceiro, é o Orixá responsável por todas as questões ligadas à Justiça, é o Orixá do poder, da realeza e faz uso da força e da repressão para manter a autoridade, domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo, seu poder mágico reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome.
Características do Orixá
Região da África:Òyó e Kossô (reino vizinho ou subdistrito de Òyó)
Odu Regente:Ejilaseborá e Obará.
Saudação: Kawô Kabecilé
Dia: quarta-feira
Cor: vermelho e branco
Elementos: Fogo (labaredas), raios, formações rochosas
Emanações: São em número de 12, mas os mais cultuados são: Jacutá – regência geral da linha de Xangô (sem sincretismo), Alafin: Sua especialidade reside em fazer cessar as tempestades e auxiliar oradores intelectuais, vem junto com Oxalufã e Oxalaguiã. Alufã– Encaminhador das almas desencarnadas, sua vestimenta é branca e suas ferramentas são de metal, protetor dos pescadores. Agodô – Preside as cerimônias de fé e de batismo. Grande auxiliar das intuições puras. Aganju – Protetor dos lares, da harmonia conjugal. Abomi – O casamenteiro evocado com grande êxito nas horas de grande aflição. Afonjá: É aquele que fulmina seus inimigos com o raio.
Símbolos: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê.
Exú Guardião: Gira Mundo – responde para Xangô, trabalha no corte de negativos e desmancho de trabalhos de baixa magia cortando correntes numa situação tormentosa, correntes de atrito de ordem astral, desatando casos arrastados na justiça tendo trabalhos de magia interferindo no andamento e limpando os filhos de Xangô.
Ponto Cardeal: Sul
Metal: O cobre, ouro e chumbo.
Domínio: justiça, formações rochosas.
Pedras: Rubi
Planetas: Júpiter
Comidas: Amalá - Uma rabada, sem a ponta (os três últimos nós). Tempera-se com cebola e camarão seco e ralado e põe-se a cozinhar, quando estiver mole, adiciona-se o quiabo cortado em rodelas finas, e quando estiver no ponto, tira-se e coloca-se na tigela. Depois de frio é que se serve ao Orixá, ou Amalá - feito com carne de peito ou rabada, bem cozida e desfiada com a mão, mostarda (verdura) cozida no bafo da carne, seis bananas prata, uma maçã verde, pirão de farinha de mandioca bem cozido um pouco de dendê e seis folhas de mostardas para enfeitar o a gamela que deverá ser pintada de vermelha e branca. Costumo colocar flores brancas e vermelhas ou amarelas ao redor do Amalá.
Sacrifício: carneiro, galo vermelho, pato, cágado.
Bebidas: Caldo de casca de abacaxi com mel.
Frutas: todas, com preferência pelo abacate e abacaxi.
Doces: bombons recheados com abacaxi ou ameixas.
Flores: amarelas, brancas e vermelhas.
Ervas: Abre-caminho, Alfavaca-roxa, Alecrim-do-campo, Amor-agarradinho, Azougue-de-pobre, Apertarão, Aluam, Bambu-amarelo, Café, Cavalinha, Dormideira, Erva-de-São-João, Erva-de-Santa-Maria, Erva-Moura, Erva-de-Bicho, Folha-da-Fortuna, Fumo-bravo, Gervão Roxo, Levante, Malva Branca, Limoeiro, Mimo-de-Vênus, Mil-homens, Musgo-da-pedreira, Mulungu, Mangerona, Nega-mina, Noz-Moscada, Panaceia, Pata-de-Vaca, Para-raios, Quebra-Pedra, Pau-pereira, Pessegueiro, Romã, Ruibarbo, Saião, Sucupira, Tiririca, Umbaúba, Urucum.
Partes do corpo: plexo solar, coração e as coronárias;
Arquétipos de seus filhos: fisicamente robusto, o queixo forte e voluntarioso, pescoço curto, boca carnuda e sensual. Violentos, orgulhosos, porém sua agressividade não é gratuita: ela se volta contra os maus, pois como Xangô, seus filhos são paladinos da Justiça São extremamente energéticos, autoritários, gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são líderes por natureza, justos, honestos e equilibrados, porém, quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável. Os filhos de Xangô são tidos como grandes conquistadores, são fortemente atraídos pelo sexo oposto e a conquista sexual assume papel importante em sua vida. Tendência à obesidade, sensualidade, amigo dos bons vinhos, da cerveja, eterno apaixonado, um libertino, e um marido infiel, ciumento e vingativo.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Iansã e Oxum e as filhas com os filhos de Oxum, Exú, Iansã.
Oração: Divindade da justiça, Rei da balança, Pai do equilíbrio, defende os homens, nossa Pátria, nossa Humanidade, não nos deixai cair na tentação de cometer injustiças. Transforma nossos atos negativos em salutares, transforma nossos pensamentos em objetividade e nossos sentimentos em amor universal, pois somente desta forma, seremos merecedores de tua proteção. Kawô Cabecilê meu Pai.
Iansã é considerada a Deusa dos ventos e das tempestades, simbolizando os raios, também é conhecida como Oyá, Deusa do Rio Níger, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).. Também é conhecida como a dona dos Eguns, os quais domina. Também é um Orixá dual, por um lado alegre, guerreira, defensora do oprimido e por outro exterioriza seu castigo aqueles que a contrariam. Está Orixá é extremamente feminina e gosta de ajudar em todos os casos de amor que à primeira vista não tem solução.
Características do Orixá
Região da África: Irá (Rio Níger)
Odu Regente: Osá, Owarín
Saudação: Epahei Iansã
Dia: quarta-feira
Cor: Vermelho e branco, coral.
Elementos: Pertence ao elemento Fogo, pois a tempestade é um raio que corta o céu no meio da chuva, ao elemento Água, pois a tempestade se transforma em chuva, ao elemento Ar pelo movimento dos ventos. Emanações: Ygbalè ou Iybalé: é a deusa dos mortos, ligada diretamente ao culto de Egun, por isso senhora dos cemitérios. Tem pleno domínio sobre os mortos, trazendo consigo uma falange de Eguns que ela controla e administra pois todos temem o seu terrível poder. Devido a sua relação com Egun, é proibido vesti-la de vermelho. Sua vestimenta é branca. Furé: usa uma foice na mão esquerda e um eruechim na direita, veste branco e por cima de suas vestes a palha da costa. Dança como se estivesse carregando na cabeça uma enorme cabaça. Em suas vestes vão pequenas cabaças dependuradas, no tornozelo direito uma pulseira de aço, tem ligação direta com o culto a morte e aos Eguns e preside a vida e a morte. Iamesan: É a que foi esposa de Oxóssi, meio animal e meio mulher, só come caça, mãe dos nove filhos (1 – Imalegã - Nasceu no primeiro dia do EBOYKÙ, arrancado do ventre de OYA pelas ÌYÁMI, e foi envolvido em abanos. 2 - Iorugã - Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de OYA e é o preferido. 3 - Akugã - Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal. 4 - Urugã - Alimenta-se das folhas de bananeira e esconde-se nas florestas. 5 - Omurogã - Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos. 6 – Demó - Oyá cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Oxossi. 7 - Reigá - Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas. 8 - Heigá - É violento e vive perseguindo o Ori do ser humano. Propicia desastres e desordens. 9 - Egunegun - preparou-o para combater, se apossa do ser humano, fazendo-o cometer desatinos). Onirá: É um orixá das águas doces cujo culto no Brasil confundiu-se com o de Iansã por ser uma guerreira. Seu culto na África era independente. Tem ligação com o culto a Egun e laços de amizade com Oxum, pois foi Onirá quem ensinou Oxum Opará a guerrear. Afefe Iku Funã: senhora do fogo e dos ventos da morte. Caminha com Ogum e Obaluaiê e tem caminhos, também, com Egun e Iku (morte). Veste branco ou azul-claro. Afakarebò: não é feita em seus eleitos, é a verdadeira dona a quem são entregues todos os ebós. Seus caminhos levam diretamente a Exu e Egun. Seus rituais são todos feitos no murim, cabaças e porrões. Afefe: comanda os ventos. Tem caminhos com Obaluaiê e Egun.Veste vermelho e branco, usa o coral e o chorão de seu adé é alaranjado. Bagan: não tem cabeça, come com Exu, Ogum e Oxóssi. Tem caminhos com Egun. Petu: ligada aos ventos e as árvores. Esposa de Xangô, que vai sempre na frente anunciando sua chegada.
Símbolos: eruechim (rabo de cavalo), espada
Exú Mensageiro: Maria Mulambo das Almas - está sempre disposta a ajudar e quando incorporada e sempre muito educada gosta de conquistar seus adeptos com suas cantigas. Trabalha muito no baixo astral socorrendo espíritos errantes, fica o tempo inteiro por lá, pois com a sua vibração é muito mais fácil os espíritos de luz saberem qual o errante que está precisando de mais ajuda. Suas oferendas são: vela vermelha, cigarrilha, champanhe, maçã, cerejas.
Dança: O Aguerê é também o ritmo para a coreografia de Iansã, que domina os ventos e a tempestade, tem como propriedade feminina o enlaçar dos braços. A partir desses meneios desenvolve-se o "eruechim", uma ondulação flutuante de mãos com os braços erguidos, comumente, chamada de quebra-pratos, e na qual se utiliza um feixe de fios de rabo de cavalo. O "eruechim" é uma evocação aos Eguns (espírito dos mortos), simbolizando a vida física que se quebrou, se foi, ou melhor, passou para outro estágio.
Ponto Cardeal: Leste
Cor: vermelho e branco e coral
Metal: cobre
Seus domínios: Tempestades, ventanias, raios, morte, bambuzais.
Pedras: coralina
Planetas: Júpiter
Comidas: O Amalá de Iansã é o Acarajé. Coloca-se um quilo de feijão fradinho de molho de um dia para o outro, afim de que, com facilidade se possa retirar a película que envolve o grão. Leva-os a máquina para triturar grãos, transformando o feijão em uma massa fina. Moem-se os temperos, cebola, camarões secos, adicionando um pouco de Dendê. Bate-se bem a massa, leva-se ao fogo uma frigideira de azeite de dendê, quase cheia, deixa-se ferver e depois vai se colocando pequenas porções da massa para fritar. Os bolinhos chamam-se acarajés que são abertos e recheados com molho, camarão seco e pimenta. Costumo servir em um prato forrado com galhos de manjericão e na volta flores com tonalidade coral, como gérbera ou gerânio. Suas frutas são: Maçã, Groselha, Romã, Jenipapo, Pitanga, Caju, Pêssego.
Sacrifício: Galinha, Carijó, escura, cabra e galinha-d’angola.
Bebidas: Caldo do cozimento da canjica amarela temperado com canela em pó.
Frutas: maçã, morango, pitanga, romã, manga rosa, uvas, melão, groselha, pêssego, framboesa e cajá.
Doces: merengue e doce de morango.
Flores: amarelas, vermelhas, de preferência gerânio e rosas vermelhas.
Ervas: Abre-caminho, Alfavaca-roxa, Alecrim-do-campo, Amor-agarradinho, Azougue-de-pobre, Aperta-ruão, Alumã, Bambu-amarelo, Café, Cavalinha, Dormideira, Erva-de-São-João, Erva-de-Santa-Maria, Erva-Moura, Erva-de-Bicho, Folha-da-Fortuna, Fumo-bravo, Gervão Roxo, Levante, Malva Branca, Limoeiro, Mimos-de-Vênus, Mil homens, Musgo-da-pedreira, Mulungu, Mangerona, Nega-mina, Noz moscada, Panacéia, Pata-de-Vaca, Para-raio, Quebra-Pedra, Pau-pereira, Pessegueiro, Romã, Ruibarbo, Saião, Sucupira, Tiririca, Umbaúba, Urucum.
Partes do corpo: uma parte do fígado e o sangue.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Iansã são aventureiros, divertidos, espertos, transparentes pois não escondem seus sentimentos e pensamentos e demonstram em suas atitudes. Gostam de desafios, de guerras, de festas e sempre escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por reflexão, saindo em busca do objetivo traçado. Com relação a parte afetiva, quando amam são fiéis, quando terminam a relação partem em busca de outros amores que a completem.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Oxalá, Oxumaré, Xangô, Oxossi e as filhas com os filhos de Oxum, Oxossi, Exú, Xangô, Ibejis.
Oração: Assobiou o vento na terra, assobiou o vento no mar, é sinal que Iansã guerreira, senhora dos ventos dos quadrantes está a me escutar. Olha por nós, não permita que as tempestades da natureza afetem nossos lares e as tempestades da discórdia a união dos homens de todas as Nações. Varre de nossos pensamentos a negatividade, de nossas emoções sentimentos inferiores. Minha Mãe, que os espíritos sem luz não nos alcancem hoje e sempre. Epahei minha Mãe Iansã.
Este Orixá é o dono da argila e da criação, onde molda os seres humanos em barro. Senhor do silêncio, do vácuo frio e calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas. No candomblé o Ar é essencialmente associado ao Orixá Oxalá, embora outros Orixás pertençam a este elemento, que é geralmente envolvido com questões de ética e de bom carácter. Oxalá é o Orixá que traz em si o princípio simbólico de todas as coisas, sendo inabalável na sua autoridade e extremamente generoso na sua sabedoria. Tem uma personalidade equilibrada, tolerante, obstinada e independente e é considerado o deus da criação, pois criou os homens e gerou muitos Orixás. No Xirê Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens, representa totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob sua energia.
Características do Orixá
Região da África: Ilé-Ifè, Igbó e Ifón.
Saudação: Epa Babá
Odu que Rege:Alàfía
Emanações: Pode ser representado como Oxaguiã, quando jovem e Oxalufã depois de velho.
Símbolos: Opaxoró, caramujo.
Dia: sexta-feira ou domingo por ser ligado ao Planeta Sol.
Cor: branco leitoso.
Elementos: atmosfera e céu.
Exú Guardião: Omulú – é uma Emanação de Xapanã moço. Orixá masculino das doenças contagiosas, pragas, e da cura em todas as formas. É representado com o rosto coberto de véus de palha por causa de sua associação, na África, com a varíola que dá feridas no rosto: ao dançar, se contorce como se tivesse dor ou fraqueza. Tem o poder de curar doenças epidêmicas e individuais. Suas características de personalidade são mudanças súbitas de humor, razão pela qual seus rituais seguem normas bastante rígidas, para evitar que se enfureça.
Ponto Cardeal: Leste
Metal: Prata, ouro branco, chumbo e níquel.
Domínios: poder procriador masculino, criação, vida e morte.
Pedras: Cristal, diamante.
Planeta: Sol
Comidas: Ebô, acaçá, obiri (caracol) e inhame. Arroz branco cozido, com ou sem mel. Canjica branca cozida com mel e algodão por cima.
Frutas: Pera, uva preta, passa de uva, passas e de pêssego, nozes, castanhas.
Sacrifício: caramujo, bode, galo branco, pombo branco.
Bebidas: Caldo de arroz cozido com leite de coco.
Flores: Lírios, rosas e palmas brancas, narciso, camélia.
Doces: Merengue (suspiro), cocada, doce de coco.
Ervas: Arnica, Arruda, Alfazema, Algodoeiro, Alecrim de Caboclo, Alecrim do Campo, Angélica, Funcho, Araçá, Barba de Velho, Boldo ou Tapete de Oxalá, Baunilha verdadeira, Bambu, Camélia, Camomila, Capim Limão, Carnaúba, Cinco Folhas, Colônia, Cravo da Índia, Erva de Bicho, Erva-Cidreira, Espirradeira, Estoraque Brasileiro, Eucalipto Cidra, Fava, Folha da Fortuna, Girassol, Golfo de flor branca, Guaco cheiroso, Girassol, Guiné, Hortelã da horta, Jasmim do Cabo, Laranja-da-terra, Lírio do Brejo, Malva Cheirosa, Malva do Campo, Marcela, Maracujá, Murta, Mamona, Manjericão Miúdo, Manjerona, Narciso dos Jardins, Noz de Cola, Noz Moscada, Patchuli, Poejo, Rosa Branca, Sândalo, Saião, Sálvia, Sangue de Cristo, Sândalo, Umbu, Vassoura-branca.
Arquétipos de seus filhos: O tipo físico de Oxalufã é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral e, seu alvo a realizar a condição humana no que tem de mais nobre, são pessoas serenas, adaptadas às controvérsias de suas vidas, sendo fiel no amor e na amizade. Sua defesa está na rabugice a qual usa para não ser ferido pelos semelhantes. Filhos de Oxalá não devem usar roupas pretas, pois afloram seu lado negativo.
Partes do corpo: parte genital masculina, rins, sêmen, os 16 dentes do maxilar inferior (cauris) que pertencem a Oxalá.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Nanã, Oxumarê, Ewá, Iansã, Oxalufã, Obaluaiê e as filhas com os filhos de Oxumarê, Oxaguiã, Ibejis, Exú, Ewá.
Oração: Pai Universal, da sabedoria, do amor, do bem. Perdoa nossas culpas e perdoa os seres do Universo que de alguma forma desgostaram vossa Divindade. Circunda de luz nossa matéria e nosso espírito protegendo dos perigos constantes do dia a dia, nos ensina a perdoar o inimigo, ajudar o necessitado, buscar o amor universal, fortificar nossa fé. Que tua bênção e misericórdia sejam derramadas pela imensidão da terra e a imensidão do mar chegando até a essência interior de cada filho teu. Epa Babá.
Em algumas casas de religião Oxaguiã é simbolizado por um pilão e considerado como energia doce e próspera, em outras eles portam a espada e são considerados guerreiros. Mesmo com diferenças Oxaguiã é considerado um Orixá que responde pela criatividade, objetividade, ideais, inteligência, a vida sempre reativando a energia dos filhos que estão cansados da caminha árdua neste Planeta.
Características do Orixá
Região da África:Ejigbó
Saudação: Exêu epa bàbá
Odu Regente:Ejionilé
Emanações: Oxalá moço.
Símbolos: espada, mão-de-pilão, varas de atorí, ofá.
Dia: sexta-feira Oxaguiã ou domingo Oxalufã por ser ligado ao Planeta sol
Cor: Branco com nuances de azul
Elementos: Ar (atmosfera)
Exú Guardião: o mesmo de Oxalufã
Ponto Cardeal: Leste
Metal: Todos os metais brancos.
Domínios: lutas diárias (pelo sustento, trabalho), paz, alimentação
Pedras: Cristal, quartzo, diamante.
Planetas: Sol
Comidas: inhame pilado, pão, canjica branca, acaçá-de-leite, arroz doce, farofa de mel, etc.
Sacrifício: todas as aves de Oxalufã
Bebidas: a servida para Oxalufã
Frutas: Fruta-Pão, uvas brancas, melão, pera.
Doces: Merengue (suspiro), cocada, doce de coco.
Flores: Lírios, rosas e palmas brancas, narciso, camélia.
Ervas: as mesmas de Oxalufã
Partes do Corpo: as mesmas de Oxalufã.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Oxaguiã são, jovens guerreiros. Habitualmente alto e robusto, mas não é agressivo nem brutal e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador e brincalhão. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos.
Oração: A mesma de Oxalufã.
No Candomblé recebem o nome de Ibejis, divindades gêmeas infantis, é um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual. Divide-se em masculino e feminino, (gêmeos). Os orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de Candomblé são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a subida do Orixá, chamados de axerês. Por serem gêmeos, estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer/brotar/ criar.
Sua regência está ligada à infância e está presente em todos os rituais, pois assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do orixá que a criança carrega.
No Candomblé estes Erês possuem nomes que denotam a afinidade vibratória com o Orixá, ex: Ventania (Iansã). É por meio do Erê que o Orixá expressa sua vontade, que o iniciado aprende os fundamentos do Candomblé.
Características do Orixá
Região da África: Todas
Saudação: Omi Bejada ou Omi Beijada.
Odu Regente: Ejioco
Dia: domingo
Elementos: Ar.
Emanações: qualidade das coisas gêmeas, compostas de dois inseparáveis, e assim do próprio processo de conhecimento humano, composto de pares inseparáveis de oposições.
Símbolos: abanos de madeira, dois bonecos gêmeos, cabacinhas.
Exú Guardião: Exú Mirim
Dança: sons alegres e rápidos e dançam com as mãos levantadas, indicando o céu.
Ponto Cardeal: Leste
Cor: branco, rosa, azul e verde.
Metal: estanho, ouro, latão.
Seus domínios: nascimento e infância
Pedras: Ágata, diamante.
Planeta: Mercúrio
Comidas: Caruru. Escalde folhas de Tabóia, mostarda, acelga, bertalha, espinafre, almeirão. E corte bem miúda, cozinhe junto com os temperos e uma porção de camarão seco ralado, dendê e pimenta malagueta. Mexa delicadamente até dar o ponto.
Sacrifício: um casal de pombos brancos
Bebida: guaraná.
Frutas: todas, de preferência a maçã.
Doces: todos doces que as crianças gostam.
Flores: cor-de-rosa, azuis, brancas.
Ervas: Amoreira, alfazema, arranha-gato, anil, capim-pé-de-galinha, manjericão, ipecacuanha, salsaparrilha. Amor-perfeito, Alecrim, Abóbora, Ameixa, Araçá, Avenca, Açoita-cavalo, Boldo, Batata-Doce, Caruru, Camomila, Cidreira, Cravo-branco, Canela, Capim-pé-de-galinha, Erva-mate, Erva-Doce, Erva Cidreira, Erva-de-Santa-Luzia, Girassol, Goiabeira, Guaco, Guiné, Hortelã, Jasmim-estrela, Jurema-mirim, Laranjeira, Limoeiro, Lírios brancos, Manga, Macieira, Madressilva, Mangerona, Manjericão miúdo, Malmequer, Malvarisco, Melancia, Melão, Narciso, Parreira, Rosas brancas, Rosas amarelas, Salsa, Saião, Salsaparrilha, Samambaia, Unha-de-gato.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Ibeji são pessoas eternamente jovens, espalham a alegria com temperamento infantil agindo como crianças e, na maioria são inconsequentes, versáteis, irrequietos, teimosos, dependentes, com dificuldade de relacionamentos afetivos por sua insatisfação cotidiana.
Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida revela-se no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim - não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma facilidade. São sociáveis, frágeis, mas ao mesmo tempo, superam as tristezas com facilidade, sem deixar marcas.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Iansã, Ibejis, Oxalá, Nanã, Ewá e as filhas com os filhos de Oxossi, Ossãe, Oxaguiã, Iemanjá.
Oração: Salve os Ibejis e suas grandiosas falanges, salve sua estrela que brilha neste firmamento de Deus. Que suas bênçãos salutares sejam enviadas a este Planeta e seus habitantes com augúrios de paz, alegria, sabedoria e saúde. Que cada ser possa liberar sua criança interior, dessa forma, contribuindo para um Universo mais cristalino. Que os enfermos recuperem a saúde física e mental, que os saudáveis se livrem das garras dos vícios nocivos que dilaceram a mente e o espírito, enfim grandes Orixás, que vossas energias benfazejas sejam a companhia de luz de nosso dia a dia. Oni Beijada.
Orixá da fertilidade e da maternidade, simbolizada por uma jovem, bonita, representa o feminino passivo, o amor, a fecundação e a gravidez. Tem uma personalidade maternal, vaidosa e tranquila e é considerada a Divindade de todas as riquezas, protetora das crianças, mãe da doçura e da bondade, considerada a rainha dos rios, lagos, fontes, cachoeiras.
Características do Orixá
Região da África: Ijexá, Ijebu e Osogbo.
Saudação: Orahenheu ou Óóré yéyé ó
Odu Regente: Osé
Dia: sábado
Cor: amarelo, ouro.
Elementos: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas).
Emanações: Abalú – (a mais velha de todas), Pandá (esposa de Oxossi, guerreira, carrega um leque), Docô, (Orixá do perdão), Olocô (vive nas florestas), Ipetú, Abòto, (protetora dos partos), Àyálá (avó), Lokun (mãe de todas).
Símbolos: Leque com espelho (Abebé)
Sacrifício: galinha e cabra amarela.
Exú Guardião: Pomba Gira Rainha
Ponto Cardeal: Oeste
Metal: ouro, latão.
Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade
Pedras: Olho do Tigre.
Planeta: Vênus
Comidas: Omolocum: Feijão Fradinho, Cebola, Camarão Seco Socado, Azeite-de-Dendê, 08 Ovos Cozidos. Maneira de Fazer: Cozinha-se o feijão fradinho só em água. Em seguida, tempera-se num refogado de cebola ralada com camarão seco socado de dendê. Coloca-se em uma tigela e enfeita-se por cima com oito ovos, descascados ou Xinxim de galinha. Feita com carne das aves da obrigação. Deixa-se cozinhar, com um pouco de sal e uma xícara (média) de camarões secos, salsa, coentro, pimenta (do reino) e cebola ralados, com uma boa porção de azeite de dendê. Vai-se pondo água até que a galinha esteja cozida. Depois de cozida deixa-se secar a água para servir de refogado. Deixa-se esfriar e serve-se ao Orixá.
Bebidas: Caldo de canjica amarela com mel.
Frutas: maçã, melão, mamão, pêssego.
Doces: Quindim, ambrosia, doce de pêssego.
Flores: Rosas e palmas amarelas, acácia.
Ervas: Agoniada. Alumã, Aguapé, Agrião-do-Pará, Alfavaca-de-cobra, Arapoca-branca, Gengibre, Lírio Amarelo, Lágrima-de-Nossa-Senhora, Manjericona, Bananeira, Boldo, Camomila, Colônia, Cambará, Chuva-de-ouro, Coentro, Celidônia Melancia, Erva-de-Santa-Maria, Ervilha-de-Angola, Erva-Cidreira, Erva-Doce, Ipê-amarelo, Jasmim, Macaca, Malmequer, Mamão, Vassourinha-de-botão.
Partes do corpo: todo o rosto, o baixo ventre, o baço, às vezes o coração, a terceira visão e a circulação sanguínea (os rios).
Arquétipos de seus filhos: Seus filhos prouram manter uma postura sem deslizes para que não sejam criticados e seus erros mencionados, usam de diplomacia e quando determinam uma meta não descansam enquanto não alcançá-la. O filho de Oxum é conhecido como um ser doce, mas por detrás de sua imagem serena existe uma pessoa forte e decidida. São alegres, sociais, comilões, preguiçosos, vaidosos, possuem um olhar matreiro e um sorriso contagiante, amam com paciência buscando entender quem os acompanha, mas não se desesperam quando perdem um amor, pois acima de todo sentimento está seu amor próprio. Gostam de tudo que é belo e caro, principalmente no que se refere as jóias e adoram receber presentes. No lado espiritual são dotados de uma grande sensibilidade e possuem uma habilidade para ensinar.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Iansã, Oxumaré, Oxaufã Ogum, Oxossi, Iemanjá, as filhas com os filhos de Oxossi, Oxaguiã, Iansã, Xangô, Ibejis.
Oração: Minha divindade dos rios, dos lagos. Olhai por mim, que tua pureza e alegria acompanhem meus passos, meus pensamentos e minhas obras. Que teu ouro seja a luz que nos guiará no caminho do bem. Que tua grandiosa doçura envolva nossa vida material e espiritual, que vossa misericórdia nos acompanhe sempre, escuta nossas preces, e nos abençoa. Orahenheu grande Mãe.
Oxumaré é um Orixá exótico e misterioso sendo ao mesmo tempo de natureza masculina e feminina. Orixá da água que evapora e retorna como chuva, a Divindade do arco-íris, aquele que transporta a água entre o céu e a terra, encarregado de todos os ciclos, de todos os movimentos da Terra. Sem Oxumaré tudo permaneceria inerte, não haveria sequência nos ciclos, seria o fim dos tempos. Oxumaré é guardiã do pote de ouro e responsável pela riqueza do homem. Sua natureza é andrógina, natureza masculina e feminina. Se divide em dois ciclos o masculino (6 meses) e feminino (6 meses), pois da união destes dois polos a vida se perpetua e o universo se mantém.
Características do Orixá
Região da África: Mahi (no antigo Daomé)
Saudação: Arroboboi.
Emanações: Dan - é a cobra que participou da criação, é uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário. Dangbé - É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto. Becém - Dono do terreiro do Bogun veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afectado e menos superficial que Dan. Aido Wedo, também é uma qualidade de Oxumaré conhecida no Bogun.
Azaunodor- É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”. Frekuen - É o lado feminino de Oxumaré, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é geralmente representado pelo Arco-Íris.
Símbolos: serpente e o arco-íris.
Odu Regente: Obeogundá e Iká
Dia: Terça-Feira
Cor:Verde e preto ou amarelo e verde e todas as cores do arco-íris.
Elementos: Céu e Terra
Exú Guardião: Exú Veludo
Ponto Cardeal: Oeste
Planeta: Vênus
Metal:Ouro e prata.
Domínios: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes.
Pedra: Opala
Planetas: Todos
Comidas: Víboras de Oxumaré - Cozinhe 500grs de batata doce e amasse com mel até formar uma massa tipo “purê” e separe em duas porções, uma delas faça uma cobra misturando anilina verde e outra misturado anilina preta (a cauda de uma deve encontrar-se com a cabeça da outra) e coloque em um prato de louça azul. Faça os olhos com opala. Sirva ao lado ovos cozidos com azeite-de-dendê, farinha de milho e camarão seco.
Bebidas: água da chuva
Frutas: Banana, coco, acerola, laranja, pera.
Doces: batata doce.
Flores: girassol
Ervas: Abóbora-d'anta, Alcaparreira, Açucena, Cavalinha, Erva-de-sangue, Erva-de-Santa-Bárbara, Erva Santa, Erva-de-Santa-Luzia, Graviola, Hortelã, Lágrima-de-Nossa-Senhora, Língua-de-vaca, Mastruço, Malva-rosa, Malvarisco, Mil-homens, Malôlo, Pariparoba, Quina roxa, Trevo, Vitória-Régia.
Partes do corpo:espinha dorsal, sistema nervoso e sistema neurovegetativo.
Arquétipos de seus filhos: São radicais e instáveis, para eles não existe regras, oscilam sem preocupar-se com quem os acompanha, pois nãos existe satisfação pessoal, estão sempre a buscar novos horizontes para o futuro que mistura-se com o presente, sem definição de tempo. São pessoas ligadas ao materialismo, aos bens, as propriedades, normalmente são egoístas, vaidosas, agitadas, sempre em movimento, pois a quietude não faz parte de sua vida, incontroláveis e quando traçam uma meta nada as impede de conseguir alcançar seus objetivos. Mas, quando agem positivamnete são amigas sinceras e desveladas ajudando seu semelhante sem preoupar-se consigo.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Oxumaré, Oxalaguiã, Ibejis, Oxum e as filhas com os filhos de Oxossi, Oxaguiã, Exú, Ibejis.
Oração: Divindade do arco-íris que resplandece no além iluminando teus filhos na terra. Abre as portas deste arco-íris para que tua energia chegue até nós, fortalecendo nosso corpo físico para que tenhamos uma vida próspera e saudável e nosso corpo espiritual para que nossa aura seja tão iluminada como as cores de teu arco-íris. Arroboboi.
Iemanjá é considerada a Divindade dos mares e das águas de rios que correm para o mar, é considerada apela maioria a mãe de todos os Orixás, quem sustenta a humanidade, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados. Simboliza a mãe maternal, amiga, educadora, corrigindo os erros de seus filhos e lhe oportunizando um novo recomeço, a mãe que não tem preferência por nenhum, pois trata todos com a mesma atenção e equilíbrio. Simboliza a fartura de seu reino, pois os frutos do mar é o símbolo do dinheiro, dessa forma, oportunizando a pesca e o sustento da humanidade.
Características do Orixá
Região da África: Abeokunta/Ibará
Saudação: Odoiá
Emanações:Awoyó - A mais velha e a mais rica, usa sete saias para guerrear e defender seus filhos. Oguté – guardiã dos arrecifes da costa é encontra tanto no mar como no rio. Yasessu – materna e respeitável. Sabá - uma das formas da mãe. Konla – ligada aos pescadores.
Odu Regente:Yorosun
Dia: Sexta-feira.
Cor: Branco, prata e azul.
Elemento: Água
Exú Guardião: Pomba Gira da Praia
Ponto Cardeal: Oeste
Símbolos: Abebê prateado
Metal: prata
Domínios: águas dos rios que correm para o mar e água do mar.
Pedras: Cristal, água marinha e pérolas.
Planeta: Lua
Comidas: todos os frutos do mar, sua preferência é camarão. Camarão: 1 kg de camarões secos e moídos, levando ao fogo com todos os temperos, principalmente o coentro, 1/2x de azeite de dendê e 1x de água tirada do coco para cozinhar, até que solte da panela. A seguir bata seis ovos com as claras e a gema e coloque por cima da massa em uma frigideira, quando estiver pronto enfeitar com salsa e azeitonas verdes, ou Canjica branca: 100 g de canjica, uma xícara de leite, de coco, açúcar a gosto. Após o cozimento colocar em um prato e enfeitar com docinhos de côco e flores brancas ou Moqueca de Siri: 500grs de carne de siri e todos os temperos que gostar, incluindo dendê e leite de coco. Fazer o cozimento, escorrer e do caldo fazer um pirão colocando por cima a carne de siri.
Sacrifício: Galinha, cabra, pata e pomba brancas.
Bebidas: caldo de canjica branca com mel ou água de coco
Frutas: Melancia, mamão, maçã, manga, coco.
Doces: Manjar branco feito com leite de coco, cocadas brancas.
Flores: brancas ou azuis.
Ervas: Trevo, Unha de vaca. Violeta, Algas Marinha, Alcaparreira, Anis, Araçá-da-praia, Araticum-de-areia, Boldo, Camomila, Coco, Colônia, Erva de Santa Luzia, Fruta-da-Condessa, Graviola, Gerânio, Jasmim, Lágrima de Nossa Senhora, Levante, Maçã-de-cobra, Manjericão, Malôlo, Malva Rosa, Malvarisco, Parreira, Poejo, Pata de Vaca, Saião.
Partes do corpo: cabeça (inconsciente e equilibro mental), cérebro (comanda o corpo).
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Iemanjá são pessoas com uma grande qualidade, um coração de ouro e um grande defeito, são sempre as vítimas de qualquer situação. São pessoas fascinantes a nível cultural e espiritual, carismáticos atraindo seus semelhantes em todos os níveis, emotivos chorando por qualquer coisa banal, pois para eles é algo grandioso, envolventes, voluntariosos, fortes, rigorosos na educação e formação de seus filhos, ciumentos nos relacionamentos e nas amizades, altivos quando são enfrentados e, algumas vezes, arrogante, principalmente quando sabem que estão errados, pois sua verdade para muitos é mentira. São dominadores e quando perdoam guardam mágoas, ou seja, o perdão não é pleno. Gostam de todos os prazeres e requintes vida, são glutões e muitos, hipocondríacos.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Ogum, Obaluaiê, Oxossi, Ogum e as filhas com os filhos de Oxossi, Oxalaguiã, Ogum, Oxumarê, Xangô.
Oração: Minha Mãe, nesta areia da praia, te oferto rosas brancas e te peço, vem me ajudar. Vem clarear minha mente, proteger meu caminho me envolvendo com teu manto com estrelas a brilhar. No balanço das ondas, navega teu barco e leva minhas mágoas, para o fundo do mar. Odoiá minha Mãe.
Orixá da alegria, do belo, dos cantos, e das belezas que a vida nos dá, comanda os astros e está ligada às mudanças e transformações das águas de seu estado sólido para gasoso ou vice-versa. Ela é quem gera as nuvens e chuvas. É responsável pelo ciclo interminável de transformação da água em seus diversos estados. Ela está ligada às mutações dos vegetais e animais, às mudanças e transformações, seja brusca ou lenta, é a própria beleza contida naquilo que tem vida é o som que encanta. É também a divindade do canto, da música, dos sons da natureza, está presente no canto dos pássaros, no correr dos rios, no farfalhar das folhas, no sopro do vento, na queda da chuva, nos sons dos instrumentos musicais, ou seja, Ewá responde em todos os sons da natureza e em tudo que o ser vivo faz, só responde em filhos da Nação de Gêge e os mesmos têm como lição de vida uma missão espiritual ativa e profunda, pois os mesmos possuem o dom da vidência. Orixá dos astros, guerreira valente, é também a Orixá das florestas, não ocupa o sexo masculino.
Características do Orixá
Região da África: Adó
Saudação: Rirô Ewá
Odu Regente: Obeogundá
Dia: sábado
Cor: Vermelho, coral e rosa
Elementos: florestas, céu rosado, astros
Emanações: Não se desdobra
Exú Guardião: Exú dos Rios
Ponto Cardeal: Oeste
Símbolos: Ejô (cobra) e espada, Ofá (lança ou arpão), cabaça com cabo alongado enfeitado com palha da costa, palmeira de leque, espingarda.
Metal: Ouro, cobre, prata
Domínios: beleza, vidência, criatividade
Pedras: rubi e quartzo rosa
Planeta: Saturno
Comidas: Banana inteira feita em azeite de dendê com farofa do mesmo azeite, feijão fradinho
Sacrifício: galinha, pata e cabra avermelhadas e galinha d’angola.
Bebidas: água da chuva
Frutas: manga-espada
Doce: bananada
Ervas: Alfavaquinha, Bredo sem espinhos, Canela de macaco, Cajá, Capeba, cana-do-brejo, Erva de Bicho, Folha da costa, Jarrinha, Malva branca, Parietária, Rama de leite.
Parte do Corpo: Olhos
Arquétipos de seus filhos: São pessoas que agem nos opostos, ou seja, difícil de entender e até mesmo de conviver, são apegadas a riqueza, a fama, ao poder, são pessoas diríamos altamente influenciáveis. Seu físico mostra uma beleza misteriosa e envolvente, gostam de joias, vestidos caros e raros e gostam de galanteios que alimentem o Ego. Pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamente por isso são inteligentes, mas distraídas, não deixam passar as oportunidades para alcançar seus objetivos, pois aqui estão para vencer.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Oxumaré, Nanã, Oixaguiã, Iemanjá e as filhas com os filhos de Oxalaguian, Oxumarê, Xangô, Ibejis, Exu.
Oração: Divindade do intangível, aqui estão teus filhos, com humildade pedindo que sejam derramadas bençãos de luz e sabedoria através da chuva que lava a terra, que limpa a alma. Seja tu Mãe, nossa guerreira protetora, transformando nossos pensamentos, palavras e obras em sementes produtivas para boa colheita. Rirô Ewá.
Nanã é considerada o Orixá mais velho do Panteão Africano, é resonsável pelo mistério da vida, da morte que impele o homem à religiosidade e, neste momento esta Mãe consola, conforta e prepara para o renascimento, ou seja, tudo que morre se transforma e se inicia um novo ciclo e deste novo ciclo renasce o homem para outra vida, no aspecto que lhe for designado. É uma Mãe severa, determinada a concluir suas metas educativas com seus filhos, dessa forma é conhecida como uma energia rigorosa, não permitindo ser desobedecida, está ligada principalmente aos idosos e à maternidade e associada à lama e aos pântanos e, algumas de suas emanações, ao cemitério. Para Nanã não existe tempo, a eternidade lhe oportuniza grandes realizações.
Características do Orixá
Região da África: Dassa-Zumé
Saudação: Saluba
Emanações: Adjaoci - É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, as vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul. Ajapá - É a guardiã que mata, vive no fundo dos pântanos, ligado a lama, a morte, ao renascimento e a terra. Veio de Ajapá. Buruku - Também é chamada de senhora da terra e do dinheiro veio de Abomey e está ligada à água doce dos pântanos, usa um ibirí azul. Obaia - É ligada a água e a lama. Mora nos pântanos, usa contas cristal vestes lilás e veio do país Baribae. Omilaré - É a mais velha, associada aos pântanos profundos e ao fogo. Veste musgo e cristal. Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de búzios. Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha, é a principal. Oporá: Veio de Ketu, está ligada a terra, temida e agressiva.
Símbolos: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri), bradjá.
Odu Regente: Odilobá
Dia: sábado e em algumas Nações terça-feira
Cor: Lilás, roxo e preto.
Elementos: Terra, água dos pântanos, lodo.
Exú Guardião: Exú do Lodo
Ponto Cardeal: Oeste
Metal: Ouro branco, Latão, chumbo, ferro.
Seus domínios: Vida e morte, saúde e maternidade.
Pedra: Ametista
Planeta: Saturno
Comidas: Aberém, mugunzá, mostarda e taioba
Sacrifício: galinha, cabra branca e galinha d’angola.
Bebidas:- Água de Coco; Vinho Rosado Seco.
Ervas: Agapanto, Agoniada, Angelim-amargoso, Assa-peixe, Avenca, Berinjela, Bertalha, Cavalinha, Camomila, Cedrinho, Cipreste, Espinafre, Erva-Cidreira, Erva-Mate, Gervão, Jaqueira, Manacá, Manjericão, Malvarisco, Mostarda, Quaresma, Quitoco.
Partes do corpo: protege a barriga, o útero, a parte genital feminina, protege todas as gestantes.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Nanã são fàcilmente reconhecidos, pois lhe é peculiar lentidão para executar qualquer obra ou pronunciar qualquer opinião. Tudo é analisado, nada é realizado de forma impensada, são amigos, dóceis, educadas, introvertidas e, sempre aparentam mais idade que possuem devido sua maturidade e a espiritualização. Com o passar da idade se tornam teimosos e criam um mundo particular onde não é permitida a entrada de ninguém a não ser o próprio filho.
Afinidades: Os filhos com as filhas Oxaguiã, Oxalá, Obaluaiê e as filhas com filhos de Oxaguiã, Oxossi, Oxumaré.
Oração: Mãe protege teus filhos Mãe protetora de todos nós. Senhora das águas opulentas. Deusa das chuvas benévolas. Deixa cair sobre nós à chuva divina da tua bondade fecunda e infinita. Purifica com tuas forças nossa atmosfera para que possamos ser envolvidos pelos teus olhos maravilhosos. Salubá Nanã.
Orixá do rio revolto. Mística e idosa com bons costumes, porém grosseira, muito pouco feminina e muito pouco se manifesta, responde no elemento Fogo e elemento Água, Obá está também associada às águas doces, porém quando revoltas, como: enchentes, inundações e cheias dos rios, é uma guerreira, que traz consigo Ofange (espada) e Escudo de Cobre, Ofá (arco e flecha), muito valente e tudo que a envolve é mistério. Na África, Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino. Suas cores variam de nação rosa e vermelho ou amarelo e vermelho. É o orixá que domina a paixão, rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, a incapacidade do homem de ter a que ama e deseja. Obá é a raiva, a frustração, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono. É padroeira dos injustiçados, das esposas traídas, dos advogados e, quando uma questão for difícil de ser concluída e for necessário um julgamento em instância superior, chame por Obá que será atendido. Obá castiga todos que derem falso testemunho.
Região da África: Ibàdàn
Saudação: Obá Sirê
Odu Regente: Obeogundá
Emanações: Obá Gideô (velha e demora a escolher suas filhas) Obá Rewá (é a Princesa Guerreira, valente e colérica).
Símbolo: Ofange (espada) e escudo de cobre, ofá (arco e flecha).
Dia: quarta-feira
Cor: amarelo e vermelho
Elemento: Fogo e águas revoltas
Exú Guardião: o mesmo de Iansã
Ponto Cardeal: Oeste
Metal: Cobre
Domínios: amor e o sucesso profissional,
Pedras: Marfim, coral, esmeralda, olho de leopardo.
Planetas: Júpiter
Comidas: Moranga para Obá - 1 moranga, l1/2 kg de camarão limpo , um maço de língua de vaca, 01 cebola, dendê. Cozinhe a moranga inteira, após abra um circulo em cima da moranga, tire a tampa e as sementes. Corte a língua de vaca em tiras (como se corta couve), refogue com cebola, dendê e os camarões, coloque o refogado dentro da moranga e ofereça a Obá, ou, Abará (massa de feijão fradinho enrolado em folhas de bananeira, acarajé e amalá (quiabo picado). Enfeite com flores do campo.
Sacrifício: galinha, acarajé.
Bebidas: Recebe água de coco verde, vinho licoroso tinto, água com hortelã macerada, mel ou açúcar.
Doces: abóbora em calda.
Flores: flores amarelas.
Ervas: Alface, Malvarisco, Cambuí amarelo, Bambu, Catinga-de-mulata, Cordão-de-Frade, Cravo-da-Índia, Canela, Sensitiva, Espirradeira, Eucalipto-limão, Flamboyant, Gengibre, Hortelã-da-horta, Inhame, Jenipapo, Lírio do Brejo, Louro, Manjericão-roxo.
Partes do corpo: plexo solar, coração e as coronárias.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Obá são seres inteligentes e destemidos, bravos, generosos, briguentas para não dizer rabugenta e com forte tendência ao sentimento de inferioridade, as vezes se tornam implicantes e amargas , duras, inflexíveis. Têm dificuldade em serem gentis e estabelecer um canal de comunicação afetiva com os outros, pois acham que as pessoas que se aproximam querem tirar partido de alguma coisa. A sua sinceridade chega a ferir, expressam as suas opiniões, fazem críticas e acabam por magoar as pessoas, pois não se preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é puramente defensiva. São bons companheiros e amigos fiéis, capazes de matarem ou morrerem pelas amizades, ou pelo seu amor, que estão acima da família sanguínea. São ciumentos e possessivos no amor, por isso não têm muita sorte. São muito trabalhadores, às vezes explorados, e tendência ao masoquismo. Não suportam competição, porque detestam perder.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Nanã, Oxum, Iemanjá, Oxalufã e as filhas com os filhos de Oxumarê, Oxaguiã, Ibejis, Exu.
Oração: Minha Mãe Obá nos defende dos perigos ocultos na caminhada terrena, afasta os inimigos visíveis e os invisíveis. Nos mantém em tua guarda Orixá guerreira nas horas do dia e nas horas da noite, sempre alerta no próximo passo, iluminando as decisões para que possamos ter prosperidade e segurança. Obá Xirê.
Este Orixá vive seis meses como mulher na água e seis meses como homem, na terra, na mata, propiciando a caça e a pesca. É uma Divindade respeitada, pois é um astuto caçador e um paciente pescador, além de belo, poderoso e rico. Além desses atributos é também, responsável pela fertilização das terras, através da irrigação, contribuindo, com a agricultura. Este Orixá possui o conhecimento dos elementos da natureza, como florestas, matas, rios, cachoeiras, etc. Consegue adaptar-se, com facilidade, aos mais diversos ambientes, agindo e comportando-se de diferentes formas, dependendo da situação. Este Orixá protege aqueles que não têm meios para sua subsistência, propiciando uma farta pesca e uma profícua colheita.
Características do Orixá
Região da África: Nigéria
Emanações: uma princesa na floresta e um caçador sobre as ondas ou vice-versa.
Saudação: Lóci, Lóci, Logun
Odu Regente: Obará
Dia: quinta-feira
Cor: Azul-turqueza e amarelo-ouro
Elementos: Água (dos rios) e Terra (as florestas).
Exú Guardião: Os mesmos de Oxossi e Oxum
Ponto Cardeal: Oeste
Símbolos: um arco e uma flecha. Com seu aspecto masculino usa capacete de metal dourado, capangas, arco e flecha ou espada.
Metal: Ouro e bronze
Domínios: encontro entre os rios e florestas, as barrancas, beiras de rios, e também o vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes pelas florestas.
Pedras: Topázio e Turquesa
Planetas: Os mesmos de Oxossi e Oxum
Comidas/Sacrifício/Bebidas/Frutas: iguais as de Oxossi e Oxum
Ervas: Espada de Ogum, arruda macho, arruda fêmea, flores amarelas, guiné, alecrim, alfazema e todas as ervas de Oxossi e Oxum.
Partes do Corpo: As mesmas de Oxossi e Oxum.
Arquétipos de seus filhos: Seus filhos são uma mistura das características dos filhos de Oxossi e Oxum mas de forma superficial. As qualidades destes Orixás suavizam-se em Logun edê, mas seus defeitos são acentuados, pois nunca tem definição do que querem realmente, transformando-se em pessoas prepotentes, autoritárias, arrogantes e orgulhosos. São pessoas que em vibração positivas atraem e em vibrações negativas são consideradas desagradáveis.
Afinidades: Os filhos com as filhas de Oxumaré, Nanã, Oxaguian Iemanjá , Ewá, Oiá e as filhas com os filhos de Oxalaguiã, Oxumaré, Ogum, Oxossi, Exú.
Oração: Glorioso Logun edê, traz até nós tua alegria, tua fartura, tua prosperidade. Não permita que a tristeza e o infortúnio se acerquem de nós. Nos mantém sob teu manto e que tua flexa nos indique o caminho certo a percorrer. Lóci, Lóci, Logun edê.
Este Orixá está relacionado à terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol e as doenças, em especial de pele, e da varíola. Domina completamente as doenças que rege, ao mesmo tempo em que as causa, tem poder de cura sobre elas. É um Orixá temido e muito respeitado e considerado por alguns, vingativo, tem ligações com Nanã e Oxumaré.
Xapanã é cercado pelo mistério da morte que somente aos seus iniciados é permitido desvendar na ocasião da Feitura de Santo. Muitos casos considerados impossíveis de cura é Xapanã que espalha sua energia e o doente obtêm o que para os médicos é impossível, por isso muitos o chamam de “médico dos pobres e desvalidos”.
Características do Orixá
Região da África: Mahi
Saudação: Atotô
Emanações: Assim como Oxalá divide-se em “o velho” – Xapanã (também chamado de Saponã/Sapatá) vingativo e ranzinza com forte passagem junto aos mortos sendo ele extremamente importante nos rituais fúnebres, todas as plantas trepadeiras lhe pertencem, é a Divindade da varíola e das doenças de pele, suas cores são preto e branco. O moço Obaluaiê, jovem e forte, guerreiro, suas cores são branco, preto, vermelho.
Símbolos: Xaxará, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como varre doenças, impurezas e males sobrenaturais
Odu Regente: Ejikomeji, Etaogundá, Owarín.
Dia: Segunda ou sábado
Cor: Branco e preto, para alguns o vermelho.
Elementos: Terra
Exú Guardião: Todo o povo da Calunga
Ponto Cardeal: Norte
Símbolos: Xaxará, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" doenças, impurezas e males sobrenaturais
Metal: chumbo
Domínios: Cemitérios, doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
Pedra: Ônix, Turmalina negra.
Planetas: Saturno
Comidas: Posta de carne de porco no tempero, com cebola, salsa, cebolinha, pimenta do reino. Depois de frito no azeite, coloca-se em travessa de barro ou louça coberto com o molho feito de azeite doce, salsa, cebolinha e cebolas cortadas em rodelas finas. Feito isto se serve ao Orixá sobre toalha preta e branca. Deburu – pipoca sem azeite.
Sacrifício: Bode, Porco, Galo branco, pombo branco.
Bebidas: farinha de milho com água coada
Flores: Palma lilás ou flores brancas quaisquer e Agapanto roxo.
Doces: coco
Ervas: Aroeira, Agoniada, Alamanda, Alfavaca-roxa, Alfazema, Assa-Peixe, Arrebenta cavalo, Assa-peixe, Babosa, Beldroega, Camomila, Carnaúba, Canela de Velho, Carobinha do Campo, Cordão de Frade, Coentro, Cebola, Erva-de-Passarinho, Erva-Moura, Estoraque Brasileiro, Figo Benjamim, Guararema, Hera, Hortelã brava, Jamelão, Jenipapo, Jurubeba, Levante, Malôlo, Mangue, Mangue vermelho, Manjericão-roxo, Mamona Branca, Musgo, Panaceia, Piteira imperial, Quitoco, Urtiga-mamão, Velame do campo.
Partes do Corpo: Pele e pulmões.
Arquétipos de seus filhos: Seus filhos são pessoas que conhecem o Amor Universal, popis o outro está sempre à sua frente, trata seus semelhantes com atenção, dedicação, orientando sempre que solicitado no melhor caminho a decidir. Possuem uma energia imensa nas mãos, ou seja, “mão de cura”. No seu dia-a-dia são modestos, observadores, com um senso crítico formativo apurado, são determinadas ao sucesso, mas não dão importância em acumular dinheiro e nem com o que pode ser adquirido por ele. Afetivamente, vivem a fantasia de um grande amor e sofrem muito com as decpções sentimentais, transformando-se em uma chaga interna. Quando conseguem achar sua outra metade vive uma relação com harmonia.
Afinidades: Os filhos com as filhas Nanã, Iansã, Iemanjá, Oxaguian e as filhas com os filhos de Nanã, Oxaguian, Oxossi, Oxumaré, Ogum
Oração: Pai da saúde, médico dos pobres, aquele que cura as pestes e as epidemias, olha por nossos órgãos físicos, revigorando nossa aura espiritual para que possamos enfrentar os infortúnios que se apresentam nos caminhos. Não deixai que os espíritos dos irmãos desencanados que sofrem as dores da inconsciência se acerquem de nós, olhai por toda humanidade.Atotô meu Pai.
Oxossi é a Divindade das florestas, onde vive e caça, é considerado o protetor dos caçadores e da caça, pois permite a caça quando é usada para o alimento e não quando é predatória. Sua energia se reflete na agricultura, colheita, prosperidade e a vitalidade física. Em conjunto com os seres Elementais este Orixá subsidia a alimentação humana e com sua flecha que é considerado um instrumento mágico domina os perigos que circundam sua mata vigem, aonde ele aprendeu a andar com inteligência e cautela, juntamente com Ossãe, com quem aprendeu o segredo das folhas e da cura. Este Orixá protege de modo especial todos os homens que buscam conhecimento científico no que se refere à saúde.
Características do Orixá
Região da África: Ketu ou Queto.
Saudação: Okêarô
Odu Regente: Obará e Odi
Emanações: Inle - Usa chapéu com plumas brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguiã usa em suas contas um azul claro de seu filho. Akuereran - Tem fundamento com Oxumarê e Ossãe, dono da fartura, mora nas profundezas das matas e veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são azul claro. Otyn - Guerreiro e muito parecido com seu irmão Ogum, vive na companhia dele, caçando e lutando. É muito valente e está sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Usa azul claro e o vermelho, conta azul leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Mutalombo - tem fundamento com Exu. Gongobila - é um Oxóssi jovem. Tem fundamento com Oxalá e Oxum. Arolé - propicia a caça abundante. É invocado no Padé. É um dos mais belos tipos de Oxóssi. Um verdadeiro rei de Ketu. Ygbo - É o senhor da floresta, ligado às folhas e a Ossãe, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tapando o seu rosto.
Símbolos: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré.
Dia: terça ou quinta-feira
Cor: verde, amarelo e azul turquesa.
Elementos: Terra (florestas e campos cultiváveis)
Exú Guardião: Exú das Matas
Ponto Cardeal: Norte
Metal: cobre, latão
Domínios: Caça, agricultura, alimentação e fartura
Pedras: Quartzo Verde, Esmeralda e Jaspe Verde.
Planeta: Mercúrio
Comidas: Peixe – Limpar um peixe dourado, abrindo pela barriga e recheá-lo com camarões secos e moído. Colocá-lo em uma travessa, colocar cebola em fatias, salsa, aipo, coentro, dendê, sal, alho machucado. Levar o peixe ao forno e quando estiver pronto servir com farofa de mandioca e mel, ou Milho cozido (ou mandioca cozida) com coco.
Sacrifício: galo e cabrito vermelho.
Bebidas: Água de Coco, hortelã com mel.
Frutas: Todas com preferência por caju, goiaba, jambo.
Flores: Antúrio Vermelho, Verbena e flores do campo.
Doces: coco
Ervas: Acácia-jurema, Alecrim do mato, Alecrim de Caboclo, Alfavaca-do-campo, Alfazema-de-caboclo, Araçá, Araçá-de-coroa, Araçá-da-praia, Araçá-do-campo, Azedinha, Barba-de-milho, Boldo, Cabelo-de-milho, Capim-limão, Cipó-caboclo, Chapéu-de-couro, Cipó-camarão, Coco, Erva-curraleira, Erva-Doce, Fava-de-quebranto, Funcho, Grama, Goiabeira, Groselha, Groselha-branca, Guaco Cheiroso, Guaxima-cor-de rosa, Guiné-caboclo, Gervão-roxo, Iperegum-verde, Jaborandi, Jurema branca, Jureminha, Levante, Malva-do-campo, Malva-Cheirosa, Malva Rosa, Mangueira, Malvarisco, Mil-Folhas, Piperegum-verde-e-amarelo, Pariparoba, Pitangueira, Picão-do-mato, Sete-sangrias, Tamarindo, Unha de Vaca.
Partes do Corpo: antebraço, braço, cabelo do corpo e pulmão.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos deste Orixá possuem várias qualidades entre elas a cautela e a inteligência. Desta forma são pessoas calmas, equilibradas podendo conviver com qualquer situação sem exceder-se e, na maioria das vezes são introspectivas. São pessoas confiáveis incapazes de prejudicar seu semelhante e são muito sensíveis até com simples palavras, magoando-se. São pessoas com grande mobilidade, leveza, desta forma conseguem transpor com facilidade os obstáculos e como diplomatas se fazem notar sendo solicitados para soluções difíceis.
Afinidades: Os filhos com as filhas Oxumaré, Iansã, Oxalufã, Ewá, Oxum, Iemanjá e as filhas com os filhos de Oxaguiã, Oxossi, Oxumarê, Ogum, Iansã.
Oração: Meu pai, divindade da mata virgem, Orixá da fartura, da prosperidade, da bem-aventurança. Revitaliza teus filhos com energias salutares proporcionando os caminhos seguros para a bonança e fertilidade, afastando os perigos que possam circundar nossos pensamentos, palavras e obras. Okearô meu Orixá.
Ossãe é a Divindade das Folhas, sem ela não haveria o axé da cura, pois este Orixá é quem possui os segredos das plantas e nem o axé da liturgia dos rituais. As folhas nascidas das árvores e as plantas constituem uma emanação direta do poder sobrenatural da terra fertilizada pela chuva (água-sêmem) e, com esse poder, a ação da folha é múltipla, para diversos fins. Ossãe é conhecido como o Mago da Cura, pois cada folha tem seu axé oculto, as folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva e seu sangue é um dos axés mais poderosos, que traz em si o poder do que nasce e do que advém. Ossãe está presente em toda a folha e toda a folha é Ossãe, por isto cuide bem seus atos no que refere as folhas e as matas, pois quem as depreda sofre as consequências. Sem Ossãe, sem as folhas, sem seus Erós (segredos) não há Axé, não há ritual. Em alguns lugares Ossãe é considerado Orixá feminino.
Características do Orixá
Região da África: Iraó/Nigéria
Saudação: Eu, eu.
Emanações: Não se subdivide, mas também chamado Baba Ewe, Asiba.
Símbolos: O Eye é um pássaro que o representa, o Igbá Òsányin é seu emblema, confeccionado com ferro, e simboliza uma árvore de sete ramos com um pássaro em sua haste central, o ferro reforça a ligação com o axé do preto mineral, e o pássaro é a relação folha-pena e elemento procriado.
Odu que Rege: Iká
Dia: terça ou quinta-feira
Cor: branca e verde
Elemento: Terra, florestas e plantas selvagens
Exú Guardião: Exú das Matas
Ponto Cardeal: Norte
Metal: cobre, estanho
Seus domínios: clareira das matas, medicina e liturgia através das folhas.
Pedras: Esmeralda, turmalina melancia, quartzo verde.
Planeta: Mercúrio
Comidas: canjiquinha, pamonha, inhame, bolo de feijão, arroz, farofa de fubá e abacate, fumo, mel, cachaça (otin), milho vermelho, espigas regadas com mel.
Sacrifício: pato selvagem.
Bebidas: Suco de guaco com guaraná
Flores: Rosas Cor-de-Rosa, Flores do Campo e Jacinto.
Doces: doce de abóbora
Ervas: Todas
Partes do corpo: o peito dos pés, parte da perna entre o tornozelo e o joelho.
Arquétipos de seus filhos: Os filhos de Ossãe são equilibrados e imparciais em qualquer situação, não deixando seu lado emocional atuar, para eles é importante é agir com a razão, são reservados, práticos, eficientes buscam paz interior e não gostam de lugares conturbados e de pessoas oportunistas, preferindo seu retiro para buscar seu autoconhecimento e aperfeiçoamento. São pessoas detalhistas e possuem uma tendência para a arte, não gostam de dirigir e nem serem dirigidos, altamente espiritualizados, alegres, sorridentes, cumpridores de regras e leis.
Afinidades: Os filhos com as filhas Nanã, Oxumarê, Oxalufã, Ewá, Oxossi, e as filhas com os filhos de Iemanjá,Oxaguiã, Oxumaré, Oxum.
Oração: Divindade das folhas, rogo tuas bençãos pedido que envies a cura através das folhas que nos circundam, energias para nosso corpo físico através da medicação e alimentação e para nosso corpo astral a energia sutil através dos rituais de nossa fé. Eu, Eu Ossãe.
O Orixá Irôko utiliza a árvore gameleira branca para ser sua morada, sendo seu culto relacionado à presença física do vegetal consagrado. .Irôko é dotado de grande generosidade e responsabilidade. Irôko é uma árvore que faz a ponte entre o Ayê (terra) e o Orum (céu), tornando-se a ligação física para os adeptos de tais práticas religiosas. Irôko é um Orixá muito antigo, foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. É a própria representação da dimensão Tempo e comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olorum, a árvore do Senhor do Céu. É um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo. Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Irôko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios. É implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas. Irôko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também, o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desrespeitar Irôko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue, pois representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo, protegendo-o sempre das tempestades. Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa.
Características do Orixá
Região da África: A Iorubalândia é uma região cultural africana que compreende parte da Nigéria, de Togo e do Benim. É habitada pelos iorubás.
Saudação: Irôko iná iso èro! (acalme-se fogo)
Emanações: Não se subdivide.
Símbolos: Usa o ókó (lança) e o ìko (palha-da-costa)
Odu que Rege: Seu número é o 12 (odù Èjìlá Seborà)
Dia: terça e quarta-feira
Cor: Branco, que atrai equilíbrio, harmonia, sabedoria e proporcionam a longevidade.
Elemento: Fogo, Ar, Água, Terra
Exú Guardião: Exú das Matas, Exú dos Rios
Ponto Cardeal: Norte, Sul, Leste, Oeste.
Metal: alumínio, cobre, níquel, zinco
Seus domínios: as quatro estações do ano.
Pedras: quartzos
Planeta: Todos
Comidas: carneiro, milho branco, farofa com dendê e canjica branca com mel.
Ervas: Barba de velho, Gameleira branca, Crista de galo, Noz moscada, Graviola, Bananeira.
Animais sem sacrifícios. Tartaruga e papagaio
Bebidas: Caldo de canjica com mel
Flores: Flores do Campo, Malmequer.
Doces: cocadas brancas
Ervas: Todas
Partes do corpo: Através dos Elementais Atômicos, poderemos ter muito mais saúde, paz e harmonia. Éter – Cérebro; Ar – Do diafragma à raiz do nariz; Fogo – Parte superior do sistema digestório; Água – Coxas e quadris e sistema geniturinário; Terra – Pés aos joelhos.
Características dos filhos
Seus filhos são eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos. Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem. Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar. Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente. Seu defeito é o facto de não conseguirem guardar segredos.
Oração: Divindade das quatro estações, rogo tuas bençãos de saúde e equilíbrio através dos quatro elementos que nos circundam, energias para nosso corpo físico corpo mental, corpo emocional e corpo espiritual, nos rituais de nossa fé: Irôko iná iso èro!
A Dança dos Orxás - Xirê
O Candomblé é um culto ou religião de origem africana que foi trazida para o Brasil pelos escravos. Seus seguidores cultuam as Divindades que representam as forças da Natureza. A palavra Candomblé tem origem Banto, região africana entre a Nação Gêge e Nagô e significa “casa onde batem os pés”. É tida como crença originaria da Nigéria, composta de várias nações que, após lutas tribais, subdividiram-se em: Angola, Congo, Gêge, Nagô (Yorubá), Ijexá e Ketu, etc. Estas nações distinguem-se tanto na qualidade de seus deuses Orixás, quanto na forma dos atabaques, nos dialetos, nas nomenclaturas, nas vestimentas e nos rituais.
O Xirê é uma das danças africana, uma forma de expressão artística muito complexa, inserida num contexto dentro da sociedade africana e afrodescendente mundial. No Brasil coube ao Candomblé, preservar a maior parte das danças sagradas africanas. No culto religioso a dança possui um papel fundamental, pois é ela que religa o homem ao seu lado divino, é a dança que leva a uma compreensão e comunhão com a Natureza e a vida. Os movimentos, as partes do corpo utilizadas, as roupas vestidas, a música, cada elemento têm um sentido próprio, porém juntos podem ter outro significado.
É composta de 10 elementos distribuídos de acordo com a Hierarquia Sacerdotal ,com toques pré-estabelecidos, onde são cantadas rezas (Yorubá ou Português) as quais variam entre as Nações. Ao dançar, cada Orixá desenvolve sua coreografia, onde a crença é um processo praticado em sua materialidade e imaterialidade. O significado do Xirê é trazer o orixá para o convívio da vida cotidiana ou para a festa para que, juntos, homens e divindades possam fazer uma troca harmoniosa de energia e axé. É possível captar em um ritual de Candomblé a sintonia entre os filhos da casa. Esta sintonia é revestida de humildade e carinho com a família espiritual escolhida, pois os laços estabelecidos entre o filho-de-santo e a casa de Candomblé são espontâneos, não estão afetos apenas à filiação religiosa, mas ao campo das obrigações recíprocas, ao terreno profundo das emoções e dos sentimentos. Os traços faciais revestidos de pureza, a coreografia que traz movimento ao corpo ao reverenciar os Orixás, a beleza do vestuário e adornos, a melodia e palavras que adentram aos ouvidos, a energia que aflora em cada membro ao cumprir os deveres que lhe compete para o êxito da missão, autentica a fé.
Corpo - O homem (microcosmo) é uma partícula do universo (macrocosmo) e obedecem às mesmas leis é considerado sagrado ou profano de acordo com a consciência individual. É possível dizer que o homem expressa as energias da natureza e de seus elementos através dos cinco sentidos. O corpo deve manter o equilíbrio, pois é um centro de forças entre o mundo natural e sobrenatural, esta comunicação marca o espaço (atravessado pelas forças da natureza) e o tempo (o instante fugaz). Esta intensidade de atração forma os campos energéticos que proporcionam a interação entre a matéria e espírito.
É hábito, em todas as religiões “ofertar” ao que consideram sagrado. No Candomblé são ofertados os paramentos ao veículo sagrado – o corpo, para que o mesmo se mantenha visualmente belo e espiritualmente coberto, em respeito à divindade que vai ocupar seu veículo, bem como, protegido com os adornos (talismãs) respectivos a cada Orixá.
A indumentária litúrgica é confeccionada coletivamente pelos próprios membros da casa de religião, com tecidos variados e coloridos: algodão, seda, renda, cetim, etc. Cada Orixá tem as cores que correspondem aos seus atributos. Quando ocorre o transe são colocados os adereços, que se revestem de uma aura sagrada.
O adé (coroa, representando sua condição de antepassados divinizados). Os ades dos orixás femininos diferenciam-se pelo filá que é um conjunto de fios de contas ou canutilhos dispostos paralelamente ou entrelaçados que escondem a parte superior do rosto (em geral olhos e nariz), podem ser feitos de metal (folha de flandres, cobre, latão, essas peças metálicas podem apresentar uma riqueza muito grande de detalhes resultados da técnica de puncionar sua superfície). Em geral trabalhados a partir de uma folha fina, ou de algum tipo de papelão ou entretela bordada com panos, búzios e outros materiais (contas, canutilhos, lantejoulas etc. segundo as características de cada divindade). As divindades femininas em geral se apresentam com muitos braceletes e pulseiras compondo sua vestimenta ritual.
Muitos ades masculinos por força da influência estrangeira assumiram a forma das coroas europeias, como no caso da coroa de metal de Xangô, um dos principais reis da tradição ioruba e o capacete simbolizando os guerreiros. Em alguns casos usam máscaras africanas. Usam como adereços braceletes e pulseiras em metal trabalhado em forma de “copo”, lembram as armaduras típicas dos cavaleiros romanos ou medievais.
Através da Oralidade (o som humano) é o principal veículo para transmitir os fundamentos do Candomblé para os iniciados. Através de narrativas que perpetuam as gerações, o tempo passado traz a continuidade no tempo presente e, por certo, permanecerá no futuro. Os sacerdotes ao desenvolver a arte de ensinar usam seus cinco sentidos e expressam suas emoções com a simplicidade de um ser iluminado. A bibliografia faz parte do livro da vida e suas páginas representam a memória de suas vivências. A visão de mundo é passada, por meio do corpo, através de um longo percurso de aprendizagem e de incorporação dos fundamentos religiosos, um instrumento de memória para a comunidade e de sabedoria para o fiel cumprimento ritualístico.
As músicas são toques tirados em atabaques, conhecidos por Rum (grande), Rumpi (médio) e Lê (pequeno), instrumentos que chegaram ao Brasil através dos escravos, tocados com as mãos ou varetas, dependendo do ritual e a macumba, instrumento de percussão (reco-reco). São instrumentos sagrados que passam por rituais anualmente e usados apenas nos rituais. Ao som dos instrumentos são cantadas as rezas (aduras) para as danças.
As homenagens são feitas através de orins (cânticos), aduras (rezas), ofos (encantamentos) e oríkis (louvações). Desta forma, o homem mantém contato com seus orixás. As danças africanas, como em geral as danças populares em muitos lugares do mundo desenvolvem um movimento circular, anti-horário e, nas coreografias, se destaca a forma curvilínea. É uma textura de várias camadas de sentidos, a dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir: o olhar, o ouvir, o sentir, o vibrar, que seriam o lado visível dos movimentos, expressos em outra dimensão, a espiritual. A característica marcante na dança africana é a polirritmia. O movimento e o ritmo não podem ser separados. O ritmo tem um padrão fixo, na polirritmia tem a junção de vários ritmos. Cada parte do corpo movimenta-se seguindo um ritmo e uma forma diferente de movimento. Por isso o corpo pode ser comparado a uma orquestra, que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Na coreografia o Orixá representa suas passagens de aventuras mitológicas sobre a terra.
Os seguidores do Candomblé são chamados de Povo de Santo, ou seja, povo que cultua os Orixás e formam a família de santo e cada um tem seus deveres para com a casa e seu sacerdote. Uma família onde existem irmãos, tios, avós como a família material que todos temos.
O cruzamento cultural entre os povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural brasileira ou, cultura afro-brasileira, uma vez que, eles não temeram em inventar códigos de comportamentos e de recriarem práticas de sociabilidade e culturais, desta forma, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil. Desta forma, a influência africana foi se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culinária, práticas religiosas, danças, entre outros valores culturais que foram incorporados pela população brasileira. Os escravos deixaram uma herança cultural valiosíssima no Brasil.
O Candomblé, Religião Afro-Brasileira foi fundado em 1830 com a primeira Casa: Engenho Velho, Sociedade São Jorge do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca). Foi o primeiro monumento negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984, registrado no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico - Inscrição:093.
O Ritual do Xirê tem início quando os atabaques rufam e adentra ao barracão a Yalorixá ou Babalaô na mão direita seu Adja e balança seu corpo suavemente e com a mão esquerda faz um círculo no ar, liberando a entrada de seus filhos para ocuparem suas posições no ritual. Em um ritmo de dança específica, os movimentos são de dimensão pequena e servem para concentrar as energias e se prepararem para receber o Orixá e, quando a última pessoa entra, o círculo fecha. A forma de círculo simboliza a Grande Mãe, que em si contém os elementos masculinos e femininos. As danças começam em um grande e lento círculo que vai diminuindo durante o ritual com voltas sobre si (em forma de espiral), o qual simboliza a direção para o interno. Enquanto o corpo vira sobre si, a energia do orixá penetra no corpo. Posteriormente, o Sacerdote autoriza as rezas em ordem pré-definidas pela casa de Santo.
Jogo dos Búzios
A origem dos Búzios é médio-oriental, mais precisamente da Turquia e, chegaram à África, na época das invasões daquele povo aos africanos. São conchas de praia conhecido como “cawris”. Na África eram usados como dinheiro e foi moeda corrente. São usados como adornos dos Orixás, confecção de guias (colares) e para o Jogo de Búzios. Sua forma é composta de uma abertura natural e uma parte ovalada e alguns serram a parte ovalada. Entendo que a natureza deve ser preservada, ou seja, usar os búzios intactos e de acordo com a caída, considerar búzio aberto aquele que mostra sua abertura natural.
O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade chamada de Orixá. Os ensinamentos são passados de geração em geração de forma oral e, através dos mitos, são encontradas as explicações para determinados rituais. Dentro de sua hierarquia este culto tem sua organização básica:
1º Olodumaré ou Olorum – Criador do Universo, aquele que detém a grandeza maio, majestade interminável com quem o ser humano pode contar sempre que for preciso. O dono do Céu ou o Senhor que mora no Céu. É comum, para os Yorubás, usarem os dois nomes, significando “O Ser Supremo que mora no Céu”.
2º Orumilá – É a Divindade da profecia, da sabedoria, quando manifestada através de Ifá, o oráculo dos búzios, também chamado de Merindilogum. É possível afirmar que não há “Ifá sem Orumilaia e não há Orumilaia sem Ifá”, também é costume usar os dois nomes. Esta Divindade é sábia, pois tudo vê e tudo conhece, como a vida e a morte, desta forma pode ajudar o filho de fé, em sua caminhada em busca da evolução. Ifá - divindade da sabedoria e do conhecimento do passado, presente e futuro, responsável pela transmissão das orientações dos deuses e de nossos ancestrais, de maneira a permitir à cada um de nós a possibilidade de uma escolha certa e equilíbrio entre os quatro planos de consciência ou expressão, com o uso do Livre Arbítrio. Existem dois tipos de Ifá, o mais conhecido e usado no Brasil é o Jogo de Búzios, o mais simples, pois o Opele-Ifa, mais complexo, pois leva 7 anos para ser concluído o estudo, um jogo exclusivo dos Sacerdotes.
Este jogo após ser instituído no Brasil sofreu modificações, pois o sacerdote (masculino), Babalaô, tinha autoridade para jogar, hoje este direito também é dado para sacerdote (feminina), a Yalorixá.
Para jogar os búzios o Sacerdote deverá iniciar seu filho ou filha na interpretação dos segredos contido no oráculo, ou seja, o contato do iniciado com Orumilaia ou Orunmilá, a Divindade da profecia, da sabedoria, que tudo vê e tudo conhece, como a vida e a morte, desta forma, pode ajudar o filho de fé, em sua caminhada em busca da evolução. Este jogo também é chamado de Merindilogum. É possível afirmar que não há “Ifá sem Orumilaia e não há Orumilaia sem Ifá”.
O iniciado deverá estar com suas energias equilibradas e ter consciência do “que e como” pedir a resposta para o questionamento do consulente, dentro de um princípio da honestidade. Torna-se necessário que seja esclarecido ao consulente, que o tempo das energias das divindades não estão atreladas ao nosso horário do relógio, ao decurso dos meses e anos, desta forma, não existe prazos até porque o homem tem a liberdade de conduzir seu Livre Arbítrio.
Ebós
São rituais de oferendas feitas, com a finalidade de agradar um Orixá, para agradecer ou solicitar ajuda. São os Babalawô ou as Yalorixá que consultam os Odú, para receber orientações e sua composição depende, da solicitação do consulente relacionada aos quatro planos de consciência ou expressão, físico, mental, emocional ou intuitivo:
- Físico: abertura de caminho, dinheiro, vencer demandas, profissão, prosperidade, sucesso, saúde, funcionalidade dos cinco sentidos.
- Mental: Busca de tranquilidade e equilíbrio, onde a mente é calma revela simplesmente um estado de auto-aceitação, conseguindo entender o equilíbrio entre os mundos físico e espiritual
- Emocional: amor, família, cicatrizar feridas do passado para integrar-se à vida adulta e ao superar as partes obscuras da personalidade, chegar a uma compreensão clara da própria vida, relacionamentos afetivos em geral
- Intuitivo: Polimento da intuição, equilíbrio espiritual e harmonia com seus orixás, anjo da guarda, bem como o despertar da consciência.
O material usado para a confecção varia entre o que nos oferta o reino vegetal, mineral, ou, o sacrifício do reino animal. A palavra sacrifício causa um impacto em todos nós, pois lembra o ato de “assassinar”, o que é errôneo, pois o sacrificar tem como prioridade alimentar, a energia do adepto com o Axorô (sangue).
Divisão do Axorô
Vernelho – No reino animal pelo fluxo menstrual, pelo sangue dos animais e pelo sangue humano, portanto todas as pessoas são portadoras do Axé. No reino mineral, os metais bronze e o cobre são portadores de sangue vermelho. O sangue vermelho está mais diretamente relacionado às coisas quentes, ao movimento e ao fogo, razão pela qual os Orixás que exigem uma quantidade maior desses elementos dominam exatamente esses aspectos da natureza, como Exú, Xangô e Iansã
Preto – reino vegetal - o azeite de dendê e o mel extraído das flores são os melhores exemplos. Frutos como o Obí e Orobô (frutos sagrados de origem africana, cercado de muito mistério, conceitos, mitos e tabus), nas cinzas de galhos e folhas das arvores sacrificadas. No reino mineral, encontramos o carvão e o ferro. A esses elementos relacionam-se diretamente os Orixás da terra como Ogum, Oxóssi, Ossãe e muitos outros. Isso não quer dizer evidentemente, que deuses ligados a outros elementos não os utilizem.
Branco – O sêmen, a saliva, o hálito as secreções e o plasma são considerados os portadores de sangue branco do reino animal. O Caracol sacrificado para Oxalá é um bom exemplo de animal de sangue branco. No Reino vegetal está o sumo das plantas leitosas e nas bebidas alcoólicas extraídas das palmeiras e de outros vegetais, também a banha de ori. No reino mineral temos o sal, a pemba (espécie de giz), a prata, a água e o chumbo
Não são em todos os Ebós que ocorre a sangria de animais, pois há os chamados Ebós secos, nos quais não são permitidos sacrifícios e os animais utilizados, são aves que após o ritual são entregues na natureza com vida. Desta forma é necessário, uma conscientização mais humana, com relação ao Candomblé, pois o universo é feito de energias em seus reinos e todos são portadores de axé que combinados reforçam, ampliam e restabelecem a relação entre os homens e os Orixás. Mas cabe a cada Sacerdote escolher o que o Odú determina.
A sociedade tem que se direcionar à questionamentos, não só religioso, pois o homem em seu cotidiano, também faz rituais de sacrifícios:
- Reino animal ocorre os abates em matadouros de diversos tipos de carnes, bem como, a pesca em rios, lagos, mares para alimentar o homem. O sangue que escorre não é sacrifício? Sim, mas não é percebido, e o preconceito sobre oferendas é notado. O Candomblé sacrifica, bois, bodes galinhas, patos e muitos outros animais, que após o ritual servem de alimentos à comunidade
- Reino vegetal existe a seiva, um líquido que circula nas plantas vasculares. Podemos dizer que ela é o equivalente ao sangue dos seres humanos. A função da seiva nas plantas vasculares é realizar o transporte de nutrientes para todas as células do vegetal. No momento que arrancamos um vegetal da terra para nosso alimento (alface, cenoura), que se abate uma árvore, também estamos cometendo um “assassinato” ou um sacrifício, em benefício individual ou coletivo.
Os rituais de Ebós devem seguir regras para a oferta como: serem executados por Sacerdotes, com oferendas corretas, correspondente ao Orixá indicado pelos Odu respeitando dias, horas, orações, invocações e rezas e seus símbolos gráficos. Como existem várias Nações e todas possuem Rituais específicos, não explanarei sobre o material utilizado para os Ebós dos Orixás, os quais deverão ser esclarecidos pelo Sacerdote da Casa.
Símbolo gráfico do Odu
Cada Odu tem sua especificidade, mas cabe aos Sacerdotes ensinarem seus mistérios, como a Fecundação de cada Odu. Desta forma, me limitarei apenas as informações mais simples, para conhecimento, pois para riscar os símbolos, tem que ser respeitados ” mão e dedo indicados”.
ODU OKARAN - Fala na 1ª casa de Ifá. Responde Exu. É representado por um búzio aberto e quinze búzios fechados. Representa a magia boa e má, mostrando a própria personalidade de EXU.
ODU EGIOKO - Fala na segunda casa do Oráculo de Ifá. É representado por dois búzios abertos e quatorze búzios fechados. Neste Odu respondem Obatalá, Ibejis e Ogun, podendo esporadicamente responder Oxumarê. O Orixá Ogun costuma frequentemente seguir os caminhos deste Odu.
ODU ETAOGUNDÁ - Fala na terceira casa do Oráculo de Ifá. É representado por três búzios abertos e treze búzios fechados. É o principal caminho de resposta do Orixá Ogum. Neste Odu responde o Orixá Obaluayê, podendo Xangô responder esporadicamente nesta caída.
ODU IOROSSUM - Fala na quarta casa do Oráculo de Ifá. É representado por quatro búzios abertos e doze búzios fechados. Este Odu traz o principal caminho do Orixá Ode, entretanto Xangô, Iemanjá e Oyá também falam nesta caída.
ODU OXÊ - Fala na quinta casa do Oráculo de Ifá. É representado por cinco búzios abertos e onze búzios fechados. É o principal Odu do Orixá Oxum, embora Omulú e Iemanjá também respondam nele. Traz ainda caminhos de Ifá, Xangô, Ogun e Exu.
ODU OBARÁ - Fala na sexta casa do Oráculo de Ifá. Responde com seis búzios abertos e dez búzios fechados. Respondem neste Odu Xangô e Odé.
ODU ODI - Fala na sétima casa do Oráculo de Ifá. É representado por sete búzios abertos e nove búzios fechados. É Odu de Exú, Omulú e Oxalufã, mas podem falar também Oxumarê, Ossãe, Odé e Iemanjá.
ODU EGIONILÊ - Fala na oitava casa do Oráculo de Ifá. É representado por oito búzios abertos e oito búzios fechados. É o Odu principal de Oxaguiã, mas nele respondem também Xangô e Oxum, podendo raras vezes Odé falar nesta caída.
ODU OSSÁ - Fala na nona casa do Oráculo de Ifá. É representado por nove búzios abertos e sete búzios fechados. É o Odu principal de Iemanjá, também podendo responder nesta caída Oyá, Odé e Xangô.
ODU OFUN - Fala na décima casa do Oráculo de Ifá. É representado por dez búzios abertos e dez búzios fechados. Responde Oxalufã, podendo também responder Oxum, Xangô e as vezes Odé.
ODU OWARIN - Fala na décima primeira casa do Oráculo de Ifá. É representado por onze búzios abertos e cinco búzios fechados. É o Odu principal de Oyá, mas Exu também responde.
ODU EGILAXEBORÁ - Fala na décima segunda casa do Oráculo de Ifá. É representado por doze búzios abertos e quatro búzios fechados. É o Odu principal do Orixá Xangô, que fala nesta caída acompanhado de seus doze ministros, chamados Obás de Xangô. Neste Odu também falam Odé e Logun edê, podendo também raras vezes Iemanjá e Ossãe responder nesta caída.
ODU EGIOLIGBAN ou ODILABAN - Fala na décima terceira casa do Oráculo de Ifá. É representado por treze búzios abertos e três búzios fechados. É o principal caminho de Nanã considerada, a mais velha de todas as Orixás, porém, a sua resposta vem sempre acompanhada por Obaluayê (o Rei da Grande Luz da Terra), o mesmo que Omulú (Filho da Grande Luz). Egungun também responde nesta caída.
ODU IKÁ - Fala na décima quarta casa do Oráculo de Ifá. É representado por quatorze búzios abertos e dois búzios fechados. É o principal caminho do Orixá Oxumarê, sendo que o Orixá Ossãe também pode responder nesta caída.
ODU OBEOGUNDÁ - Fala na décima quinta casa do Oráculo de Ifá. É representado por quinze búzios abertos e um búzio fechado. É o principal caminho dos Orixás Obá e Ewá podendo várias vezes Xangô, Obaluayê e Iemanjá falarem nesta caída.
ODU ALÁFIA - Fala na décima sexta casa do Oráculo de Ifá. É representado por dezesseis búzios abertos e nenhum búzio fechado. Neste Odu respondem todos Oxalás.
Ervas
Nas grandes casas de Candomblé as ervas são plantadas em recantos formando uma área de cultivo sagrado, onde se multiplicam de forma desordenada como uma mata e as mesmas são colhidas pelos sacerdotes ou zeladores devidamente preparados. Antes de retirar qualquer folha pedem licença para esta Divindade para fazer a colheita para que as folhas contenham o Axé necessário, pois a erva deve seguir um ritual para ser colhida, na quinzena da lua positiva (nova ou crescente) o Axé é positivo, na quinzena negativa (cheia e minguante) é claro que ela trará malefícios ao paciente ou ao ritual. É costume que para cada planta cortada seja deixado como oferenda, 1 moeda e um pedaço de fumo em rama com mel enterrado perto de sua raiz para que a mesma volte a ser revitalizada. O filho que colhe as ervas deve seguir os preceitos: 24hs antes não fumar, não beber e não manter relações sexuais, tomar um banho com ervas de limpeza, defumar-se e, dentro da possibilidade deverá ficar no Barracão neste período. Se necessitar colher na mata deverá pedir licença para Oxossi e Ossãe e levar uma oferenda aos mesmos, como acender as velas nas cores respectivas em uma clareira para não danificar o reino de Ossãe. Cada Orixá do Panteão Africano possui suas planta respectiva e, ao ser colhida, ela será imantada com sua energia mística, fazendo com que o ritual obtenha seu efeito necessário. Dessa forma, ao ser colhida, ela sai de seu habitat para um universo espiritual e é com base neste universo que se consolida a fé e a religiosidade.
O uso ritualístico das plantas varia de acordo com a Nação de procedência, dessa forma, não deverá ser criticado o ritual de outra Casa, pois quem a dirige recebeu os ensinamentos direto de seus ancestrais.
Os escravos trouxeram da África o conhecimento litúrgico das plantas, a ligação de cada planta com os Orixás o uso em rituais nos quais ensinavam o mistério do Axé. Ao chegarem ao Brasil se viram desprovidos das plantas já conhecidas e incorporaram ao seu acervo as que encontraram como: musgos, ornamentais, flores, coníferas, arbórea, medicinais, aromáticas.
ERVAS E SUAS FINALIDADES RITUALÍSTICAS
A
Acácia-jurema: Usada em banhos de limpeza, principalmente dos filhos de Oxóssi. É também utilizada em defumações.
Alcaparreira – Galeota: Entra em várias obrigações do ritual, utilizando-se folhas e cascas verdes. Muito prestigiada nos abo de preparação dos filhos para obrigação de cabeça e nos banhos de limpeza.
Açoita-cavalo – Ibitinga: Erva de extraordinários efeitos nas obrigações, nos banhos de descarrego e sacudimentos pessoais ou domiciliares.
Açucena-rajada – Cebola-vencem: Sua aplicação nas obrigações é somente do bulbo. Esta cebola somente é usada nos sacudimentos domiciliares.
Agapanto: É um vegetal pertencente a Oxalá, Nanã e a Obaluaiê. O branco é de Oxalá e o lilás é da deusa das chuvas e do orixá das endemias e das epidemias. É também aplicado como ornamento em Pejis, e banhos dos filhos destes orixás.
Agoniada: Faz parte de todas as obrigações do deus das epidemias. Utilizada no ebori, nas lavagens de contas e na iniciação. Esta erva purifica os filhos-de-santo, deixando-os livres de fluidos negativos.
Agrião-do-Pará – Jambuaçu: É usado nas obrigações de cabeça e nos abô, para purificação de filhos; como axé nos assentamentos da deusa de água doce.
Alamanda: Não é utilizada em obrigações, sendo empregada somente em banhos de descarrego.
Alecrim de Caboclo: Erva de Oxalá, porém mais exigido nas obrigações de Oxóssi.
Alecrim de Tabuleiro: Erva empregada nas obrigações, nos abô e é um maravilhoso afugentador de larvas astrais, razão pela qual se deve usar nos defumadores, quer das casas de culto.
Alecrim do Campo: Seu uso se restringe a banhos de limpeza. É muito usado nas defumações de terreiros de Umbanda.
Alevante: Levante: Usada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza de filhos de santo.
Alcaparreira: Galeata: Muito usada nos terreiros do Rio Grande do Sul. Entra nas mais variadas obrigações do ritual, sendo utilizadas para isso folhas e cascas. Também é muito prestigiada nos abô de preparação dos filhos, para obrigação de cabeça e nos banhos de limpeza.
Alface: É empregada nas obrigações de Egun, e em sacudimentos.
Alfavaca-do-campo: Emprega-se nas obrigações de cabeça, nos banhos de descarrego e nos abô dos filhos do orixá a que pertence.
Alfavaca-de-cobra: É usada em todas as obrigações de cabeça. No abô também é usada, o filho dorme com a cabeça coberta. Antes das doze horas do dia seguinte o emplastro é retirado, e torna-se um banho de purificação.
Alfavaca-roxa: Empregada em todas as obrigações de cabeça e nos abô dos filhos deste orixá. Muito usada em banhos de limpeza ou descarrego.
Alfazema: Empregada em todas as obrigações de cabeça. É aplicada nas defumações de limpeza, usada também na magia amorosa em forma de perfume.
Alfazema-de-caboclo: Conhecida popularmente como jureminha, a Alfazema é usada em todas as obrigações de cabeça, nos banhos de limpeza ou abô e nas defumações pessoais ou de ambientes.
Alteia – Malvarisco: Muito empregada nos banhos de descarrego e na purificação das pedras dos orixás Nanã. Oxum, Oxumarê, Iansã e Iemanjá.
Amendoeira: Seus galhos são usados nos locais em que o homem exerce suas atividades lucrativas.
Amoreira: Planta que armazena fluidos negativos ao entardecer; é usada pelos sacerdotes no culto a Eguns.
Angélica: Tem emprego ritualístico muito reduzido. Sua flor espanta influências malignas e neutraliza a emissão de ondas negativas. É aplicado na magia do amor, propiciando ligações amorosas. A flor também é usada como ornamento e dá-se de presente na vibração do que quer.
Angelim-amargoso: Nos rituais, suas folhas e flores são utilizadas nos abô dos filhos de Nanã, e as cascas são utilizadas em banhos fortes com a finalidade de destruir os fluidos negativos que possam haver, realizando um excelente descarrego nos filhos de Exu.
Araçá – Araçá-de-coroa: Suas folhas são aplicadas em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e banhos de purificação.
Araticum-de-areia – Malolô: Liturgicamente, os bantos a usam nos banhos de descarrego, sem mistura de outra erva.
Araçá-da-praia: Planta arbórea pertencente à Iemanjá e a Oxóssi. É empregada nas obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos dos orixás a que pertence.
Angelicó – Mil-homens: Tem grande aplicação na magia de amor, em banhos de mistura com manacá (folhas e flores), para propiciar ligações amorosas, aproximando o sexo masculino.
Aperta-ruão: Os sacerdotes a utilizam nas obrigações de cabeça; no caso dos filhos do trovão é usada a nega-mina.
Arapoca-branca: Suas folhas são utilizadas nas obrigações de cabeça e nos abô; no Candomblé são usadas em sacudimentos pessoais.
Araçá-do-campo: É utilizada em banhos de limpeza ou descarrego e em defumações de locais de trabalho.
Arnica lanceta: É empregada em qualquer obrigação de cabeça, nos abô de purificação dos filhos do orixá Ogum.
Aroeira: Tem aplicação nas obrigações de cabeça, nos sacudimentos, nos banhos fortes de descarrego e nas purificações de pedras.
Arrebenta cavalo: No uso ritualístico esta erva é empregada em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também usado em magias para atrair simpatia.
Arruda: Planta aromática usada nos rituais porque Exu a indica contra maus fluidos e olho-grande. Suas folhas miúdas são aplicadas nos ebori, banhos de limpeza ou descarrego, o que é fácil de perceber, pois se o ambiente estiver realmente carregado a arruda morre. Ela é também usada como amuleto para proteger do mau-olhado.
Assa-peixe: Usada em banhos de limpeza e nos ebori.
Avenca: Vegetal delicadíssimo e mimoso. Tem emprego nas obrigações de cabeça e nos abô embora ela mereça ser economizada em face de sua delicadeza para ornamento.
Avelós – Figueira-do-diabo: Seu uso se restringe a purificação das pedras do orixá antes de serem levadas ao assentamento; é usada socada.
Azevinho: Muito utilizada na magia branca ou negra, ela é empregada nos pactos com entidades.
B
Babosa: Muito usada em rituais de Umbanda, mais especificamente em defumações pessoais. Para que se faça a defumação, é necessário queimar suas folhas depois de secas. Isso leva um certo tempo, devido a gosma abundante que há na babosa. A defumação é feita após o banho de descarrego.
Bambu: É um poderoso defumador contra Kiumbas. O banho também é excelente contra perseguidores.
Bananeira: Muito empregada na culinária dos Orixás. Suas folhas forram o casco da tartaruga, para arriar obrigações para Exú, Ogum, Xangô, Xapanã.
Barba de Velho: Aplicadas em todas as obrigações de cabeça referentes a qualquer orixá. Usa-se também após as defumações pessoais feitas após o banho.
Bardana: Aplicada nos banhos fortes, para livrar o sacerdote das ondas negativas e Eguns.
Baunilha verdadeira: Aplicada nas obrigações de cabeça e na tiragem de Zumbi.
Beladona: Nas cerimônias litúrgicas só tem emprego nos sacudimentos domiciliares ou de locais onde o homem exerça atividades lucrativas. Trabalhos feitos com os galhos desta planta também provocam grande poder de atração.
Beldroega: Usada na purificação das pedras de Exu.
Brio-de-estudante – Barbas-de-baratas: Desta erva apenas a raiz é utilizada. Ela fornece um bom corante que é usado nas pinturas das yaôs de mistura com pemba raspada.
Brinco-de-princesa: É planta sagrada de Exu. Seu uso se restringe a banhos fortes para proteger os filhos deste orixá.
C
Capeba-pariparoba: Muito usada nas obrigações de cabeça e nos abô para as obrigações dos filhos recolhidos. Folha de muito prestígio nos Candomblés Ketu, pois serve para tirar mão de zumbi.
Cabeça-de-nego: No ritual a rama é empregada nos banhos de limpeza e o bulbo nos banhos fortes de descarrego.
Cabelo-de-milho: Somente o pé do milho pertence à Oxóssi; as espigas de milho em casa propiciam despensa farta. Quando secar troque-a por outra verdinha
Cabeluda-bacuica: Tem aplicações em vários atos ritualísticos, tais como ebori, simples ou completo, e é parte dos abô. Usado igualmente nos banhos de purificação.
Caferana-Alumã: São utilizadas nas aplicações de cabeça e nos abô.
Chamana-nove-horas – Manjericona: Usada em obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum.
Canjerana – Pau-santo: Em rituais é usada a casca, para constituir pó, que funcionará como afugentador de Eguns e para anular ondas negativas.
Cajueiro: Suas folhas são utilizadas pelo axogum para o sacrifício ritual de animais quadrúpedes.
Calistemun Fênico: É uma extraordinária mirtácea que entra em qualquer obrigação de cabeça, ebori, feitura de santo, lavagem de contas, tiragem de Zumbi ou tiragem da mão de cabeça.
Camará-cambará: Utilizada em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação.
Cambuí amarelo: Só é utilizado em banhos de descarrego.
Camélia: Vegetal muito usado na magia amorosa. É captadora de fluidos positivos, a flor.
Camomila Marcela: Sua aplicação é restrita nas obrigações ritualísticas. Usam-se, entretanto, nos banhos de descarrego e nos abô.
Carnaúba: Só tem aplicação em abô feito da folha, que basta para cobrir a cabeça e, depois, cobrir-se a cabeça durante doze horas, fugindo aos raios solares. É fortalecimento da aura e alimento da cabeça. A vela de cera de carnaúba é a melhor iluminação para o orixá.
Cana-fístula – Chuva-de-ouro: Aplicada nos abô e nas obrigações de cabeça, usada também nos banhos de descarrego dos filhos de Oxum.
Cana-de-açúcar: Suas folhas secas e bagaços são usados em defumações para purificar o ambiente antes dos trabalhos ritualísticos, pois essa defumação destrói Eguns.
Cana-de Brejo – Ubacaia: Seu uso se restringe nos abô e também nos banhos de limpeza dos filhos do orixá do ferro e das artes manuais.
Cana-de-macaco: Usada nos abô de filhos, que estão recolhidos para feitura de santo. Esses filhos tomam duas doses diárias. Meio copo sobre o almoço e meio sobre o jantar.
Canena Coirana: Vegetal de excelente aplicação litúrgica, pois entra em todas as obrigações.
Capim-limão: Erva sagrada de uso constante nas defumações periódicas que se fazem nos terreiros. Propicia a aproximação de espíritos protetores.
Cardo-santo: Essa planta afugenta os males, e os vermes Astrais.
Carobinha do Campo: Em alguns terreiros essa planta faz parte do ariaxé.
Catinga-de-mulata – Cordão-de-Frade – Cordão-de-São-Francisco: Seu uso ritualístico se restringe aos banhos de limpeza e descarrego dos filhos de Oyá.
Catingueira: É muito empregada nos banhos de descarrego. Seu sumo serve para fazer a purificação das pedras. Entretanto, não deve fazer parte do axé de Exu onde se depositam pequenos pedaços do axé das aves ou bichos de quatro patas.
Cavalinha – Milho-de-cobra: Aplicada nas obrigações de cabeça, nos abô e como axé em assentamentos.
Capixingui: Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô, nos banhos de purificação e limpeza e, também nos sacudimentos.
Cebola-cencém: Essa cebola é de Exu e nos rituais seu bulbo é usado para os sacudimentos domiciliares. É empregada da seguinte maneira: corta-se a cebola em pedaços miúdos e, sob os cânticos de Exu, espalha-se pelos cantos dos cômodos e embaixo dos móveis; a seguir, entoe o canto de Ogum e despache para Exu. Este trabalho auxilia na descoberta de falsidades.
Cedrinho: Este vegetal possui muitas variedades, todas elas pertencentes à deusa das chuvas. Sua aplicação é total na liturgia dos cultos afro-brasileiros. Empregado nas obrigações de cabeça, nos abô, banhos de corpo inteiro e nos de purificação. Excelente abô de Ori, tonificador da aura.
Coco de Dendê: É conhecido entre os Yorubás como Adin. Sua semente, desprovida da polpa, fornece um óleo branco, sólido, e serve para substituir a manteiga. É a chamada manteiga de karité e usada na culinária de santo.
Cunanã: Seu uso restringe-se aos banhos de descarrego e limpeza. Substituiu em parte, os sacrifícios a Exu.
Cinco Folhas: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego.
Cipreste: Aplicada nas obrigações de cabeça e nos banhos de purificação e descarrego.
Cipó-caboclo: Muito utilizada em banhos de descarrego. O povo lhe dá grande prestígio ao linfatismo, por meio de banhos.
Cipó-camarão: Usada apenas em banhos de limpeza e defumações.
Coco-de-iri: Sua aplicação se restringe aos banhos de descarrego, empregando-se as folhas.
Coentro: Muito aplicada como adubo ou condimento nas comidas do orixá, principalmente na carne e no peixe.
Colônia: Possui aplicação em todas as obrigações de cabeça. Indispensável nos abô e nos banhos de limpeza de filhos-de-santo. Aplicada, também, na tiragem de Zumbi, para o que se usa o sumo.
Cravo da Índia: Utilizada em qualquer obrigação de cabeça, nos abô e nos abô de cabeça. De igual sorte, participa dos banhos de purificação dos filhos dos orixás a que pertence.
Cordão de Frade: É aplicada somente em banhos de limpeza e descarrego dos filhos deste orixá.
Cravo-da Índia – Cravo-de- Doce: Entra em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Participa dos banhos de purificação dos filhos dos orixás a que pertence
Graviola – Corosol: Tem plena aplicação nos abô dos orixás, nos banhos de abô e nos de limpeza e descarrego. É indispensável aos filhos recolhidos para obrigações de cabeça beber uma dose de suco pela manhã.
D
Dragoeiro – Sangue-de-dragão: Abrange aplicações nas obrigações de cabeça, abô geral e banhos de purificação.
E
Erva de Bicho: Usada em banhos de purificação de filhos-de-santo, quaisquer que sejam e que vão submeter-se a obrigações de santo ou feitura de santo. É positiva a limpeza que realiza e possante destruidora de fluidos negativos.
Erva-curraleira: Aplicada em todas as obrigações de cabeça e nos abô dos filhos do orixá da caça.
Erva de Passarinho: É muito aplicada principalmente no abô do orixá, nas obrigações renovadas anualmente e nos abô dos babalaôs. Nas renovações, esta planta é a duodécima folha que completa o ato litúrgico renovatório.
Erva-grossa – Fumo-bravo: Empregada nas obrigações de cabeça, particularmente nos ebori.
Ervilha-de-Angola – Guando: É empregada em quaisquer obrigações.
Erva-Moura: Esta erva faz parte dos banhos de limpeza e purificação.
Eritrina – Mulungu: Tem plena aplicação nas obrigações de cabeça e nos banhos de limpeza dos filhos de Xangô.
Erva de Santa Luzia: Muito usada nas obrigações de cabeça, ebori, lavagem de contas, feitura de santo e tiragem de zumbi. De igual maneira, também se emprega nos abô, banhos de descarrego ou limpeza dos filhos dos orixás.
Erva-de-Santa-Maria: São empregadas em obrigações de cabeça e em banhos de descarrego.
Erva-de-São-João: Utilizada nas obrigações de cabeça e nos banhos de descarrego.
Erva-preá: Empregada nos banhos de limpeza, descarrego, sacudimentos pessoais e domiciliares.
Erva-tostão: Aplicada apenas em banhos de descarrego, usando-se as folhas.
Espirradeira – Flor-de-São-José: Participa de todas as obrigações nos cultos afro-brasileiros. Esta planta é utilizada nas obrigações de cabeça, nos abô e nos abô de Ori. Pertence aos orixás Xangô e Iansã, porém há, ainda, um outro tipo branco que pertence a Oxalá.
Estoraque Brasileiro: Sua resina é colhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim, é usado em defumações pessoais. Essa defumação destina-se a arrancar male.
Eucalipto-limão: de grande aplicação nas obrigações de cabeça e nos banhos de descarrego ou limpeza.
Eucalipto Murta: Empregado em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza.
F
Facheiro-Preto: Aplicada somente nos banhos fortes de limpeza e descarrego.
Fava-pichuri: No ritual da Umbanda e do Candomblé, usa-se a fava reduzida a pó, as defumações que trazem bons fluidos e afugenta Eguns.
Fava de Tonca: A fava é usada nas cerimônias do ritual, o fruto é usado depois de ser reduzido a pó. Este pó é aplicado em defumações ou simplesmente espalhado no ambiente. Anula fluidos negativos, afugenta maus espíritos e destrói larvas astrais. Propicia proteção de amigos espirituais.
Fedegoso Crista-de-galo: Esta erva é utilizada em banhos fortes, de descarrego, pois é eficaz na destruição de Eguns e causadores de enfermidades e doenças. Seus galhos envolvem os Ebô de defesa. Com flores e sementes desta planta é feito um pó, o qual é aplicado sobre as pessoas e em locais; é denominado “o pó que faz bem”.
Fedegoso: Misturada a outras ervas pertencentes a Exu, o fedegoso realiza os sacudimentos domiciliares. É de grande utilidade para limpar o solo onde foram riscados os pontos de Exu e locais de despacho pertencentes ao deus da liberdade.
Figo Benjamim: Erva usada na purificação de pedras ou ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. É empregada também em banhos fortes nas pessoas com obsediadas.
Figo do Inferno: Somente as folhas pertencentes a este vegetal são de Exu. Na liturgia, ela é o ponto de concentração de Exu.
Folha da Fortuna: É empregada em todas as obrigações de cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô de qualquer filho-de-santo.
Fruta-da-Condessa: Tem aplicação nas obrigações de cabeça, nos banhos de descarrego e nos abô.
Funcho: Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e em banhos de limpeza. Usa-se, do mesmo modo, para tirar mão de Zumbi.
G
Gengibre-Zingiber: São aplicados os rizomas, a raiz, que se adiciona ao aluá e a outras bebidas.
Gervão: Além de ser folha sagrada de Nanã, também é Xangô. Sem aplicação nas obrigações rituais.
Gigoga-amarela – Aguapé: Usado nos abô, nos ebori e banhos de limpeza, pois purifica a aura e afugenta ou anula Eguns.
Girassol: Tem aplicação no ritual. Usa-se nas obrigações de cabeça e nos abô e banhos de descarrego. Tem grande prestígio nas defumações, em face de ser anuladora de Eguns e destruidora de larvas astrais. Nas defumações usam-se as folhas e nos banhos colocam-se, também, as pétalas das flores, colhidas antes do sol.
Gitó-carrapeta – bilreiro: É de hábito ritualístico empregá-la em banhos de limpeza e purificação dos filhos do orixá a que se destina.
Golfo de flor branca: Planta aplicada em obrigações de cabeça, ebori e banhos dos filhos de Oxalá.
Guabira: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô de uso geral e nos banhos de purificação e limpeza dos filhos dos orixás
Guaco cheiroso: Aplica-se nas obrigações de cabeça e em banhos de limpeza. Popularmente, esta erva é conhecida como coração-de-Jesus.
Goiaba – Goiabeira: É utilizada em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Oxóssi.
Graviola – Corosol: Tem plena aplicação nos abô dos orixás, nos banhos de abô e nos de limpeza e descarrego. É indispensável aos filhos recolhidos para obrigações de cabeça beberem uma dose do suco pela manhã.
Groselha – Groselha-branca: Suas folhas e frutos são utilizados nos banhos de limpeza e purificação.
Guabiraba anis: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô de uso geral e nos banhos de purificação e limpeza dos filhos dos orixás. Utilizadas do mesmo modo nos abô de Ori.
Guaco Cheiroso: Aplica-se nas obrigações de cabeça e em banhos de limpeza. Popularmente, esta erva é conhecida como coração-de-Jesus.
Guarabu – Pau-roxo: Aplicado em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Ogum. Usa-se somente as folhas que são aromáticas.
Guararema: Em terreiros de Umbanda e Candomblé ela é aplicada em banhos fortes e nos descarrego. Os galhos da erva são usados em sacudimentos domiciliares. Os banhos fortes a que nos referimos são aplicados em encruzilhadas na encruzilhada em que se tomar o banho arria-se um mi-ami-ami, oferecido a Exu. E deve ser feito em uma encruzilhada tranquila. É um banho de efeitos surpreendentes.
Guaxima-cor-de rosa: Usada em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô dos filhos do orixá da caça. É de costume usar galhos de guaxima em sacudimentos pessoais e domiciliares. Muito útil o banho das pontas.
Guiné-caboclo: Utilizado em todas as obrigações de cabeça, nos abô, para quaisquer filhos, nos banhos de descarrego ou limpeza, etc. Indispensável na Umbanda e no Candomblé.
Grumixameira: Aplicado em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos do orixá.
H
Helicônia: Utilizada nos banhos de limpeza e descarrego e nos abô de Ori, na feitura de santo e nos banhos de purificação dos filhos do orixá Ogum.
Hissopo – Alfazema de caboclo: Aplicada nos ebori e nas lavagens de contas, do mesmo modo é empregado nos abô para limpeza dos iniciados.
Hortelã brava: Empregada em obrigações de Ori, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos deste orixá.
Hortelã-da-horta – Hortelã-verde: Muito usada na culinária sagrada. Entra nas obrigações de cabeça alusivas a qualquer orixá. Participa do abô dos filhos-de-santo.
I
Inhame: Seu único emprego ritualístico é o uso das folhas grandes como toalha nas obrigações de Exu.
Ipê-amarelo: Aplicada somente em defumações de ambientes.
J
Jaborandi: De grande aplicação nas várias obrigações.
Jabuticaba: Usada nos banhos de limpeza e descarrego, os banhos devem ser tomados pelo menos quinzenalmente.
Jacatirão: Pleno uso em quaisquer obrigações. O seu pé, e cepa são lugares apropriados para arriar obrigações.
Jambo-amarelo: Usado em quaisquer as obrigações de cabeça e nos abô. São aplicadas as folhas, nos banhos de purificação dos filhos do orixá do ferro.
Jambo-encarnado: Aplicam-se as folhas nos abô, nas obrigações de cabeça e nos banhos de limpeza dos filhos do orixá do ferro. Tem uso no ariaxé (banho lustral).
Jasmim do Cabo: Seu uso restringe-se ao adorno de Pejis em jarra ladeando Oxalá.
Jenipapo: As folhas servem para banhos de descarrego e limpeza.
Juá – Juazeiro: É usada para complementar banhos fortes e raramente está incluída nos banhos de limpeza e descarrego. Seus galhos são usados para cobrir o Ebô de defesa.
Jurema branca: Aplicada em todas as obrigações de Ori, em banhos de limpeza ou descarrego e entra nos abô. É de grande importância nas defumações ambientais.
Jurema Preta: Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, a Jurema Preta é usada nos banhos de descarrego e nos Ebô de defesa.
Jurubeba: Utilizada em banhos preparatórios de filhos recolhidos ao ariaxé ou camarinha.
L
Lágrima de Nossa Senhora: É usada nas obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego ou limpeza.
Lanterna Chinesa: Utilizada em banhos fortes para descarregar os filhos atacados por Eguns. Suas flores enfeitam a casa de Exu.
Laranjeira: As flores são aplicadas nas obrigações de Ori. São também indicadas em banhos
Laranjeira do Mato: Seu uso se restringe a banhos fortes, de limpeza e descarrego.
Limão-bravo: Tem emprego nas obrigações de Ori e nos abô e, ainda nos banhos de limpeza dos filhos do orixá.
Língua-de-vaca – Erva-de-sangue: Planta empregada nas obrigações principais, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos do orixá. É axé para assentamentos do mesmo orixá.
Lírio do Brejo: São usadas folhas e flores nas obrigações de Ori, nos abô e nos banhos de limpeza ou descarrego.
Louro – Loureiro: Planta que simboliza a vitória, por isso pertence a Oyá. Não tem aplicação nas obrigações de cabeça, mas é usada nas defumações caseiras para atrair recursos financeiros. Suas folhas também são utilizadas para ornamentar a orla das travessas em que se coloca o acarajé para arriar em oferenda a Iansã.
Losna: Emprega-se nos abô e nos banhos de descarrego ou limpeza dos filhos do orixá a que pertence.
Luca-Árvore-da-pureza: Seu pendão floral é usado plena e absolutamente, em obrigações de Ori dos filhos de Oxum.
M
Mãe-boa: É erva sagrada de Oxum. Só é usada nas obrigações ritualísticas, que se restringe aos banhos de limpeza.
Macaçá: Aplicação litúrgica total, entra em todas as obrigações de Ori nos abô e purificação dos filhos dos orixás.
Maçã-de-cobra: Usada nas obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego e limpeza.
Malmequer – Calêndula: É usada em todas as obrigações de Ori e nos abô, e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum.
Malmequer-miúdo: Aplicado em quaisquer obrigações de Ori, nos abô e nos banhos de limpeza dos filhos que se encontram recolhidos para feitura do santo.
Malva-do-campo – Malvarisco: Seu uso se restringe aos banhos descarrego e limpeza.
Malva Cheirosa: Usada nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de purificação de filhos-de-santo.
Mamona: Esta erva é muito utilizada como recipiente para se arriar Ebô para Exu.
Mamão Bravo: Planta utilizada nos banhos de limpeza, descarrego e nos banhos fortes. Além de ser muito empregada nos Ebô de defesa, sendo substituída de três em três dias, porque o orixá exige que a erva esteja sempre nova.
Maminha de Porca: Somente seus galhos são usados no ritual e em sacudimentos domiciliares.
Mamona: Suas folhas servem como recipiente para arriar o Ebô de Exu. Suas sementes socadas vão servir para purificar o etá de Exu.
Manacá: Seu uso ritualístico se limita aos banhos de descarrego. Muito empregada na magia amorosa. Nesse sentido, ela é usada em banhos misturada com girassol e mil-homens.
Mangue Cebola: No ritual, a cebola é usada nos sacudimentos domiciliares. Corte a cebola em pedaços miúdos e, entoando em voz alta o canto de Exu, a espalhe pela casa, nos cantos e sob os móveis.
Mangue vermelho: Usa-se apenas as folhas, em banhos de descarrego.
Mangueira: É aplicada nos banhos fortes e nas obrigações de Ori, misturada com aroeira, pinhão-roxo, cajueiro e vassourinha-de-relógio, do pescoço para baixo. Ao terminar, vista uma roupa limpa. As folhas servem para cobrir o terreiro em dias de abaçá.
Manjericão-roxo: Empregado nas obrigações de Ori dos filhos pertencentes ao orixá das endemias. Também é usada como purificador de ambiente.
Manjericão Miúdo: Usada na preparação de abô e nos banhos de purificação dos filhos a entrar em obrigações ou serem recolhidos.
Manjerona: Entra em todas as obrigações de Ori, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô.
Manjerioba: Utilizada nos banhos fortes, nos descarrego, nas limpezas pessoais e domiciliares e nos sacudimentos pessoais, sempre do pescoço para baixo.
Maria Mole: Aplicada nos banhos de limpeza e descarrego, muito procurada para sacudimentos domiciliares.
Maravilha bonina: Utilizada nas obrigações de Ori relativas a Oyá ebori, lavagem de contas e feitura de santo.
Mata Cabras: Muito utilizado para afugentar Eguns e destruir larvas astrais. As pessoas que a usam não devem tocá-la sem cobrir as mãos com pano ou papel, para depois despachá-la na encruzilhada.
Mata Pasto: Seus galhos são muito utilizados nos banhos de limpeza, descarrego, nos sacudimentos pessoais e domiciliares.
Mimo-de-vênus – Amor-agarradinho: Aplica-se folhas, ramos e flores, em banhos de purificação dos filhos de Oyá. Muito usada na magia amorosa, circundando um prato e metade para dentro do prato e metade para fora; regue a erva com mel de abelhas e arrie em uma moita de bambu.
Mulungu: Empregada em obrigações de cabeça, em banhos de descarrego e nos abô.
Musgo marinho: Esta planta vive submersa nas águas do mar. É planta que entra nas obrigações de Ori e nos banhos de limpeza dos filhos de Iemanjá.
Musgo-da-pedreira: Tem aplicação nos banhos de descarrego e nas defumações pessoais, que são feitas após o banho. A defumação se destina a aproximar o paciente do bem.
Mussambê de Cinco Folhas: Obs.: Sejam eles de sete, cinco, ou três folhas, todos possuem o mesmo efeito, tanto nos trabalhos rituais.
N
Narciso dos Jardins: Esta erva é somente usada para o assentamento.
Nega-mina: Inteiramente aplicada nas obrigações de Ori, e nos banhos de descarrego ou limpeza e nos abô.
Noz de Cola: Erva indispensável nos banhos dos filhos de Oxalá. Para o banho, rala-se a semente de Obi, misturando-se com água de chuva.
Noz-moscada: Seu uso ritualístico se limita a utilização do pó que, espalhado ao ambiente, exerce atividade para melhoria das condições financeiras. É também usado como defumador. Este pó, usado nos braços e mãos ao sair à rua, atrai fluidos benéficos.
O
Óleo-pardo: Planta utilizada apenas em banhos de descarrego.
Ora-pro-nóbis: É erva integrante do banho forte. Usada nos banhos de descarrego e limpeza. É destruidora de Eguns e larvas negativas, além de entrar nos assentamentos dos mensageiros Exus.
Obiri-de-Oxum: Entra em todas as obrigações de Ori, nos banhos de limpeza.
P
Palmeira Africana: Suas folhas são aplicadas nos banhos de descarrego ou de limpeza.
Panacéia – Azougue-de-pobre: Entra nas obrigações de Ori e nos banhos de descarrego ou limpeza.
Pata de vaca: empregada nos banhos de descarrego e nos abô, para limpeza dos filhos dos orixás a que pertence
Patchuli: Erva usada em todas as obrigações de Ori, ebori, feitura de santo, lavagem de contas e tiragem de Zumbi. É parte dos abô que se aplicam aos filhos-de-santo.
Pau-de-colher – Leiteira: Usada em banhos de purificação de mistura com outras espécies dos mesmos orixás.
Pau-pereira: Não é aplicada nas obrigações de Ori, mas é usada em banhos de descarrego ou limpeza.
Pau D’alho: Os galhos dessa erva são utilizados nos sacudimentos domiciliares e em banhos fortes, feitos nas encruzilhadas, misturadas com aroeira, pinhão branco ou roxo. Na encruzilhada em que tomar o banho, arrie um mi-ami-ami, oferecido a Exu, de preferência em uma encruzilhada tranquila.
Pessegueiro: É utilizado flores e folhas, em quaisquer obrigações de Ori. Pois esta propicia melhores condições mediúnicas, destruindo fluidos negativos e Eguns.
Pimenta Darda: “Aplicada em banhos fortes e nos assentamentos de Exu.
Pinhão Branco: Aplicada em banhos fortes misturadas com aroeira. Esta planta possui o grande valor de quebrar encantos e em algumas ocasiões substitui o sacrifício de Exu.
Pinhão Coral: Erva integrante nos banhos fortes e usada nos banhos de limpeza e descarrego e nos Ebô de defesa.
Pinhão Roxo: No ritual tem as mesmas aplicações descritas para o pinhão branco. É poderoso nos banhos de limpeza e descarrego, e também nos sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos.
Piperegum-verde – Iperegum-verde: Erva de extraordinários efeitos nas várias obrigações do ritual.
Piperegum-verde-e-amarelo: Tem o mesmo uso ritualístico prescrito para o piperegum de Oxóssi.
Pitangatuba: Usado em quaisquer obrigações de Ori, ebori, lavagem de contas e dar de comer à cabeça.
Piripiri: A única aplicação litúrgica é nos banhos de descarrego.
Piteira imperial: Seu uso se limita às defumações pessoais, que são feitas após o banho.
Pixirica – Tapixirica: No ritual faz parte do axé de Exu e Egun. Dela se faz um excelente pó de mudança que propicia a solução de problemas. O pó feito de suas folhas é usado na magia maléfica.
Poejo: Entra em todas as obrigações de Ori de filhos-de-santo, quaisquer que sejam os orixás dos referidos filhos.
Poincétia: Emprega-se em qualquer obrigação de Ori, nos abô de uso externo, da mesma sorte nos banhos de limpeza e purificação dos filhos do orixá.
Porangaba: Entra em quaisquer obrigações e, igualmente, nos abô.
Q
Quaresma – Quaresmeira: Esta arvoreta tem aplicação em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza e purificação dos filhos da deusa das chuvas. Durante o ritual toda a planta é aproveitada, exceto a raiz.
Quixambeira: É aplicada em banhos de descarrego e limpeza para a destruição de Eguns e ao pé desta planta são arriadas obrigações a Exu e a Egun.
Quitoco: Usada em banhos de descarrego ou limpeza.
R
Romã: Usada em banhos de limpeza dos filhos do orixá dos ventos
Rosa Branca: Participa de todas as obrigações de cabeça. Usa-se, inicialmente, na lavagem do Ori, ato preparatório para feitura
S
Saião: Entra em todas as obrigações de cabeça, quaisquer que sejam os filhos e os orixás. Utilizada também no sacrifício ritual.
Sálvia: Suas folhas e flores são utilizadas nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de limpeza dos filhos dos orixás a que pertence.
Sangue de Cristo: Emprega-se em ebori, lavagem de contas e feitura de santo, e usa-se nos abô dos filhos de Oxalá.
Sangue-de-dragão: Tem aplicações de cabeça, nos banhos de descarrego e nos abô.
São-gonçalinho: É uma erva santa, pelas múltiplas aplicações ritualísticas a que está sujeita.
Sensitiva – Dormideira: Somente é utilizada em banhos de descarrego.
T
Tajujá – Tayuya: É usada em banhos fortes, de limpeza ou descarrego. A rama do tajujá é utilizada para circundar o Ebô de defesa.
Tamiaranga: É destinada aos banhos fortes, banhos de descarrego e limpeza. É usada nos Ebô de defesa.
Tanchagem: Participa de todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação de filhos recolhidos ao ariaxé. É axé para os assentamentos do orixá do ferro e das guerras. Muito aplicada no abô de Ori.
Taquaruçu – Bambu-amarelo – Bambu-dourado: Os galhos finos, com folhas, servem para realizar sacudimentos pessoais ou domiciliares. É empregado ainda para enfeitar o local onde se tem Egun assentado.
Tiririca: Sem aplicação ritualística, a não ser as batatas aromáticas, essas batatinhas que o povo apelidou de dandá-da-costa, levadas ao calor do fogo e depois reduzidas a pó que, misturado com outros, ou mesmo sozinho, funciona como pó de dança. Para desocupação de casas.
Tintureira: Utilizada nos banhos fortes, de limpeza ou descarrego. Bem próximo ao seu tronco são arriadas as obrigações destinadas a Exu.
Trapoeraba azul – Marianinha: Esta planta é aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza e purificação. Também é axé integrante dos assentamentos do orixá a que pertence.
U
Urtiga Branca: É empregada nos banhos fortes, nos de descarrego e limpeza e nos Ebô de defesa. Faz parte nos assentamentos.
Umbaúba: Somente é usada nos ebori a espécie prateada. As outras espécies são usadas nos sacudimentos domiciliares ou de trabalho.
Umbu: Possui aplicação em todos os atos da liturgia afro-brasileira, ebori, abô, feitura de santo e lavagens de cabeça e de contas. Bastante usada com resultados positivos nos abô de Ori e nos banhos de purificação.
Unha de vaca: Aplicada em banhos de descarrego dos filhos da deusa.
Urtiga-mamão: Aplicada em banhos fortes, somente em casos de invasão de Eguns. O banho emprega-se do pescoço para baixo. Esse banho destrói larvas astrais e afasta influências perniciosas.
Urtiga Vermelha: Participa em quase todas as preparações do ritual, pois entra nos banhos fortes, de descarrego e limpeza. É axé dos assentamentos de Exu e utilizada nos Ebô de defesa. Esta planta socada e reduzida a pó, produz um pó benfazejo
Urucu: Desta planta somente são utilizadas as sementes, que socadas e misturadas com um pouquinho de água e pó de pemba branca, resulta numa pasta que se utiliza para pintar a Yaôs.
V
Vassourinha de Botão: Muito empregada nos sacudimentos pessoais e domiciliares.
Vassourinha de Relógio: Ela somente participa nos sacudimentos domiciliares.
Vassourinha-de-igreja: Entra nos sacudimentos de domicílio, de local onde o homem exerce atividades profissionais.
Velame do campo: Vegetal utilizado em todas as obrigações principais: ebori, simples ou completo. Indispensável na feitura de santo e nos abô dos filhos do orixá.
Velame verdadeiro: Possui plena aplicação em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Usada também nos sacudimentos.
X
Xiquexique: Participa nos banhos fortes, de limpeza ou descarrego. São axé nos assentamentos de Exu e circundam os ebós de defesa.
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